quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Nordeste sofre com baixa diversificação da indústria
Por Francine De Lorenzo | Valor
SÃO PAULO – A forte retração da indústria nordestina, que nos doze meses encerrados em outubro acumula queda de 4,7%, reflete a pouca diversificação de setores, aponta o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A região concentra grande parte das indústrias têxtil, de calçados e artigos de couro, que estão entre as que mais têm sofrido a concorrência de importados.

“A produção nesses setores está caindo agudamente em todo o país. Mas como grande parte das empresas está instalada no Nordeste esse movimento fica mais evidente lá”, diz Rogério César de Souza, economista-chefe do Iedi, lembrando que em Santa Catarina os números também são negativos. Pelos cálculos da Tendências Consultoria, cerca de 20% da indústria têxtil e de artigos de couro do país encontra-se na região Nordeste, o que faz com que a participação do setor na indústria local chegue a 11%.

Apenas no Ceará o setor têxtil acumula queda de 23,8% nos 12 meses findos em outubro, período no qual a produção de calçados e artigos de couro encolheu 21% e a de vestuário e acessórios baixou 12,9%. Esses resultados contribuíram para a contração de 11,6% da produção industrial do Estado.

Entretanto, não são somente esses os setores que estão deprimindo a indústria nordestina. O segmento de refino de petróleo e álcool tem apresentado intensa contração na região, caindo 25,2% no Ceará, 4,7% na Bahia e 4,6% em Pernambuco. “Neste caso o desempenho do setor está muito ligado à estratégia corporativa. Enquanto a atividade diminui no Nordeste, ela cresce com força no Paraná”, pondera Souza. Em 12 meses até outubro, o refino de petróleo e álcool no Estado avançou 10,5%.

Por ser dependente de poucos setores, o Iedi estima que a produção industrial do Nordeste deverá continuar patinando nos próximos meses. “São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, por terem uma indústria mais diversificada sofrem menos”, afirma. “Mas os efeitos mais graves da crise internacional sobre a indústria brasileira ainda estão por vir”, alerta Souza, acrescentando que além de persistirem as importações, as exportações deverão registrar queda no próximo ano, tanto as de bens transformados como as de extrativos minerais. "E sabemos que as medidas de incentivo ao consumo demoram para surtir efeito", complementa.

Embora espere “desaceleração generalizada” na indústria em 2012, a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, acredita que os Estados que contam com extração mineral deverão conseguir minimizar os efeitos negativos da crise. “A Petrobras mantém um plano de aumento de produção”, afirma.

Ela também destaca como fator positivo o reajuste de cerca de 14% no salário mínimo no próximo ano, que tende a impulsionar o consumo, principalmente dos segmentos que não sofrem tanto com a concorrência dos importados.

(Francine De Lorenzo | Valor)

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