segunda-feira, 5 de setembro de 2011

QUANDO VOCÊ GASTA MAIS DO QUE GANHA
Quando você gasta mais do que você ganha, se vê diante de 3 alternativas: reduzir os gastos, procurar mais trabalho ou outra forma de aumentar licitamente sua receita, ou se endividar. Os governos também têm tais opções quando gastam mais do que ganham, e mais: podem emitir moeda, injetar dinheiro na economia. E dessas opções, normalmente os governos não praticam uma: reduzir os gastos, por que gera perda de votos.
Então os governos, modo geral, normalmente estão sempre se endividando (o que gera alta de juros), aumentando impostos (aumentando suas receitas) ou gerando inflação (lembremos que Milton Friedman ganhou o Prêmio Nobel em Economia justamente por ter provado que quem gera inflação é o governo, e o faz injetando dinheiro na economia).
No caso brasileiro, ao longo de toda a história, os governos costumam ser bem mais gastadores que a média mundial, de modo que o endividamento – leia-se taxa de juros -, a inflação, e a carga de impostos sempre foram comparativamente altas e nos últimos anos isso piorou.
Mas, ora, se a inflação é gerada pela injeção governamental de dinheiro, moeda, crédito, na economia, pra acabar com ela é só parar de praticar tal procedimento, para o que é necessário que o governo cesse o aumento e se possível reduza seus gastos.
Isso foi feito em meados da década dos 90, quando a carga tributária foi elevada de cerca de 26% a.a. pra cerca de 31% a.a. pra que o governo pudesse dar conta de seus gastos, mas a injeção de dinheiro adicional cessou; foi o chamado Plano Real, resumindo de modo bastante grosseiro.
De lá pra cá, muitas mudanças vêm sendo feitas na condução da economia, mas os governos vêm desperdiçando muitas chances de promover vigoroso crescimento da economia, haja vista que a taxa de inflação é relativamente pequena, em relação a sua média histórica.
Reduzindo seus gastos ou ao menos não os aumentando, o governo veria em poucos meses queda significativa da inflação, o que lhe permitiria reduzir a taxa de juros, que é elevada também por necessidade de controlar a inflação. Levando-se a redução da taxa de juros ao ponto de aproximá-la da praticada no mundo desenvolvido, teríamos que o enorme volume de dinheiro aplicado em títulos do governo (ou seja, emprestado ao mesmo a juros exorbitantes) teria que ser aplicado em atividades produtivas, se os investidores quisessem continuar a obter bons rendimentos – sempre falando de modo muito resumido, claro.
Seria o fim da chamada ciranda financeira, que permite a quem tem muito dinheiro ganhar ainda mais dinheiro, com risco virtualmente zero e sem “fazer nada”. Tal numerário (na casa de vários trilhões de reais) seria injetado, em grande parte, em atividades produtivas, gerando riqueza (bens e serviços), crescimento, renda, empregos, enfim, em quantidade astronômica.
Por tabela, os “investidores internacionais”, que introduzem enorme quantidade de dólares no país, necessitariam também aplicar na produção, ou sair do país, em busca de ganhar muito sem fazer nada em outras freguesias. Ao fazer isso, reduzir-se-ia bastante a quantidade de dólares aqui que só faz: supervalorizar o real, impedir crescimento ainda maior de nossas exportações, aumentar incrivelmente as importações e colocar em risco de extinção nossa indústria.
Então, indústria, comércio e agricultura cresceriam espantosamente, a ponto de se necessitar graduar a adoção dessas medidas, pois o crescimento poderia ser tal que desorganizasse a economia.
Resumindo, contenção dos gastos governamentais (Executivo, Legislativo, Judiciário, Federal, Estaduais, Municipais) leva a queda da inflação, que permite redução dos juros, que expulsa especuladores e aloca aplicações maciças de capital à produção, o que gera crescimento muito maiores que o atual do PIB e dos empregos. Ciclo virtuoso. Simples assim de conceber, claro que menos simples de implementar, mas nada impossível, hajam vista a grande maioria de apoio ao governo no Congresso e o grande apoio popular ao governo atual.
Outra possibilidade, que pode e provavelmente deve ser explorada concomitantemente, é o pagamento da dívida externa. Embora se pense que a dívida externa não mais existe - tal suposição decorre de marketing político do governo anterior, mas não procede – ela não só existe, como já é de mais de U$ 250 bilhões e continua crescendo.
E o governo paga U$ 30 bilhões ao ano só de juros da mesma. Mas tem mais de U$ 350 bilhões de reservas, ou seja “poupança” pro caso de algum problema econômico urgente.
Porém e também historicamente, o país sempre teve um montante de reservas bem menor que o atual, comparativamente, sem que isso trouxesse maiores problemas – exceto unicamente no caso da crise do petróleo de 73, mas o petróleo não nos é mais problema.
Então, poder-se-ia simplesmente pagar a dívida com as reservas – afinal as reservas não existem pra nos proteger de problema macroeconômico? - e ainda ficaríamos com mais de U$ 100 bilhões de reservas, que continuariam crescendo, sem necessitar mais pagar juros de dívida – e sem perigo algum: veja que o país entrou naquela que foi classificada como a mais grave crise econômica mundial desde a Grande Depressão, a crise de 2008, com cerca de U$ 200 bilhões de reservas e saiu com mais de U$ 240 bilhões, ou seja, não necessitou mexer em um único centavo das reservas pra se sair muito bem daquela gravíssima crise. E, se mesmo assim ainda necessitar, sempre poderá obter empréstimos novamente.
Tal medida, se realizada ao longo dos muitos meses restantes do mandato presidencial – também não deve nem pode ser realizada de forma abrupta pra não desorganizar a economia, claro – “enxugaria” enormemente a absurda quantidade de dólares no país existente, que deprime a indústria, incentiva as importações desmedidamente etc.
Opções simples de conceber, talvez no momento ainda simples de implementar. E com um potencial de fazer o país crescer sem inflação simplesmente fantástico. O governo parece caminhar na direção de implementar algo semelhante à primeira idéia que citei; como seria bom se pensasse e principalmente agisse na direção também da segunda idéia...
JOSÉ CARLOS

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