quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O problema é bem maior do que se pensa: falta competitividade ao Brasil, que é mau aluno por se negar sistematicamente a fazer seus deveres de casa. Enquanto isso, os demais alunos fazem seus deveres, e o Brasil vai sendo ultrapassado. O país tem más notas, maus desempenhos, em nada menos que: - burocracia - corrupção - infraestrutura - educação - taxa de juros - taxa de câmbio - taxa de investimentos - taxa de poupança - taxa de desemprego (¨6% não tem nada de pleno emprego, por que corresponde a mais de 6.000.000 de desempregados) - carga de impostos - gestão pública - reforma tributária - reforma trabalhista - reforma política - estratégia superada - posicionamento geopolítico superado. Até mesmo mercados que dominávamos, como o de açúcar, o de papel e celulose, o de sapatos, o de álcool, etc, já estamos perdendo, pra China, Índia, Vietnam, Indonésia (que cresce 15% a.a.), Coréia, Estados Unidos, Chile, Argentina, Uruguai etc, enfim, pro mundo todo. Enquanto se olha pra Europa em crise, não se percebe nossa falta absoluta de competitividade. Não é mais apenas na indústria que o Brasil está perdendo mercado. Carne de boi, açúcar, papel e celulose, álcool, milho, são, apenas alguns, mercados de comodities que o Brasil está perdendo. Nessa batida, logo estaremos pendurados no minério de ferro, no petróleo (talvez) e na soja, apenas. Empresas estrangeiras estão abandonando a exploração do pré-sal, automobilísticas desistem de implantar novas fábricas. O recente imposto sobre importação de automóveis é apenas a mais evidente confissão da falta de competitividade que assola o país. Um país próximo, o Chile, grandemente dependente de apenas uma comoditie, cresce o dobro do Brasil, e tem inflação metade da nossa, além de projetar o mesmo pra 2012. O Ministério do Planejamento reconhece que as obras necessárias à Copa não estarão totalmente prontas. Essas são apenas algumas das notícias ruins sobre nossa economia real. Burocracia kafkiana, corrupção endêmica, infraestrutura caótica, e a falta eterna das reformas essenciais (administrativa, política, tributária, trabalhista etc), maior taxa de juros do planeta, uma das maiores cargas de impostos - com pequeníssimo retorno -, estratégia e mentalidades anacronicas, todas causas originadas unicamente no ambiente interno, estão e continuarão cobrando alto preço. Não é mais o caso de trancar a porta, que já está arrombada, agora só dá pra colocar a tranca de ferro, enquanto ainda não necessitamos importá-lo.Essa é a herança que nos foi deixada, e da qual parece difícil sair. Não adianta tentar colocar a culpa no ambiente externo (que, no momento, pode ser a salvação). Enquanto o mau aluno se negar a fazer seus deveres de casa, continuará a ser ultrapassado. Não adianta o boi sangrando no meio do rio tentar guerrear contra o cardume de piranhas que o ataca impiedosamente: em pouco tempo só restará a carcaça, no fundo do rio. As piranhas estão na delas, não invadiram o habitat de ninguém, e estão apenas fazendo o que a natureza as ensina e obriga a fazer. O boi é que se meteu no lugar errado, em situação ruim; ele é que tem que se corrigir. No momento, o ambiente externo já começa a exportar deflação pro Brasil, é hora de aproveitar e reduzir os juros, pra permitir que a economia (não é só a indústria, repito, é a economia inteira) respire. Isso vai colocar a taxa de câmbio mais próxima do nível em que deveria estar, aumentando exportaçoes, reduzindo importações (isso não aumentará a inflação, se adequadamente dosado, por que o mundo deve reduzir os preços de todos os produtos que exporta, tentando sair do sufoco). Mas se não aproveitarmos o tempo que a deflação externa nos concederá pra fazermos todos os deveres de casa, será pouco útil, por que os demais alunos, aplicados, logo nos passarão de novo. É necessário mudar o posicionamento geopolítico, o modo superado de ver o mundo, de lidar com o mundo e, desse modo, abandonar a estratégia superada atualmente obedecida. Ou seja, mudar a cultura. Mas não é possível mudar primeiro a cultura pra depois fazer os deveres de casa, o boi já sangra, já está no meio do rio, as piranhas já o atacam. Então, o Brasil necessita mudar tudo, e ao mesmo tempo, e agora! Se já não fôr tarde.

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