quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Indústria não deve apresentar melhora significativa num quadro que combina estoque alto, demanda moderada e aumento das importações
31/8/2011 - 14:54 - Redação


Depec-Bradesco *

A produção industrial brasileira registrou alta de 0,5% em julho, em relação a junho, quando havia recuado 1,2% (queda revisada para cima, em relação ao -1,6% reportado anteriormente), conforme divulgado hoje pelo IBGE. Essa expansão – superior à nossa expectativa de 0,3% e inferior à mediana das projeções de mercado, de 0,7% – gera um carregamento estatístico de 1,5% para 2011, sinalizando que o resultado anual não deve ser forte.

Na comparação com o mesmo mês de 2010, a produção da indústria passou de crescimento de 0,9% em junho para uma contração de 0,3% em julho, acumulando alta de 1,4% nos sete primeiros meses de 2011, comparativamente ao mesmo período do ano anterior.

Produção industrial cresceu 1,4% nos primeiros sete meses do ano, aponta IBGE.

Considerando a abertura do indicador e as variações ante junho, destaque para a produção de bens de consumo semi e não-duráveis (+3,8%, ante a queda de 3,0% em junho), impulsionada pelo aumento pontual de 16,8% do segmento de edição e impressão (principalmente pela maior produção de livros, explicada por encomendas governamentais), seguida por bens de consumo duráveis, que após retração de 0,5% em junho, registrou alta de 2,9% em julho, favorecida pelo setor de veículos automotores (4,3%), principalmente.

A produção de bens de capital também mostrou alta, de 1,7% (ante o recuo de 0,7% no mês anterior), que se concentrou no item de materiais de transportes, enquanto a categoria de bens intermediários foi a única a apresentar contração, de 0,7%, após queda de 1,6% de junho.

A leitura por ramos de atividade mostrou que, dos 27 segmentos avaliados, 14 apresentaram produção maior em julho, na margem. Ainda vale mencionar as contribuições positivas vindas de alimentos (1,9%), bebidas (4,1%) e refino de petróleo e produção de álcool (1,9%). Na direção contrária, dentre aqueles ramos que mostraram recuo, vale citar a indústria farmacêutica (-9,0%) produtos químicos (-1,8%), têxtil (-4,9%), diversos (-12,9%) e máquinas e equipamentos (-1,3%).

Olhando para frente, a indústria não deve apresentar uma melhora significativa, diante de um quadro que combina aumento de estoques, moderação do consumo doméstico e aumento das importações líquidas. De fato, a Sondagem da Indústria de Transformação, também divulgada hoje pela FGV, mostrou que a confiança empresarial continua diminuindo. O Índice de Confiança Industrial (ICI) de agosto registrou queda de 2,2% na margem. Esta é a 8ª queda consecutiva.

Confiança da indústria cai ao menor patamar desde agosto de 2009.

Esse movimento na confiança industrial sugere que a produção industrial deverá apresentar uma nova queda em agosto: a nossa expectativa preliminar é de variação negativa de 0,6%. Assim, o terceiro trimestre também deverá apresentar uma atividade industrial enfraquecida, em linha com a nossa expectativa de desaceleração da economia brasileira ao longo deste semestre.

* Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco

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