terça-feira, 5 de julho de 2011

Fusão fere interesses do País
Seg, 04 de Julho de 2011 10:02
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O anúncio de que o Banco Nacional do Desenvolvimento - BNDES injetará R$ 4 bilhões no negócio entre os grupos Pão de Açúcar e Carrefour, dois gigantes privados, com fartos recursos próprios e com acesso aos bancos privados, é motivo de preocupação para a União Geral dos Trabalhadores – UGT, pois a operação vai envolver recursos públicos, oriundos dos trabalhadores, para financiar o nascimento de um gigante monopolista de proporções nunca vistas em toda a história brasileira.

Ao financiar a criação desse gigante que ficará responsável por cerca de 32% do mercado varejista/supermercadista no Brasil, em claro prejuízo aos consumidores, à concorrência e aos empregos dos trabalhadores, o BNDES afasta-se dos objetivos que lhe foram outorgados pela sociedade brasileira, que são justamente os de atuar no desenvolvimento econômico do nosso País, no aumento da produção, na abertura de oportunidades para novos empreendedores, no apoio às micro e pequenas empresas, no aumento da industrialização, no combate às desigualdades regionais e no apoio a programas de inclusão social.

Nada disso será atingido com a fusão ora em discussão.

Vale assinalar que boa parte dos recursos do BNDES provém do Fundo de Amparo de Trabalhador (FAT), isto é, dinheiro do trabalhador e, portanto, devem ser dirigidos prioritariamente à geração de emprego e qualificação profissional e não para financiar a formação de um gigante monopolista que trará grandes prejuízos ao País, pois na prática elimina a concorrência e impõe uma forte e inédita concentração no setor varejista/supermercadista, que significará o estabelecimento de um conglomerado dominante no setor de distribuição de alimentos e demais produtos trazendo impactos negativos em termos de emprego e das cláusulas sociais que hoje vigem.

Para a UGT, uma ação dessa envergadura não pode ser uma decisão exclusiva do BNDES, (com aval do Governo que tem em Abilio Diniz um dos maiores defensores e simpatizantes), do Carrefour e do Pão de Açúcar. Não pode ser uma ação realizada sem ouvir a Nação, mesmo porque não vamos nos deixar seduzir com o argumento de que a operação poderá facilitar a entrada de produtos brasileiros na França, pois Pão de Açúcar e Casino têm uma sociedade de 50% cada e até agora não entrou sequer um pepino brasileiro no mercado francês por essa via. A verdade é que nas gandôlas no Pão de Açúcar existe uma infinidade de produtos franceses com a marca Casino. Ou seja, a entrada de produto francês no País sem contrapartida é mais um motivo de preocupação de que essa união Pão de Açúcar Carrefour tem tudo para ser danosa aos interesses comerciais do Brasil.

É por essa razão que, para nós, da UGT, devem ser ouvidas as centrais sindicais, os empresários do setor, a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados e o Conselho Administrativo de Direito Econômico (que precisa ser democratizado garantindo a presença de trabalhadores e empresários até para ter uma visão social e não meramente economicista dos processos de fusões e aquisições que se alastram). Este é o único caminho capaz de barrar tal fusão, ainda mais com recursos públicos e ainda por cima com juros subsidiados, um verdadeiro absurdo.

(Ricardo Patah, é presidente da União Geral dos Trabalhadores - UGT)

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