quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

VALOR ECONÔMICO
Carteiras globais: Aplicações voltadas para emergentes têm resgates com investidores realizando lucros e procurando ganhos nos mercados desenvolvidos.
Fundos de ações dedicados ao país perdem na semana
Luciana Monteiro | De São Paulo
31/01/2011

Depois da euforia dos estrangeiros com os mercados emergentes no ano passado, o que se vê é que agora eles começam a privilegiar os países mais ricos. Segundo dados da consultoria EPFR Global, especializada em fundos de investimento internacionais, o fluxo de recursos neste fim de mês está se dirigindo mais para os mercados de ações de países desenvolvidos.

Os fundos de ações dedicados a mercados emergentes tiveram seu primeiro período de resgates em cinco semanas. Os saques na semana que terminou em 26 de janeiro foram os maiores desde o terceiro trimestre de 2008.

Pressões inflacionárias, ações já caras, avanços nos controles de capital, renovada atenção ao risco político e fraqueza do dólar dos EUA pesaram sobre os mercados emergentes nas últimas semanas, ressalta o relatório da EPFR Global. A alta de preços é também uma grande preocupação para os investidores na América Latina, com Venezuela e Argentina com taxa de inflação estimadas em mais de 20% (extraoficialmente, no caso da Argentina), diz o texto da consultoria. E, no caso do Brasil, a inflação crescente também causa inquietação.

Os fundos de ações voltados as mercados emergentes globais (GEM, na sigla em inglês) tiveram sua pior semana em quase três anos. Os números mostram que US$ 2,309 bilhões saíram dessas carteiras na semana do dia 26, dos quais US$ 184,17 milhões foram só dos Bric (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China).

Os dados mostram que os fundos de ações dedicados ao mercado brasileiro sofreram resgates de US$ 77,30 milhões na semana encerrada em 26 de janeiro. A boa notícia é que o resultado continua positivo no acumulado do ano, com captação líquida de US$ 1,119 bilhão, segundo dados da EPFR Global.

Mesmo a China, que recebeu uma enxurrada de recursos no ano passado, aparece com a mesma tendência de resgates neste fim de mês. Os fundos de ações voltados ao mercado chinês registraram resgates de US$ 226,21 milhões na semana do dia 26. As perdas fizeram o país ficar no vermelho no ano, com saques de US$ 230,93 milhões até o dia 26.

As carteiras voltadas à Índia apresentaram saques de US$ 139,93 milhões na semana e, no ano, acumulam resgates de US$ 87,69 milhões. A exceção é a Rússia, cujos fundos de ações receberam US$ 226,21 milhões na semana encerrada dia 26 e, no ano, captam US$ 1,186 bilhão.

A saída de recursos do Brasil puxou para baixo os dados referentes aos fundos de América Latina, que registraram saques pela quinta vez nas últimas sete semanas. A região apresentou perdas de US$ 105,96 milhões na semana que terminou no dia 26. No ano, entretanto, o saldo também continua positivo, com ingresso líquido na região de US$ 797,88 milhões.

Os resgates de fundos de ações dedicados ao Brasil foram, inclusive, maiores do que os apresentados pelas carteiras dedicadas ao México, que perderam US$ 25,82 milhões na semana do dia 26. Lá, no entanto, os número já aparecem negativos no acumulado do ano, de US$ 213,15 milhões.

As expectativas de que os Estados Unidos e a União Europeia crescerão mais rápido do que o inicialmente esperado durante o primeiro semestre deste ano ajudaram na recente mudança de humor dos investidores. Na semana encerrada em 26 de janeiro, os fundos de ações de mercados desenvolvidos tiveram ingresso de recursos pela sétima vez em oito semanas. Os fluxos para as carteiras de Japão e Europa chegaram às máximas em 43 e 34 semanas, respectivamente. Os fundos voltados para os Estados Unidos captaram US$ 2,6 bilhões e os de Japão, US$ 618 milhões.

Pela segunda semana consecutiva, todos os cinco principais grupos de fundos de ações voltados aos países desenvolvidos acompanhados pela EPFR atraíram recursos, ajudados em parte pelo retorno dos investidores de varejo. Os fundos de ações voltados para a Europa absorveram US $ 1 bilhão pela primeira vez desde junho com os dados macroeconômicos melhores que o esperado. Isso tem encorajado os aplicadores a reavaliar as perspectivas para a região.

Na renda fixa, os investidores mantiveram a sua aversão à dívida de municípios dos Estados Unidos e à zona do euro durante a quarta semana de fevereiro.

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