segunda-feira, 4 de julho de 2011

Negócios
Falta de cultura de risco trava capital semente no Brasil
Felipe Peroni (fperoni@brasileconomico.com.br)
21/06/11 19:38
Modelo de negócios, rentabilidade já garantida e uma carteira de clientes de peso são os principais atributos para conseguir aporte
Uma história semelhante à do Twitter, do Google ou do Facebook, empresas que receberam financiamentos de investidores muito antes de decolarem, ainda está longe de ocorrer no Brasil.
Em evento realizado na BM&FBovespa nesta terça-feira (21/6), 15 empreendedores apresentaram seus projetos a uma plateia de investidores anjos. Foi o primeiro evento que contou com a participação maciça de investidores anjo - indivíduos que fornecem capital para negócios em formação, geralmente em troca de uma parcela da empresa após seu crescimento.
Os investidores anjo, já bastante difundidos nos Estados Unidos - por lá, já existem mais de 250 mil - ainda não são muito comuns no Brasil. Aqui, na maioria executivos de formação, os anjos não estão propensos ao risco, e apenas uma minoria já realizou aportes em alguma empresa em formação.
"Em outros países, a propensão dos agentes a risco é muito maior", afirma o investidor Breno Madeiro. "Para fazer o aporte, a maioria exige um projeto pronto, contrato assinado, o que foge um pouco do propósito do investidor anjo", diz.
Um modelo de negócios com estratégia comercial, uma rentabilidade já garantida e uma carteira de clientes de peso são os principais atributos para conseguir um aporte.
"O que mais conta é o empreendedor", diz Cássio Spina, diretor da São Paulo Anjos. "Mas se o cara tem um modelo de negócios, já tem clientes que validaram o produto, isso dá um diferencial", diz.
"Acredito que seja mais fácil encontrar um gringo que invista em seu negócio do que um investidor anjo", disse um empreendedor que preferiu não se identificar.
Por sua vez, os empreendedores deixam a desejar na parte técnica. "Essa é a ajuda que ninguém quer dar", diz Yuri de Oliveria, da agência de startups Aceleradora. Ele relata que, em muitas das empresas, acaba tendo que aconselhar os empreendedores que não está na hora de receber capital.
"Muitas vezes dizemos: você não precisa de dinheiro, você precisa vender", diz.
Nesse sentido, os cursos preparatórios que antecederam o evento, bem como o processo seletivo, ajudaram a mitigar o problema.
"As empresas que encontramos aqui já passaram por filtros relevantes", diz a investidora Alcinda Nascimento.
O administrador Luiz Amado Sette e o químico industrial Otair Pelisson desenvolveram um produto para lavar aeronaves a seco, aumentando a conservação dos aviões. A empresa, chamada Davos, tem contratos com a Líder, a JP Martins, além das automotivas Mitsubishi e Nissan.
O aporte necessário ao seu negócio é de R$ 200 mil - em geral as startups pedem ao menos R$ 1 milhão.
O dinheiro será utilizado para a obtenção de certificados necessários para entrar de vez no mercado de aviação. "Não temos essa cultura do varejo", diz Sette. Dentre as necessidades dos empresários, está a de profissionalizar o negócio.
"Precisamos mais de gestão", diz. "Isso hoje é uma ciência, uma área profissionalizada", ressalta.
Uma das principais dificuldades dos anjos é a falta de opções para saída do investimento. A opção natural seria a venda para um fundo de venture capital, fundos voltados a empresas ainda pequenas - após o amadurecimento do negócio.
"Um fundo de venture capital, muitas vezes, não tem permissão para comprar um investimento que já esteve nas mãos de outro investidor", diz Spina.

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