segunda-feira, 30 de maio de 2011

Câmbio
Blanchard: afrouxamento quantitativo não é culpado por fluxo de dólares
Brasil Econômico - Por Alexander Ragir e Matthew Bristow/Bloomberg News
27/05/11 20:11

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O Brasil recebeu US$ 23 bilhões em IED primeiros quatro meses do ano
Para Olivier Blanchard, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), o alto fluxo de investimento estrangeiro direto no Brasil é "suspeito".
Os fluxos de capital para os mercados emergentes não vão desacelerar significativamente quando o banco central dos Estados Unidos encerrar sua política atual conhecida como quantitative easing 2, ou segundo alívio quantitativo, disse Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI.
"O QE2 tem apenas um impacto marginal sobre os fluxos", afirmou Blanchard. "Quando acabar o QE 2 eu não espero que vá haver alguma mudança significativa nos fluxos de capital."
O comentário contradiz a posição do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vem atribuindo culpa à política do Federal Reserve (Fed, banco central americano) pela entrada de "capital especulativo" em mercados emergentes.
Segundo ele, tal fluxo está contribuindo para a aceleração da inflação e apreciação das moedas nos países emergentes. Em 27 de abril, Mantega disse que esperava que o presidente do Fed, Ben Bernanke, não anunciasse mais uma rodada de alívio quantitativo.
Blanchard também disse que um aumento recente do investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil é "suspeito", já que os investidores podem disfarçar fluxos de investimento para driblar restrições do governo.
Fluxos
Os fluxos de IED superaram a previsão de economistas pelo décimo mês seguido em abril. O Brasil recebeu US$ 23 bilhões primeiros quatro meses do ano, contra US$ 7,7 bilhões no mesmo período de 2010, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC).
Investimentos estrangeiros em ações e títulos domésticos caíram de US$ 14,3 bilhões para US$ 532 milhões no mesmo período.
Como parte dos esforços para conter os ganhos da moeda brasileira, em 26 de março o governo elevou para 6% o imposto cobrado sobre os empréstimos tomados por empresas e a venda de títulos do exterior.
Alguns dias depois, o governo determinou a cobrança da nova alíquota também sobre empréstimos renovados, renegociados ou transferidos com prazo de até dois anos.
Antes, as empresas pagavam 5,38% sobre empréstimos de até 90 dias, e zero quando o prazo da operação era maior do que três meses. Em outubro, o país aumentou para 6% o imposto cobrado nas compras de títulos de renda fixa feitas por investidores estrangeiros.
No ano passado, Mantega disse que países estavam desvalorizando suas moedas provocando uma "guerra cambial" global.
A fatia de ativos de mercados emergentes que estão sob controle de investidores internacionais ainda pode crescer, disse Blanchard. Segundo ele, o crescimento econômico da América Latina e Ásia, mais rápido do que os dos países desenvolvidos, atrai o fluxo de capital.
Ele disse que outros instrumentos deveriam ser usados, como taxa de juros, política fiscal, acúmulo de reservas, antes de implementar medidas de controle de capital para conter fluxos "excessivos."
Nicolás Eyzaguirre, diretor do Hemisfério Oeste no FMI, e ex-ministro da Fazenda no Chile, disse que os governantes da América Latina devem se preparar para resistir a pressões cambiais nos próximos anos, encontrando caminhos para estimular a produtividade e aumentar a poupança.
"Não se enganem, há uma parte disso que é permanente", disse ele no mesmo evento de hoje, que teve a participação de representantes de bancos centrais da Tailândia, Turquia, Colômbia e Chile para discutir os fluxos de capital para mercados emergentes.
O real acumula valorização de 45% desde 2009, no topo da lista das 25 moedas de países emergentes seguidas pela Bloomberg.

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