segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A era da desconfiança
12/09/11 07:47 | Ricardo Galuppo - Publisher do Brasil Econômico
Os ataques de 11 de setembro tiveram um impacto monumental sobre a economia mundial - e colocaram o mundo diante de um risco de recessão jamais descartado desde então. Fazer negócios passou a exigir cautelas antes desnecessárias e tudo ficou mais difícil.
No entanto, acima e além da lembrança de um episódio que, sem dúvida, dividiu a história entre o antes e o depois de seu acontecimento, os 10 anos do 11 de setembro, completados ontem, significam uma oportunidade de reflexão sobre a maneira com que o mundo se comporta diante desse tipo de situação.
O que houve ali, num resumo superficial - mas verdadeiro -, foi o seguinte: uma sociedade organizada, construída com base nos princípios do direito individual, de repente se torna alvo de bandidos que se apoiam nas regras de liberdade do adversário para atacá-lo de forma covarde.
Alguns fanáticos se juntaram em nome de um falso argumento religioso, mataram milhares de inocentes e, a partir de então, desencadearam uma onda de reações que incluiu desde a mobilização militar contra governos simpáticos aos terroristas até a disseminação do ódio e do medo contra todos os que professam a fé islamita.
É claro que não se pode condenar todo um povo pela loucura de meia dúzia de fanáticos. Mas o problema é que a reação aos atentados não conseguiu eliminar o fanatismo. E as motivações que levaram aquele bando a sequestrar aviões e utilizá-los como bombas contra as torres do World Trade Center, em Nova York, e contra o Pentágono, em Washington, são hoje idênticas às de dez anos atrás.
Na medida em que o episódio se distancia na linha do tempo, as discussões em torno do 11 de setembro passaram a desconsiderar os fatos que motivaram toda a transformação verificada desde então.
Hoje em dia, quase ninguém mais fala do risco permanente que pesa sobre o ocidente, mas são frequentes as queixas contra as medidas tomadas para prevenir novos ataques.
Os algozes passam a ser tratados como vítimas e as discussões passam a girar em torno da permanência prolongada das tropas americanas no Afeganistão e no Iraque - e na impossibilidade de derrotar os fanáticos e de impedir novos atentados.
As pessoas passam a se incomodar com as medidas de prevenção tomadas em nome da proteção às sociedades ameaçadas, que incluem revistas rigorosas aos passageiros nos aeroportos dos Estados Unidos, da Espanha, da Inglaterra, de Israel e de outros países.
E que também incluem, é claro, uma atenção maior àqueles que são da mesma etnia e professam a mesma fé dos autores dos atentados. O que fica de toda essa experiência é que os valores que estiveram sob ataque no dia 11 de setembro continuam válidos e, mais do que isso, continuam sendo a meta para uma humanidade que deseja cada vez mais prosperar em liberdade.
Os países desenvolvidos, que oferecem boas condições de vida a seu povo, são democracias construídas sobre os princípios do capitalismo.
A alternativa oferecida por esses assassinos que ameaçam essa ordem é a barbárie num regime de restrição que inclui o apedrejamento de mulheres em praça pública. Está na hora de todos escolhermos o lado em que queremos estar. Eu fico com a democracia.
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Ricardo Galuppo é publisher do Brasil Econômico
E eu fico com a democracia e a civilização.

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