domingo, 20 de fevereiro de 2011

“CARRO ELÉTRICO, VOCÊ AINDA VAI TER UM?”

No site da revista EXAME há algumas páginas mostrando nada menos que 28 modelos de carros elétricos e híbridos já rodando nos países desenvolvidos. Pra quem quer conferir, http://exame.abril.com.br/economia/meio-ambiente-e-energia/galerias/carros-eletricos/toyota-prepara-compacto-eletrico-para-genebra
Há os Ford Focus (elétrico) e Fusion (híbrido), o Toyota Prius, o Nissan Leaf, o Mitsubishi Imiev, há Porsche, Mercedes, Audi, BMW, Volkswagen, Peugeot, Renault, o Chevrolet Volt, outros GM, Tesla, Honda etc. Há americanos, franceses, japoneses, alemães, russos, chineses, noruegueses, enfim... Porém não há todos: existem ainda muitas outras marcas e modelos já rodando, na maioria pequenas e desconhecidas. Mais ou menos como foi quando do surgimento do carro a gasolina.
Mas já são algumas dezenas, portanto. Pro Brasil, já há o Fusion, importado, a R$ 135.000,00, pela Ford, o Nissan Leaf, que começou a ser importado em 2011 e o projeto da Fiat de um buggy elétrico.
Me lembro de uma época em que a propaganda do Proálcool dizia: “Carro a álcool, você ainda vai ter um”. E me pergunto: “Carro elétrico, você ainda vai ter um?”.
Como sabemos, nosso sistema elétrico (aquele mesmo, o opaco fornecedor de apagões), o melhor e mais moderno do mundo segundo o Ministro das Minas e Energia, evidentemente não tem a menor condição de suportar demanda adicional, ainda mais de milhões de carros elétricos, plugando-se a tomadas espalhadas por todo o território do país. Segundo todas as análises existentes, um crescimento da economia no ritmo que vinha acontecendo era garantia do aumento da frequencia e da duração dos apagões, como suportaria então o apagadão sistema o carro elétrico no Brasil?
Há poucos dias o noticiário nos dizia que o grupo Bertin (de frigoríficos) desistiu de capitanear a construção da famigerada Usina de Belo Monte, que havia sido projetada pra se tornar, quando pronta e no auge de sua produção, na segunda maior hidrelétrica brasileira, em potência elétrica gerada. Belo Monte está, portanto, à procura de um construtor. E era a melhor esperança de crescimento do sistema, a usina que pelo menos nos libertaria por algum tempo dos apagões.
Lembro-me também que, quando da “descoberta” do pré-sal, pela Petrobras, em fins de 2007, logo após ter sua Diretoria de Abastecimento agraciada com o Prêmio Nacional da Qualidade, eu comentar, na UBQ-RJ, sobre o azar que o Brasil tivera, de descobrir tanto petróleo exatamente quando o planeta busca tão desesperadamente do chamado “Ouro Negro” se distanciar. E citava como exemplo desse esforço justamente o carro elétrico, a respeito do qual surgira a primeira reportagem na chamada grande imprensa. Lembro-me também de algumas pessoas desdenharem, dizendo que o carro elétrico não ia pegar, que seria muito caro (ainda é), e que eu estava apenas fazendo sensacionalismo.
Pouco mais de 3 anos depois, várias dezenas de modelos de carros elétricos e híbridos já circulam nos países mais desenvolvidos. Isto me leva a pensar também sobre outro assunto: a dramaticidade e a velocidade das mudanças que, cada vez mais, caracterizam o mundo atual (vejam o que ora ocorre no Oriente Médio). Mudanças políticas, tecnológicas, sociais, etc, acontecem ao mesmo tempo, umas impulsionando as outras, todas cada vez mais drásticas, rápidas e às vezes até imprevistas. Quando eu digo que as mudanças não acabaram nem acabarão, ao contrário, se acelerarão, alguns ainda duvidam.
Como se vê, em apenas 3 anos entrou-se e saiu-se da “maior crise já acontecida no capitalismo”, elegeu-se um negro Presidente dos EUA, uma mulher presidente do Brasil (incrível!), já há dezenas de modelos de carros elétricos etc etc. Mudanças sem fim. E, ao contrário do que os pessimistas e conservadores gostam de vaticinar, sempre pra melhor.
Mas, sonho de uma noite de verão brasileira, eis-nos imaginando se e quando poderemos contribuir à despoluição planetária pela aquisição de um carro elétrico, ou mesmo híbrido. “Carro elétrico, você ainda vai ter um?”

Por José Carlos Fontes

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