sexta-feira, 15 de julho de 2011

ALGUMAS SUGESTÕES PARA QUANDO REESTRUTURAÇÕES PUDEREM VIR A AFETAR PESSOAS

Reestruturações organizacionais, reengenharias de processos e de sistemas, programas de Qualidade, logicamente visam melhorias para as organizações, mas não há justificativas, ao menos a princípio, se não adotam, prévia, concomitante e permanentemente, o mínimo de cuidados em relação a seus clientes / fornecedores internos.

O que será do clima organizacional (a maior expressão de sua cultura) se só, ou mesmo predominantemente, coloca-se à frente os interesses organizacionais, sem considerar os sentimentos, o potencial humano, a ética, o caráter e a criatividade de seus integrantes?

"A Qualidade externa não pode ser maior que a interna" e "Cuida de teus funcionários e eles cuidarão de teus clientes " são aforismos ainda válidos. Contudo, assiste-se, de há muito, organizações e gerentes dos mais altos níveis utilizarem reestruturações, reengenharias, programas e sistemas de Qualidade como pretexto para, quase exclusivamente, a promoção de autênticos festivais de demissões.

Não pode ser atribuída à ferramenta culpa alguma por seu eventual mau uso (assim como não cabe ao funcionário mal gerenciado responsabilidade por seu mau desempenho).

Visando adicionar oportunidade para que se busque evitar tais desastres organizacionais, sociais e humanos, tentamos trazer idéias, muitas até mesmo correntemente utilizadas:

1. A organização deve proceder com todo cuidado, permanentemente e, especialmente, quando considerar a possibilidade de qualquer mudança que coloque em risco a permanência em seus quadros de qualquer funcionário;

2. Visando melhor atender ao item anterior, a organização definirá, por escrito, e divulgará sua Política de Empregos amplamente, a seus clientes e fornecedores, internos e externos;

3. Todo e qualquer procedimento quando de demissão de funcionário deve obedecer aos princípios da lisura, abertura e transparência;

4. Todo e qualquer procedimento quando de demissão de funcionário deve ser prévia e abertamente preparado e exaustivamente comunicado com a necessária antecedência;

5. Se e quando necessário demitir, a organização deverá prestar toda a atenção aos aspectos psicológicos da demissão (nos demitidos, em suas famílias e nos funcionários que ficarem);

6. Além de atentar a todo o processo de desligamento, a organização dedicará cuidados especiais à entrevista de desligamento;

7. A organização frente à necessidade de demitir deve, de comum acordo com seus funcionários, verificar a possibilidade de eles aceitarem redução em seus vencimentos, de modo a ajustar a folha de pagamento a necessidades pré-estabelecidas;

8. A organização verificará a possibilidade de alocar o funcionário dispensável em um setor a outro setor já existente onde ele possa vir a ser necessário;

9. Do mesmo modo, poderá alocá-lo a outro setor que eventualmente se mostre necessário ou conveniente criar;

10. Em casos de possíveis demissões maciças, principalmente, a organização deverá estudar previamente a conveniência e propriedade da implementação da metodologia chamada "Banco de Horas";

11. Também deve contratar serviços de "outplacement" para colocar o funcionário demissível em outra qualquer organização;

12. Se necessário, buscará colocar o demissível em qualquer outra organização, mesmo sem "outplacement";

13. A organização frente à necessidade de demissão deverá qualificar os funcionários eventualmente demissíveis para facilitar seus "outplacements";

14. Deverá estabelecer programa de incentivo à demissão voluntária que realmente forneçam condições aos demissíveis de formar seus próprios negócios ou se manter durante o tempo necessário a encontrar nova colocação;

15. Manterá programas de apoio (tipo tíquete alimentação, plano de saúde etc) durante período determinado e adequadamente prolongado após a demissão;

16. Treinará e organizará grupos de demissíveis para que esses possam vir a exercer atividades que a organização pretende terceirizar, ajudando-os a criar uma empresa/cooperativa que forneça aquele serviço/atividade;

17. Levará em conta, na "garantia/estabilidade", as avaliações de desempenho dos funcionários e a "propensão para demitir" dos gerentes;

18. Procurará manter-se sempre "updated" em relação à tecnologia e às novas técnicas de gestão, para evitar ser surpreendida "inchada" pela evolução constante do mercado e da gestão;

19. Procurará ter sempre uma força de trabalho suficiente apenas ao atendimento de 90% da demanda de serviços, para evitar necessidades de futuras demissões, completando aquela força com estagiários, trabalhadores temporários etc;

20. A organização frente à necessidade permanente de demitir, provocada pela permanente evolução tecnológica, não substituirá seus funcionários que se aposentarem, demitirem, falecerem etc;

21. Suspenderá todas as novas contratações, suprindo eventuais vagas através de convites de readmissão aos eventualmente demitidos;

22. Onde se aplicar, reduzirá ou não utilizará horas extras;

23. Envolverá estruturadamente a todos os da organização na busca por colocação externa para os que eventualmente se conclua ser necessário demitir;

24. Cadastrará os demitidos para, no caso de nova expansão organizacional, reconvidá-los (se possível);

25. Cancelará contratos de terceirização e utilizará a mão-de-obra de demissíveis para suprir os serviços correspondentes;

26. Onde se aplicar, transferirá os eventualmente demissíveis para atividades que aumentem receita/arrecadação, evidentemente treinando-os adequadamente;

27. Estudará a possibilidade da redução da carga horária de trabalho com redução correspondente de vencimentos;

28. Oferecerá colocação em outro órgão público, em outra localização geográfica;

29. Onde aplicável, envolverá todos os integrantes da organização na busca de novas fontes de receita / arrecadação;

30. Em épocas de necessidade de demissão, aumentará o volume de treinamento de modo a ocupar permanentemente o maior número possível de demissíveis qualificando a mão-de-obra e consequentemente agregando valor à organização;

31. Buscará utilizar uma combinação do maior número possível das idéias aqui apresentadas bem como de outras que possam surgir.


JOSÉ CARLOS FONTES
M.Sc. Coordenador de cursos de Pós Graduação, Conselheiro, Consultor. REPRODUÇÃO AUTORIZADA SE EXPLICITADA A FONTE

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