sexta-feira, 8 de julho de 2011

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ÉTICA E JUSTIÇA
Posted on julho 8, 2011

JUSTIÇA E ÉTICA

Há poucos dias coloquei um post onde listava uma série de “valores” que se juntam pra produzir culturas de grupos, retirada de trabalho de estudioso holandês. Dentre aqueles, alguns eram listados sob o grupo COLETIVISMO.

Em especial, uma explicação para esses “valores coletivistas”, era: “as pessoas devem pertencer a grupos ou coletividades que devem cuidar delas em troca de suas lealdades”.

Nos últimos dias, temos visto a chamada “base aliada governista” preocupada com a maneira como nossa Presidenta lida com “sua base” e particularmente com dado partido político ora na berlinda. Os partidos aliados estranham o comportamento presidencial, que não parece apresentar a “lealdade” desejada.

É verdade, em vez da lealdade grupal, a Presidenta não tergiversa com procedimentos incorretos, venham eles do grupo que vier. Ela tem dado maior valor aos valores ÉTICA e JUSTIÇA, o que tem gerado estranheza, por que não é desse modo que a “base aliada” (com uns aliados desses, quem precisa de inimigos?) foi acostumada.

Tanto é assim que a Presidenta, pra estranheza geral, tem de certo modo confraternizado com a oposição, tendo parabenizado Presidente anterior e ontem mesmo reconhecido que muitos programas sociais em andamento na verdade foram iniciados no mandato daquele prócer.

Então, tudo indica que temos uma Presidência que trata as pessoas com base em justiça e ética, em vez de com base em lealdade grupal: ela “aperta” quem erra, seja de “sua base” ou adversário, e reconhece acertos, tanto de adversários quanto de aliados.

Esse é um comportamento consequente, ou seja, que considera que os atos das pessoas devem gerar consequencias, em vez de impunidade.

A continuar desse modo, teremos por alguns (quiçá muitos) anos, um ótimo exemplo que pode ajudar a mudar esse “valor” (que também deploro) que é a lealdade grupal e a cultura de impunidade, de padronização de pensamento, de lerdeza etc, que ele gera.

Substituir a lealdade grupal por JUSTIÇA e ÉTICA sem dúvida será grande progresso na cultura nacional, ótimo serviço prestado.

Também constatei algo interessante na edição MELHORES E MAIORES da revista EXAME ora nas bancas (e peço sua permissão pra praticar um pouco de deslealdade grupal). A certa altura, a revista, no artigo sobre a PROMON, vencedora de 2010, busca detalhar aquela que chama “A DEMOCRACIA DA PROMON”. Então, lista “algumas das características mais marcantes do estilo da empresa”. A primeira “característica” é: “A participação individual na administração da empresa deverá ser estimulada e a busca do consenso deverá estar sempre presente”, o que é uma tentativa de conciliar uma atenção ao indivíduo – valor INDIVIDUALISTA – com o valor – COLETIVISTA – busca do consenso, que “deverá estar sempre presente”. Não sei como as coisas são feitas lá, mas no longo prazo isso é muito difícil; com o tempo a busca do consenso permanente acaba contrariando e forçando os indivíduos a abrirem mão de suas individualidades e reduzindo a quantidade e a qualidade de suas participações. Vejo o esforço permanente por consenso como prática totalitária e totalizante. Democracia é a vontade da maioria (mas com respeito à minoria e com o acatamento da minoria à decisão da maioria), em vez da concordancia de todos.

A “característica” 2, por seu lado, diz: “A participação – veja a constante atenção da PROMON ao conceito PARTICIPAÇÃO – na comunidade implica a disposição de renunciar a interesses individuais em nome do interesse do grupo”, clara manifestação de que na cultura local predomina o COLETIVISMO.

Isso, em termos de cultura organizacional, é mal. E esse tipo de mentalidade não corresponde às melhores práticas de RH. As melhores práticas na área de Gestão de Pessoas preconizam que a organização busque o mais possível conciliar os interesses individuais e organizacionais, em vez de buscar a supremacia tanto de uns sobre outros quanto de outros sobre uns. E me parece que, na prática, aquela empresa até pratica ou ao menos busca praticar tal conciliação, então dessa vez quem estranhou fui eu.

Por fim, também interessante, a revista diz que a PROMON, em seus acordos com sócios, “jamais assume papel coadjuvante na gestão”.

O M.Sc. JOSÉ CARLOS FONTES é ex-Conselheiro da União Brasileira pela Qualidade – Seccional Rio de Janeiro

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