sábado, 27 de agosto de 2011

PROBLEMAS NO CAMPO?

A safra 2011 já foi, a essa altura, comercializada. Mas os alimentos pouco contribuíram pra ajudar a reduzir a inflação, neste ano. Por que, de alguns anos pra cá, nações com elevado índice de crescimento têm gerado aumento da demanda por alimentos, à medida que seus habitantes escapam da fome. E esse aumento da procura por alimentos gerou níveis recordes de preços às commodities agrícolas. Então o preço dos alimentos não chegou a cair muito, por aqui. Veja o caso do etanol: seu preço chegou a subir, em plena safra, tanta a procura e tão pouca a produção.
O crescimento da safra agrícola brasileira de 2011 comparativamente à de 2010 foi de apenas pouco mais de 3%. Aí está o problema. O crescimento foi insuficiente. Embora o índice possa vir a propiciar o alcance da meta solicitada pela FAO, no prazo estabelecido (Brasil aumentar a produção agrícola em 40% até 2020), o índice de crescimento foi insuficiente. Esses pouco mais de 3% a mais foram consumidos internamente, pois o Brasil também possui ainda, infelizmente, muitas pessoas vivendo com fome e que, com a melhora do emprego e da renda, puderam se alimentar mais e melhor. O que é obviamente ótimo.
Mas então, o país exportou em 2011 o mesmo que em 2010. Então você dirá: “que mal há nisso?”
O problema é que há. Perceba: o mercado mundial pra alimentos aumentou, não foi o que foi dito logo no início? E não tiramos proveito disso. Já que a agricultura brasileira é a segunda do mundo, se estagnou sua oferta de alimentos no mercado externo, outras nações expandiram. O aumento da demanda foi em boa parte atendido, de modo que outras nações exportadoras de alimentos ganharam duas vezes: uma devido ao aumento das cotações dos produtos agrícolas, outra devido a terem exportado uma quantidade maior de alimentos.
Já o Brasil ganhou uma vez só: pelo aumento dos preços. Desperdiçou-se a oportunidade de expandirem-se nossos mercados. Outras nações ocuparam os novos espaços que surgiram. Pra você ter uma idéia: neste 2011, o Brasil está deixando de ser o maior exportador de etanol (já deixara de ser o maior produtor alguns anos atrás). Por problemas com a safra. Outras nações bastante dependentes da produção agrícola, como Chile, Argentina, etc, têm conseguido maior crescimento de suas safras. A previsão de crescimento do PIB argentino, muito dependente da produção alimentar, pra esse ano é de 8% (a do Brasil, 3,5%). Está havendo grande aumento da importação de frutas chilenas, como ameixas, maçãs etc.
Nossa produção agrícola cresce menos que o necessário pra que façamos crescer nossos mercados. Outras nações se aproveitam disso. A continuar tal tendência, será que viremos a assistir acontecer na agricultura o que vem acontecendo com a indústria? Devemos acordar para o fato de que outras nações vêem expandindo suas culturas bem mais rapidamente. Das 10 nações que mais crescem no mundo, 6 são africanas, e o que elas produzem são minérios e alimentos. São as produções de alimentos e minérios que têm salvado nosso balanço de pagamentos. Está em tempo de despertar.
José Carlos

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