sexta-feira, 8 de julho de 2011

BRASIL JÁ GASTOU MAIS DO QUE 3 COPAS
Especialistas analisam os riscos da Copa do Mundo 2014 no Brasil
Antes, uma possibilidade de alavanca para a promoção de melhorias na infraestrutura do país, a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 se torna a cada dia um motivo de preocupação, devido aos atrasos em obras e aos orçamentos inflados. Exemplos para estas preocupações estão na Grécia e em Portugal, que contraíram dívidas com a realização da Olimpíada de Atenas e da Eurocopa de 2004, respectivamente, o que exacerbou o processo de deterioração da economia dos dois países. Para debater este cenário e fazer uma análise sobre a infraestrutura brasileira, a ABINEE realizou na quinta-feira (7) sua reunião plenária com a participação do jornalista Flávio Prado, apresentador do programa Mesa Redonda, da TV Gazeta, e comentarista esportivo da Rádio Jovem Pan, e, também, do vice-presidente do Conselho Superior de Infraestrutura da FIESP, ex-Senador e ex-Ministro das Minas e Energia no período 1999-2001, Rodolpho Tourinho. Flávio Prado contextualizou as denúncias feitas pelo jornalista britânico Andrew Jennings, de corrupção envolvendo Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do Comitê Organizador da Copa, e membros da FIFA. “A fortuna que está sendo gasta para a Copa está indo para as mãos destas pessoas”, disse. Ele ressaltou que as exigências da FIFA fazem parte deste ‘jogo’ e geram o aumento no orçamento das obras de estádios, como o do Corinthians, na Zona Leste de São Paulo, que partiu de uma previsão de R$ 400 milhões para R$ 1 bilhão, com aporte do BNDES e concessão de benefícios fiscais pela prefeitura da cidade de São Paulo. Segundo Prado, o que o Brasil gastou de dinheiro público para a Copa até o momento já é mais do que se colocou nos últimos três mundiais. “Se continuar nesta toada, o Brasil gastará mais do que todas as Copas, desde 1930. E o que sobrará? Qual será o retorno para a população? Estou um pouco assustado”, enfatizou. Atendo-se às necessidades de melhorias na infraestrutura, Rodolpho Tourinho destacou um ranking de 139 países do Fórum Econômico Mundial que aponta as deficiências do Brasil. Ele elegeu a área de telecomunicações como um setor chave para o sucesso do evento. “Vai exigir investimentos do setor e capacidade de banda larga bem maior do que temos hoje”, afirmou. No entanto, o ex-ministro destacou que há muito o que ser feito até a Copa e muitos problemas a serem enfrentado, que não são de fácil solução. “Será que a Anatel vai disponibilizar tudo aquilo que é preciso? Como serão os leilões de frequência de 700 MHz e 3,5G? Provavelmente, o governo não terá tempo de resolver até lá”. Coordenando a reunião em São Paulo, o vice-presidente da ABINEE, Hugo Valério, acrescentou que muitos dos investimentos para a Copa do Mundo, e também para a Olímpiada, a FIFA e o Comitê Olímpico Internacional já trazem seus parceiros, restando pouco espaço para empresas locais fornecerem para as obras. Durante a reunião, que foi transmitida por vídeo conferência para os escritórios regionais da ABINEE em Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro, o presidente da entidade, Humberto Barbato, salientou que, talvez, a única área de infraestrutura que não sofre com problemas é a de energia, embora se recinta com as altas tarifas. Barbato – que participou da reunião diretamente de Brasília, por conta de atraso de voo (notadamente um dos principais gargalos de infraestrutura para a realização dos eventos esportivos) – também mostrou preocupação quanto a um possível legado negativo por conta da Copa. Segundo ele, exemplos não faltam para dizer que existem sérios riscos para a economia. “Espero que os preços da soja e do minério continuem altos e a China continue comprando para sustentar esta situação”, ironizou.

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