segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O cenário da economia nacional, ao contrário do que a grande imprensa enfatiza, parece preocupante, senão vejamos:

a - a inflação, mais do que preocupar, sobe. Medidas duras já adotadas pelo BC parecem insuficientes, e o mercado espera que ainda maior contundência venha por aí (a inflação na cidade de São Paulo em 2010, por exemplo, foi de 7,6%);

b - medidas antiinflacionárias duras já afetam negativamente a comercialização: por exemplo, a venda de carros novos caiu nada menos que 36% em janeiro de 2011 comparando-se ao mesmo mês do ano passado; no comércio em geral a queda, senão tamanha, é também generalizada.

Contudo, tais medidas são insuficientes
e tanto o mercado quanto o BC esperam pouco progresso antiinflacionário neste ano (????);

c - o saldo comercial da VALE com o exterior em 2010 foi de U$ 23 bi, enquanto todo o saldo da balança comercial brasileira foi de apenas U$ 20 bi. Isso quer dizer que tirando-se a VALE das estatísticas, todo o restante da indústria brasileira e agricultura juntos conseguiram nada menos que um déficit de U$ 3 bi. Se consideramos que a agricultura brasileira sempre obtém grande saldo, inda mais em época de alta de preços dos alimentos, vemos que o déficit comercial da indústria foi gigantesco, o que está
assustando os industriais brasileiros. Isso quer dizer falta absoluta de competitividade da indústria;

d - só a Petrobras importou U$ 20 bi a mais que exportou, ano passado, dado o grande e abrupto
crescimento da frota nacional de automóveis (já a quarta maior do mundo) e a expansão zero da capacidade de refino no país;

e - o governo continua com sua opção preferencial pelos pobres, o que aponta pra um futuro ainda pior para a produção de bens de maior valor agregado. A fabricação de bens mais simples e de grande consumo popular, como móveis, material de construção, roupas, calçados etc é que é a privilegiada, enquanto bens
mais sofisticados não se tem em vista. Nosso ponto de vista é de que é contraindicado o quase abandono de atenção às indústrias produtoras de bens de maior valor agregado. Tudo bem quanto à ênfase às camadas mais carentes da população, claro, mas que não se deixem de lado as demais classes. Isso quer dizer que se mira a geração de empregos em quantidade, porém de menor remuneração e que requerem menos qualificação
da mão-de-obra;

f - Isso também quer querer dizer que a "comoditização" da economia brasileira, no fim das contas e na prática, parece ser política governamental;

g - a indústria, que, a grosso modo, há muito tempo foge da competição no exterior, justamente por ter sempre evitado maior desenvolvimento de sua competitividade, agora defronta-se com o competidor externo
no próprio mercado interno. Após vários anos perdendo mercado lá fora, agora percebe que está perdendo, e muito, também aqui;

h - com a volta do crescimento das economias centrais, muitos dos investidores estrangeiros
redirecionam seus recursos àqueles países, diminuindo a parcela que aplicavam no Brasil.

i - o preço da terra no Brasil chegou a níveis recordes, o que pode induzir o investidor estrangeiro a procurar, por exemplo, a África.

Esse, evidentemente a muito grosso modo, é o cenário interno e de curto prazo. Mudanças de certo grau de dramaticidade acontecendo no ambiente externo, porém, prenunciam quadro de médio e longo prazo ainda mais negativo, por exemplo:

j - muitos países da América Latina e mundo afora agora decidiram competir mais intensamente na produção de alimentos. Por exemplo,a Índia se tornou um dos maiores produtores e exportadores de acúcar e álcool e a Colômbia tem o mesmo propósito. Aliás, o Brasil, criador do Proàlcool, é o segundo maior importador de álcool combustível do mundo;

k - a alta da cotação do petróleo acelera bastante a substituição já em andamento daquela fonte de
energia não renovável, por tornar mais compensatório investir em energias solar e eólica, em álcool, alcooquímica, etc;

l - no último trimestre de 2008, os países desenvolvidos alertaram que tão logo superassem a crise econômica, passariam a investir menos nos emergentes e mais na África. Afinal de contas, os emergentes estão muito bem, enquanto a sítuação na África é calamitosa. Parece que não esperaram a crise passar, por que, das 10 economias que mais cresceram no mundo nos últimos dois anos, seis são africanas.
Ora, ao que se sabe a África não é especialista na produção de foguetes e computadores, mas de minérios, petróleo e alimentos, justamente os itens dos quais nossa balança comercial mais se tornou dependente.

Esse é o cenário que o atual governo recebeu, e que exigirá muito boa gestão e criatividade por
parte não só do governo mas também de cada nacional.Todas essas mudanças já eram previstas há alguns anos, mas não se sabe de grandes iniciativas adotadas visando preparar nossa economia pra não só se defender delas, mas delas também se beneficiar.

Sabe-se que tal inércia será mudada já a partir do próximo dia 15, pelo governo. Porém, mais
importante que aguardar pra ver o que o governo vai fazer é a conscientização de que há muito que pode e deve ser feito pela própria iniciativa privada e pela sociedade em geral.

Nossa parcela de colaboração acontecerá no ensino superior de Pós Graduação e em consultoria. São agregações ao conhecimento nas áreas de gestão e de inovação o que de melhor sabemos e queremos fazer pela nossa nação.

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