terça-feira, 31 de maio de 2011

Usinas
Brasil contraria tendência de redução da energia nuclear

Elaine Cotta (ecotta@brasileconomico.com.br) - Com Ivone Portes e Rafael Abrantes
31/05/11 16:21

Alemanha renuncia à energia nuclear; 22% de sua produção

A Alemanha engrossou ontem o grupo de países que decidiu cortar o número de usinas atômicas em seus territórios.

Primeiro foi a Bélgica, depois a Suíça e agora a Alemanha. Os três países europeus que dependem - e muito - das usinas nucleares para manter suas economias funcionando anunciaram planos para acabar de vez com a dependência dessa fonte de energia.

Até os Estados Unidos, que são o maior produtor desse tipo de energia do planeta, está revendo seus planos para a construção de três novas usinas e já começa a atualizar a política de segurança de suas 104 plantas nucleares. E o Brasil?

Com apenas duas usinas nucleares (Angra 1 e 2) e uma em construção (Angra 3), o Brasil parece ignorar a nova realidade mundial. Prova disso foi a aprovação pela Câmara dos Deputados na semana passada da Medida Provisória (MP) 517 - a MP "Frankestein".

Um dos artigos da MP, que vai agora para votação no Senado, autoriza a criação do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas Nucleares (Renuclear). Esse regime suspende a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Importação que incide sobre as compras de equipamentos, máquinas e materiais de construção pelas empresas envolvidas em projetos de novas usinas nucleares no país.

O benefício fiscal, que vale até 31 de dezembro de 2015, resultará em renúncia de R$ 589 milhões pelo governo federal.

"Dar subsídios que estimulem investimentos em energia nuclear, ainda mais após o acidente de Fukushima, no Japão, é andar na contramão do mundo", afirma o professor e físico nuclear José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo.

"O problema dessa MP (517) é que ela está datada de 30 de dezembro de 2010, ou seja, anterior ao acidente nuclear do Japão. Ela, claramente, representa uma visão pré Fukushima", lembra o físico. As usinas de Fukushima, no Japão, foram gravemente afetadas durante o terremoto seguido de tsunami que atingiu o país asiático, um dos mais atentos às questões de segurança e planejamento nuclear, em março.

Revisão de planos

O também físico Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás -controladora da Eletronuclear, que administra as usinas de Angra 1 e 2 - e atual diretor do programa de pós-graduação em engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também defende uma revisão do programa nuclear brasileiro.

"O Brasil não deve construir mais quatro reatores como anunciado. Acho mais prudente avaliar os rumos da tecnologia nuclear para depois decidirmos isso", disse.

"O custo para finalização da obra de Angra 3 está muito alto, acima de US$ 4.500 por KW, enquanto a hidrelétrica de Belo Monte tem previsão de custos de US$ 1 mil por KW. O custo-benefício de reatores nucleares não é bom", explica Rosa.

O Plano Nacional de Energia prevê que o preço das unidades projetadas pela Eletronuclear para entrar em operação após 2020 ficará entre R$ 150 e R$ 155 o megawatt/hora, Para a Eletronuclear o valor é competitivo, apesar de semaior que o previsto para Angra 3, de R$ 148 MW/h.

Em Angra 1 e 2, o valor da tarifa é R$ 134 MW/h. A Eletrobras destaca ainda o índice de nacionalização das usinas, que deve chegar a 70%, superando os 54% previstos para Angra 3 e os 50% de Angra 2.

Asfalto que é aplicado até debaixo de chuva faz crescer faturamento da Itarrubi
Único Asfalto gera economia em relação ao asfalto comum; companhia estima receita 200% maior neste ano
Luciana Carvalho, de
Nicolas Raymond/Stock Xchng

Com a possibilidade de ser estocado, Único Asfalto facilita a logística e a aplicação em lugares mais distantes

São Paulo – Como se não bastasse o efeito prejudicial das chuvas na qualidade das estradas, é também por causa delas que operações “tapa-buraco” são adiadas, dando ainda mais dor-de-cabeça a motoristas e às autoridades. A necessidade de aplicar o asfalto em temperaturas acima de 110 graus também é um fator que dificulta o trabalho em grandes quantidades e acaba gerando desperdício de material, que não pode ser usado depois de esfriar. Mas um tipo novo de asfalto acabou com esses problemas

O chamado Único Asfalto, marca da Itarrubi Tecnologia em Construção, tem propriedades químicas que permitem que ele possa ser aplicado em locais molhados e em baixas temperaturas, além de poder ser estocado – diferentemente do asfalto comum. “O asfalto normal que todo mundo usa é volátil, endurece com a temperatura. Se você quer fazer uma avenida, tem que fazer todo o trabalho com o material quente, acima de 110 graus”, afirma Jorge Coelho, diretor e desenvolvedor da marca.

Desde junho do ano passado sendo comercializado pela Itarrubi, o Único Asfalto fez crescer em 20% o faturamento da empresa. A previsão para o final de 2011 é ainda melhor. A companhia espera ter um faturamento 200% maior do que o registrado em 2010. Todo esse rendimento se deve à possibilidade de estocar o material, sem a necessidade de aplicá-lo na mesma hora em que foi produzido, como acontece com o tipo mais comum.

Com isso, o desperdício cai, já que as empresas podem aplicar o asfalto em distâncias maiores e fazer mais aplicações de uma só vez, sem o perigo de demorar mais do que o esperado e perder a temperatura. Além disso, a fabricação do asfalto costuma ser feita em grandes quantidades e, quando não pode ser guardado para uso posterior, as perdas são bem maiores. A economia calculada pela Comgás, uma das clientes da empresa, é de 49 reais hora/vala, em relação ao asfalto comum.

Independência

Jorge Coelho, que é publicitário por formação, conta que, antes de criar o material, ele importava para o Brasil um tipo de asfalto com características semelhantes, mas que, por suas especificidades não tinha condições de ser fabricado no país. Depois de muita observação e trabalho no chão de fábrica, Coelho chegou a uma fórmula que pode ser fabricada por qualquer empresa do ramo.

Hoje, o Único Asfalto é aplicado por grandes empresas como a Ecovias, Ecopistas, Autoban e Petrobras, além de prefeituras de cidades paulistas, incluindo a capital, e, dentro de cerca de duas semanas vai se tornar uma empresa independente – a Itarrubi vai se tornar uma cliente, como as outras. A partir daí, a marca vai administrar seus próprios direitos de propriedade intelectual, vai fornecer o aditivo que dá ao asfalto essas características e prestará consultoria às empresas que quiserem aplicar o novo produto.

Investimento chinês no Brasil se concentra em fusões
Chineses investiram 93% em estatais em 2010, deixando as empresas privadas brasileiras com a menor fatia de injeção de capital

A grande maioria dos negócios entre China e Brasil foi de compra de operações que já existiam

Xangai - Só 1% dos investimentos chineses no Brasil confirmados em 2010 são de empresas privadas. Nada menos que 93% das operações foram realizadas pelas poderosas estatais controladas pelo governo central, enquanto as 6% restantes têm como protagonistas companhias pertencentes a províncias e municípios, revela estudo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

O levantamento, que será divulgado hoje, calcula que os investimentos confirmados no ano passado somaram US$ 12,669 bilhões, dos quais 81,6% envolveram a transferência de controle por outras companhias estrangeiras. "Se subtrairmos a troca de controle, obteremos um número surpreendentemente inferior: US$ 1,51 bilhão", observa a pesquisa.

Em outras palavras, o boom de investimentos chineses registrado em 2010 não significou uma injeção de novos recursos na economia brasileira nem o desenvolvimento de projetos a partir do zero, chamados de greenfield. A grande maioria dos negócios foi de compra de operações que já existiam.

A tendência se mantém se forem considerados os US$ 35,75 bilhões, resultados da soma dos US$ 12,669 bilhões de investimentos confirmados com os US$ 23,062 anunciados, mas ainda não efetivados. Desse total, 67% são relativos a fusões totais ou parciais, 10% se referem a joint-ventures (associações) e 23% são empreendimentos greenfield, mostra o levantamento. Mesmo sem um impacto econômico imediato, o CEBC ressalta que o aumento dos investimentos em 2010 marca uma mudança no relação entre os dois países, que até então era excessivamente focado no comércio.

Dos US$ 12,669 bilhões em negócios confirmados no ano passado, 95% se concentram nas áreas de petróleo e gás, agribusiness, mineração e siderurgia. Sergio Amaral, diretor-presidente do CEBC, diz que esses investimentos colocam o Brasil na base mundial de fornecimento dos produtos que a China precisa para sustentar seu crescimento e alimentar sua população de 1,3 bilhão de pessoas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

ONU: 77% da energia mundial pode vir de fontes renováveis até 2050
Segundo relatório do IPCC, disparada da energia limpa sobre combustíveis fósseis só será possível com adoção de políticas energéticas consistentes
Vanessa Barbosa, de
Getty Images

Parque eólico na Califórnia: renováveis devem receber 5,1 bilhões de dólares até 2020.
São Paulo - As energias renováveis têm potencial para se tornar a principal fonte energética mundial nas próximas quatro décadas. Responsáveis por 12,9% da produção de energia global em 2008, as fontes limpas podem dobrar sua participação até 2035 e chegar a 77% do total em 2050. A previsão é de um relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, divulgado nesta segunda-feira (9).
No entanto, de acordo com o estudo, para as fontes de renováveis se tornarem dominantes nas próximas décadas, superando os combustíveis fósseis, serão necessárias políticas energéticas específicas e consistentes. Em grande medida porque o setor precisa lidar com custos elevados para o desenvolvimento de tecnologia limpa. Outro desafio será a integração dessa energia nos sistemas elétricos nacionais.
"Com intervenções políticas que incluam os impactos ambientais nos preços das energias seria possível mensurar os efeitos negativos do uso de fontes fósseis e reconhecer os benefícios econômicos, sociais e ambientais das renováveis, o que pode estimular a sua adoção", diz um trecho do texto. O relatório da ONU mostra ainda que a emergência das fontes limpas pode evitar a emissão de 220 a 560 gigatoneladas de gases de feito estufa na atmosfera ao longo de 40 anos - entre 2020 e 2050 estão previstas emissões cumulativas totais de 1,53 trilhão de toneladas.
Dessa forma, seria possível assegurar a permanência das concentrações anuais de GEE abaixo de 450 partes por milhão, o que é suficiente para limitar o aumento da temperatura média global a dois graus centígrados e evitar as piores previsões das mudanças climáticas. No cenário mais otimista, o relatório antevê um investimento de 5,1 bilhões de dólares em energia renovável na próxima década, e mais outros 7,2 bilhões de dólares devem ser injetados no setor entre 2021 e 2030.

Circuito biológico de luz é desvendado por brasileiros

Com informações da Agência Fapesp - 20/05/2011
Circuito biológico de luz é desvendado por brasileiros
Pesquisadores brasileiros descobriram um "interruptor" que pode fazer com que algumas enzimas de interesse biomédico e biotecnológico emitam luz.[Imagem: Biolum/UFScar]

Circuito com interruptor

"É como se a enzima protoluciferase fosse um circuito eletrônico, que tem uma bateria, representada pelo oxigênio, e uma lâmpada, que é a luciferina."

É assim que o professor Vadim Viviani, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), explica os últimos resultados das pesquisas de seu grupo com materiais bioluminescentes - materiais biológicos capazes de emitir luz.

"Descobrimos agora um dos principais interruptores presentes na estrutura [dessas enzimas], que é responsável por ligar a bateria à lâmpada. Ou seja, fazer com que a reação da luciferina e do oxigênio ocorra, acendendo a luz," completa.

Este é um passo importante para o uso prático dessas enzimas emissoras de luz, que têm interesse biomédico, biotecnológico e ambiental.

A bioluminescência é a produção e emissão de luz por um organismo vivo, através de uma reação na qual energia química é transformada em energia luminosa.

A propriedade é importante para estudar doenças como o câncer ou infecções bacterianas, por exemplo, e também já foi utilizada na detecção de metais pesados no meio ambiente e até em circuitos integrados bacterianos.

Acendendo enzimas

Os cientistas brasileiros descobriram um dos principais "disjuntores" presentes na "caixa de força" de enzimas com baixa capacidade de luminescência.

Essas enzimas pertencem à mesma classe das luciferases - responsáveis pela emissão de luz fria e visível em vagalumes. E elas podem ser modificadas geneticamente para aumentar sua potência, ou seja a intensidade de sua luz.

Em 2009, o mesmo grupo clonou e isolou da larva de um inseto não luminescente - um besouro - uma enzima da mesma família das luciferases (a AMP-CoA-ligases), fracamente luminescente e conhecida como protoluciferase.

Eles queriam descobrir como as luciferases dos vagalumes desenvolveram a capacidade de catalisar a reação de oxidação da luciferina - o composto responsável pela bioluminescência de insetos - e produzir sua luz visível intensa.

Nos últimos anos, ao comparar as sequências de aminoácidos da protoluciferase com a luciferase, os pesquisadores começaram a identificar partes da estrutura que poderiam estar envolvidas com a determinação da atividade de produzir luz.

Por meio de técnicas de engenharia genética, Rogilene Prado, membro da equipe, realizou mutações de aminoácidos da protoluciferase.
Circuito biológico de luz é desvendado por brasileiros
A bioluminescência é a produção e emissão de luz por um organismo vivo, através de uma reação na qual energia química é transformada em energia luminosa. [Imagem: Prado et al./PPS]

Amplificando a bioluminescência

Agora, o grupo identificou que a mutação de um desses aminoácidos aumenta bastante a atividade luminescente da enzima, tornando-a muito semelhante à de uma luciferase.

Isso abre a possibilidade de tornar bioluminescentes outras enzimas da mesma família, que não emitem luz naturalmente, mas que são de grande interesse tecnológico.

Presentes em todos os organismos - das bactérias ao homem - as AMP-CoA-ligases desempenham as mais variadas funções metabólicas, como a biossíntese de pigmentos (em plantas), o metabolismo de lipídeos, a síntese de antibióticos e a eliminação de substâncias tóxicas e compostos químicos estranhos a um organismo ou sistema biológico (xenobióticos).

Em comum, a primeira reação que elas catalisam é a ativação de ácidos orgânicos, como os aminoácidos, ácidos graxos. Ou, no caso do vagalume, a luciferina, que é oxidada pelas luciferases, produzindo luz.

Em função disso, os pesquisadores pretendem utilizá-las como indicadores de determinados ácidos orgânicos de interesse biomédico, como os ácidos tóxicos, e biotecnológicos.

"A capacidade de servir como um indicador para selecionar determinados ácidos orgânicos de interesse farmacêutico e biotecnológico talvez represente o maior potencial de aplicações dessas enzimas", disse Viviani.
Circuito biológico de luz é desvendado por brasileiros
A pesquisa abre caminho para tornar luminescentes enzimas que não emitem luz naturalmente, ou amplificar emissões mais fracas. [Imagem: Biota-Biolum]

Reagentes analíticos

Segundo o pesquisador, algumas luciferases de vagalumes norte-americanos, europeus e japoneses já são utilizadas como reagentes analíticos. Elas são usadas para detectar o estado metabólico de uma amostra biológica e biomarcadores de expressão gênica, ou para marcar células de câncer em estudos biofotônicos, por exemplo.

Por meio das pesquisas com o protótipo da enzima luciferase que clonaram e aumentaram a luminescência, os pesquisadores brasileiros pretendem criar por engenharia genética uma nova enzima luciferase que tenha a propriedade de emitir luz comparável às luciferases empregadas atualmente no mercado.

"Com as condições ideais de evolução, essa protoluciferase poderá se transformar em uma luciferase. Estamos simulando a evolução dela em laboratório", disse Vanini.

O grupo de pesquisa da UFSCar é um dos únicos dedicados ao estudo de enzimas luciferases no Brasil. No Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) há um outro grupo, coordenado pelo professor Cassius Stevani, com o qual eles colaboram, que estuda fungos luminescentes.

Em termos mundiais, segundo Viviani, nenhum grupo conseguiu clonar uma enzima protoluminescente com a capacidade de emitir luz semelhante à do grupo brasileiro.
Bibliografia:

Structural evolution of luciferase activity in Zophobas mealworm AMP/CoA-ligase (protoluciferase) through site-directed mutagenesis of the luciferin binding site
R. A. Prado, J. A. Barbosa, Y. Ohmiya, V. R. Viviani
Photochemical & Photobiological Sciences
19 Apr 2011
Vol.: First published on the web
DOI: 10.1039/C0PP00392A

Componente nanoestruturado evita queima de aparelhos eletrônicos

Com informações da UFPE - 18/05/2011
Varistor nanoestruturado evita queima de aparelhos eletrônicos
O nanovaristor é híbrido, ou seja, à base de materiais orgânicos e inorgânicos, o que torna esta tecnologia mais barata e mais acessível de ser produzida.[Imagem: Bárbara Buril]

Polímero com cerâmica

Quedas bruscas de energia, sejam causadas por interrupções para serviços na rede elétrica, raios ou apagões, quase sempre resultam na pane de equipamentos eletrônicos.

Na tentativa de solucionar transtornos dessa natureza, pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desenvolveram um dispositivo eletrônico - do tipo varistor - capaz de eliminar picos de tensão.

O equipamento usa as mais modernas tecnologias da eletrônica orgânica, unindo um polímero condutor com os materiais cerâmicos tradicionais, inorgânicos.

O dispositivo inédito, que acaba de receber suas patentes nacional (PI0901577-9) e internacional (WO 2010/111764), foi desenvolvido pelos físicos Jorlandio Félix e Eronides Felisberto da Silva Júnior, e pelo químico Walter Mendes de Azevedo.

Varistor híbrido

"Esses novos dispositivos desenvolvidos na UFPE comparam-se aos comercializados, mas com uma característica elétrica superior devido ao fato de ser híbrido, ou seja, à base de materiais orgânicos e inorgânicos, o que torna esta tecnologia mais barata e mais acessível de ser produzida em um país em desenvolvimento", esclarece Félix.

Outro aspecto destacado pelo pesquisador é o fato de ser possível controlar as tensões de trabalho do dispositivo em função do grau de dopagem do polímero e da espessura dos componentes dos dispositivos, sendo possível preparar uma gama de dispositivos com variadas tensões de trabalho.

O pesquisador explica que a função principal do varistor é a detecção e eliminação de picos de tensão em pára-raios e na eliminação de descargas atmosféricas em circuitos eletrônicos, servindo como caminho de baixa resistência, protegendo circuitos sensíveis.

"O varistor é geralmente empregado nestes circuitos para manter constante o valor do potencial elétrico quando ocorre um grande aumento na intensidade do campo elétrico aplicado (sobretensão)", explica Jorlandio Félix.

Filtro de linha

Um equipamento tradicional em que este dispositivo pode ser usado é o filtro de linha, que, quando legítimo - não apenas uma extensão com múltiplas tomadas - possui varistores cujo objetivo é eliminar a sobretensão que chega da rede.

Félix explica que o dispositivo do tipo varistor desenvolvido na UFPE tem um valor de tensão no qual apresenta alta condutividade elétrica, ou seja, é capaz de deixar passar tensões de até certo limite, 25 volts, por exemplo.

"Caso a tensão exceda o limite, o excedente será transformado em calor. Caso a sobretensão continue por muito tempo, o varistor se queima, inutilizando o filtro de linha, mas protegendo o equipamento, que é muito mais caro que ele", conclui o pesquisador.

Polianilina

O novo dispositivo se caracteriza pelo baixo custo e por ser de fácil processabilidade, confeccionado com óxido de zinco e um polímero condutor, a polianilina.

A polianilina é bastante atraente por apresentar boa condutividade elétrica e excelente estabilidade química. A espessura dos filmes de óxido de zinco e do polímero condutor é da ordem de alguns nanômetros (um nanômetro equivale a um milionésimo de milímetro).

Os aparelhos utilizados para produzir e analisar os dispositivos são de última geração, tais como analisadores de parâmetros semicondutores, perfilômetro, sistema de deposição de filmes finos, entre outros.

O laboratório da UFPE conta com uma Sala Limpa, na qual são produzidos os dispositivos. A sala é um laboratório onde o número de partículas suspensas, umidade e iluminação são sistematicamente monitorados.

Retrovirais reduzem em 96% risco de transmissão de HIV
James Gallagher - BBC

Redução na transmissão da AIDS

Uma pesquisa concluiu que é possível reduzir em 96% o risco de um HIV-positivo transmitir o vírus que causa a AIDS para uma pessoa não infectada.

O estudo mostrou que há uma queda drástica na transmissão se o parceiro não infectado estiver tomando retrovirais.

Os pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos recrutaram em 2005 mais de 17 mil casais na África, na Ásia, na América Latina e nos EUA para participar do teste.

Em todos os casos, apenas uma das pessoas do casal estava contaminada.

Os participantes do experimento foram divididos em dois grupos. No primeiro, os parceiros não infectados receberam imediatamente um coquetel de retrovirais.

O segundo grupo recebeu o tratamento apenas quando a contagem de glóbulos brancos (leucócitos) caísse. Todos receberam camisinhas e podiam fazer testes de HIV gratuitamente.

Entre os pacientes do primeiro grupo, houve apenas um caso de transmissão entre parceiros. No segundo, foram 27 casos.

Retrovirais

O estudo foi finalizado quatro anos antes do previsto devido aos resultados animadores. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o resultado foi um "avanço crucial" na luta contra a AIDS.

Para o diretor do programa de AIDS na ONU (UnAIDS), Michel Sidibe, as pessoas que vivem com o HIV agora têm uma nova maneira de proteger seus parceiros contra a infecção.

"Essa descoberta vai virar o jogo e acelerar a revolução pela prevenção", disse Sidibe.

As conclusões do Instituto Nacional de Saúde dos EUA foram publicadas no mesmo dia em que foi divulgada a descoberta de uma nova vacina capaz de proteger macacos contra o equivalente em símios ao vírus HIV, indicando um novo caminho na busca por uma vacina para humanos.

Clique Leia mais na BBC Brasil : Vacina contra HIV do macaco pode indicar caminho para humanos

Transmissão sexual

De acordo com a OMS, a transmissão sexual representa 80% de todas as novas infecções pelo HIV.

O papel dos retrovirais em evitar a transmissão vinha sendo cogitado há algum tempo, após alguns estudos preliminares.

No entanto, os pesquisadores afirmam que essa é a primeira vez em que os estudos foram comprovados por testes clínicos.

"Com esse estudo, não se pode mais ignorar a evidência de que o tratamento do HIV é uma forma poderosa de se prevenir a transmissão do vírus e pode ter um grande impacto nas epidemias da doença nos países mais afetados", disse Keith Alcorn, da organização assistencial britânica NAN.

SERÁ FIM DA DEDADA?

18/05/2011
Novo exame da próstata é mais preciso do que PSA
Redação do Diário da Saúde

* Enviar a um amigo
* Imprimir

Exame A+PSA

Cientistas apresentaram um novo teste para o câncer de próstata, mais sensível e mais específico que o teste de PSA convencional utilizado atualmente.

Além de medir os níveis do antígeno prostático específico (PSA), o novo exame mede seis anticorpos específicos detectados no sangue de homens com a doença.

O exame, chamado A+PSA, também reduziu a taxa de falsos-positivos - exames que apontam a presença de câncer quando a doença não está realmente presente.

"Esta é uma nova abordagem muito promissora", disse Gang Zeng, da Universidade da Califórnia, que foi quem liderou o desenvolvimento do A+PSA.

"Em vez de utilizar apenas um parâmetro, o PSA, para testar um câncer de próstata, usamos vários parâmetros que podem ser medidos em uma única reação," explica ele.

Antígenos do câncer de próstata

O teste de PSA convencional tem sido usado por quase 30 anos para avaliar o risco de câncer de próstata.

Mas, segundo Zeng, ele não é específico o suficiente para separar doenças da próstata malignas das não-malignas.

O novo exame analisa seis antígenos específicos associados ao câncer de próstata - NY-ESO-1, SSX-2,4, XAGE-lb, AMACR, p90 and LEDGF - que são encontrados predominantemente em pacientes com câncer de próstata, mas não em condições benignas da próstata.

Indicador de câncer

O exame A+PSA pesquisa simultaneamente o PSA e os seis anticorpos em uma única análise, e fica pronto em cerca de duas horas.

O resultado vem na forma de um índice numérico usados para diagnosticar o câncer - uma pontuação de 0 a 0,5 indica um resultado benigno e, de 0,5 a 1, indica a presença de câncer da próstata.

Antes de ser disponibilizado aos pacientes, o novo exame terá de passar pela aprovação das autoridades de saúde.

Informática
Batido recorde mundial de velocidade na transmissão de dados

Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/05/2011
Batido recorde mundial de transmissão de dados
O método de decodificação opto-elétrico é baseado em um cálculo puramente óptico, a fim de quebrar a alta taxa de dados em taxas de bits menores, que podem ser processadas eletricamente.[Imagem: Hillerkuss/Nature Photonics]

Feixe enciclopédico

Cientistas do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, na Alemanha, conseguiram codificar dados a uma taxa de 26 terabits por segundo, em um único feixe de laser, transmiti-los a uma distância de 50 km, e então descodificá-los corretamente.

Este é o maior volume de dados já transportados por um único feixe de raio laser.

O processo desenvolvido pelo grupo permite transmitir o conteúdo de 700 DVDs em apenas um segundo, ou transmitir até 400 milhões de chamadas telefônicas ao mesmo tempo.

Com este experimento, a equipe do professor Jürg Leuthold bateu seu próprio recorde de velocidade de transmissão de dados, obtido em 2010, quando eles superaram o limite mágico de 10 terabits por segundo.

Cálculo óptico

O novo sucesso do grupo foi obtido graças a um novo processo de decodificação de dados.

O método de decodificação opto-elétrico é baseado em um cálculo puramente óptico, a fim de quebrar a alta taxa de dados em taxas de bits menores, que podem ser processadas eletricamente.

A redução óptica inicial das taxas de bits é necessária, já que não existe nenhum método de processamento eletrônico disponível para uma taxa de dados de 26 terabits por segundo.

Para codificar os dados, a equipe usou a técnica chamada multiplexação por divisão de frequência ortogonal (OFDM: orthogonal frequency division multiplexing), um processo que tem sido usado com sucesso em comunicações móveis.

"Nosso resultado demonstra que os limites físicos ainda não foram ultrapassados mesmo com taxas extremamente elevadas de dados," disse Leuthold.
Bibliografia:

26 Tbit s-1 line-rate super-channel transmission utilizing all-optical fast Fourier transform processing
D. Hillerkuss, R. Schmogrow, T. Schellinger, M. Jordan, M. Winter, G. Huber, T. Vallaitis, R. Bonk, P. Kleinow, F. Frey, M. Roeger, S. Koenig, A. Ludwig, A. Marculescu, J. Li, M. Hoh, M. Dreschmann, J. Meyer, S. Ben Ezra, N. Narkis, B. Nebendahl, F. Parmigiani, P. Petropoulos, B. Resan, A. Oehler, K. Weingarten, T. Ellermeyer, J. Lutz, M. Moeller, M. Huebner, J. Becker, C. Koos, W. Freude, J. Leuthold
Nature Photonics
22 May 2011
Vol.: Advance online publication
DOI: 10.1038/nphoton.2011.74

26/05/2011
Anvisa libera vacina contra HPV para homens
Paula Laboissière - Agência Brasil

HPV em homens

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a aplicação da vacina contra HPV em homens de 9 a 26 anos.

Até então, a vacina estava sendo aplicada apenas em mulheres, como forma de prevenção do câncer de colo de útero, já que o HPV é responsável por cerca de 90% dos casos.

De acordo com a Anvisa, novos estudos comprovaram a eficácia da vacina também em pessoas do sexo masculino.

* HPV também é coisa de homem

A imunização, entretanto, ainda não está disponível no sistema público de saúde, apenas em clínicas particulares.

Transmissão do HPV

O HPV, sigla em inglês para papiloma vírus humano, é transmitido pelo contato genital com a pessoa infectada (incluindo sexo oral) e por via sanguínea, de mãe para filho, na hora do parto.

Recentemente, comprovou-se que a transmissão também pode ser feita sem contato sexual:

* HPV pode ser transmitido pela pele

Na maioria das vezes, a infecção é transitória e desaparece sem deixar vestígios.

Dados do Ministério da Saúde indicam que o HPV é uma das doenças sexualmente transmissíveis (DST) mais comuns em todo o mundo. Uma em cada cinco mulheres é portadora do vírus. No Brasil, 137 mil novos casos são registrados a cada ano.

26/05/2011
Composto do cogumelo do sol impede câncer de próstata
Redação do Diário da Saúde

Prevenção do câncer

Um cogumelo conhecido por seus benefícios culinários e medicinais mostrou-se 100 por cento eficaz na supressão do desenvolvimento do tumor de próstata.

Os pesquisadores descobriram que um composto extraído do cogumelo do sol (Yun zhi), o polissacaropeptídeo (PSP), alveja diretamente as células-tronco do câncer de próstata e suprime a formação do tumor.

A pesquisa, realizada em modelos animais, foi realizada na Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, e publicada na revista científica PLoS ONE.

Células-tronco do câncer

O Dr. Patrick Ling, coordenador da pesquisa, afirma que os resultados representam um passo importante para o combate à doença que é uma das principais causas de morte entre os homens.

"Os resultados são bastante significativos", disse o Dr. Ling. "O que queríamos era demonstrar, antes de tudo, que esse composto pode parar o desenvolvimento de tumores de próstata.

"No passado, outros inibidores testados em pesquisas mostraram-se até 70 por cento eficazes, mas estamos vendo uma eficácia de 100 por cento na prevenção do tumor com o PSP." diz ele.

As terapias convencionais só são eficazes com relação a determinadas células cancerosas, mas não às células-tronco do câncer, que iniciam e fazem a doença progredir.

Via oral

O pesquisador ressalta que, nos testes feitos até agora, não foi observado nenhum efeito colateral.

Apesar dos cogumelos terem propriedades valiosas para a saúde, o Dr. Ling afirma que não seria possível obter o mesmo benefício em relação ao câncer de próstata simplesmente comendo-os.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Câmbio
Blanchard: afrouxamento quantitativo não é culpado por fluxo de dólares
Brasil Econômico - Por Alexander Ragir e Matthew Bristow/Bloomberg News
27/05/11 20:11

________________________________________

O Brasil recebeu US$ 23 bilhões em IED primeiros quatro meses do ano
Para Olivier Blanchard, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), o alto fluxo de investimento estrangeiro direto no Brasil é "suspeito".
Os fluxos de capital para os mercados emergentes não vão desacelerar significativamente quando o banco central dos Estados Unidos encerrar sua política atual conhecida como quantitative easing 2, ou segundo alívio quantitativo, disse Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI.
"O QE2 tem apenas um impacto marginal sobre os fluxos", afirmou Blanchard. "Quando acabar o QE 2 eu não espero que vá haver alguma mudança significativa nos fluxos de capital."
O comentário contradiz a posição do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vem atribuindo culpa à política do Federal Reserve (Fed, banco central americano) pela entrada de "capital especulativo" em mercados emergentes.
Segundo ele, tal fluxo está contribuindo para a aceleração da inflação e apreciação das moedas nos países emergentes. Em 27 de abril, Mantega disse que esperava que o presidente do Fed, Ben Bernanke, não anunciasse mais uma rodada de alívio quantitativo.
Blanchard também disse que um aumento recente do investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil é "suspeito", já que os investidores podem disfarçar fluxos de investimento para driblar restrições do governo.
Fluxos
Os fluxos de IED superaram a previsão de economistas pelo décimo mês seguido em abril. O Brasil recebeu US$ 23 bilhões primeiros quatro meses do ano, contra US$ 7,7 bilhões no mesmo período de 2010, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC).
Investimentos estrangeiros em ações e títulos domésticos caíram de US$ 14,3 bilhões para US$ 532 milhões no mesmo período.
Como parte dos esforços para conter os ganhos da moeda brasileira, em 26 de março o governo elevou para 6% o imposto cobrado sobre os empréstimos tomados por empresas e a venda de títulos do exterior.
Alguns dias depois, o governo determinou a cobrança da nova alíquota também sobre empréstimos renovados, renegociados ou transferidos com prazo de até dois anos.
Antes, as empresas pagavam 5,38% sobre empréstimos de até 90 dias, e zero quando o prazo da operação era maior do que três meses. Em outubro, o país aumentou para 6% o imposto cobrado nas compras de títulos de renda fixa feitas por investidores estrangeiros.
No ano passado, Mantega disse que países estavam desvalorizando suas moedas provocando uma "guerra cambial" global.
A fatia de ativos de mercados emergentes que estão sob controle de investidores internacionais ainda pode crescer, disse Blanchard. Segundo ele, o crescimento econômico da América Latina e Ásia, mais rápido do que os dos países desenvolvidos, atrai o fluxo de capital.
Ele disse que outros instrumentos deveriam ser usados, como taxa de juros, política fiscal, acúmulo de reservas, antes de implementar medidas de controle de capital para conter fluxos "excessivos."
Nicolás Eyzaguirre, diretor do Hemisfério Oeste no FMI, e ex-ministro da Fazenda no Chile, disse que os governantes da América Latina devem se preparar para resistir a pressões cambiais nos próximos anos, encontrando caminhos para estimular a produtividade e aumentar a poupança.
"Não se enganem, há uma parte disso que é permanente", disse ele no mesmo evento de hoje, que teve a participação de representantes de bancos centrais da Tailândia, Turquia, Colômbia e Chile para discutir os fluxos de capital para mercados emergentes.
O real acumula valorização de 45% desde 2009, no topo da lista das 25 moedas de países emergentes seguidas pela Bloomberg.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Clima econômico melhora no mundo, com destaque para a União Europeia


No geral, o cenário de países desenvolvidos e emergentes é melhor que o da América Latina
18/5/2011 - 10:16 - Redação


O Índice de Clima Econômico (ICE) no mundo subiu de 5,9 para 6,0 pontos entre janeiro e abril. Houve melhora nas avaliações sobre a situação atual (5,5 para 5,8 pontos) e piora nas expectativas (6,3 para 6,1 pontos). O cenário mundial (países desenvolvidos e emergentes) é mais favorável que o da América Latina.

Índice de clima econômico piora em quases todos os países da América Latina.

O estudo é realizado pelo instituto alemão Ifo, da Universidade de Munique, que tem parceria no Brasil com a Fundação Getúlio Vargas.

Nos EUA, onde os indicadores mostravam recuperação, o ICE caiu de 6,4 para 5,9 pontos. O ISA (situação atual) do país subiu e o IE (expectativas) caiu.

Na União Europeia o cenário é mais favorável. O ISA avançou 0,2 ponto e o IE recuou 0,2 ponto, resultando no aumento do ICE, de 5,6 para 5,8 pontos.

O aumento da taxa de inflação parece ser uma das principais questões que influenciaram a avaliação das expectativas em abril. No mundo, a previsão para a inflação de 2011 aumentou de 3,4% para 3,8% entre as duas sondagens.

No grupo do BRICS, a Índia registrou um pequeno aumento do ICE, que passou de 6,8 para 6,9 pontos. Na Rússia, o IE manteve-se estável e o ISA melhorou, de forma que o ICE passou de 5,7 para 5,8 pontos. Na África do Sul, novo membro do BRICS, o ICE caiu de 6,3 para 6,2 pontos devido à piora das expectativas. Em todos esses países, tanto a avaliação da situação atual quanto as expectativas permanecem na zona favorável, indicando continuidade da fase de expansão do ciclo econômico.

Outros dois membros do BRICS — China e Brasil — registraram piora nos índices de clima econômico. Na China, a piora foi pequena e o ICE caiu de 5,2 para 5,1 pontos. No Brasil, o ICE passou de 6,7 para 5,9 pontos, resultado da queda de 7,7 para 7,2 pontos do ISA e de 5,7 para 4,6 pontos do IE. O Brasil passou da fase de expansão para a fase de declínio do ciclo econômico. A China continua na mesma posição da sondagem de janeiro — declínio, devido a um IE desfavorável.

O Índice de Clima Econômico em países desenvolvidos e emergentes, em abril (os números entre parênteses indica as pontuações em janeiro):

• Alemanha: 7,1 (7,1)
• Índia: 6,9 (6,8)
• EUA: 5,9 (6,4)
• Brasil: 5,9 (6,7)
• Rússia: 5,8 (5,7)
• União Europeia: 5,8 (5,6)
• Reino Unido: 5,3 (4,7)
• China: 5,1 (5,2)
• França: 5,0 (4,9)
• Japão: 3,4 (4,5)

ANTONIO MACHADO


EUA e China travam corrida tecnológica, focando independência do petróleo e hegemonia econômica


Mais desafiadora que as transformações econômicas no mundo é a perspectiva das novas tecnologias. Para onde está indo o mundo? Ninguém sabe
16/5/2011 - 20:14 - Antonio Machado


Muito mais desafiadora que as transformações econômicas em todo o mundo, com as economias avançadas estagnadas, os países emergentes engasgados pelo crescimento acelerado e o aumento da instabilidade política em várias regiões, é a perspectiva das novas tecnologias.

Para onde está indo o mundo? Ninguém sabe. Só se desconfia de que nada será como antes. Os sinais estão para onde quer que se olhe.

Na geopolítica, com a corrida entre China e EUA pelo domínio da economia (até agora com vantagem dos chineses) ditando o ritmo dos mercados de moedas, commodities e ativos financeiros. E forçando a especialização de economias (como a brasileira) em fornecedoras de alimentos e matérias-primas e importadoras de manufaturados.

Na tecnologia, com a China barrando os EUA como fabricantes por excelência de equipamentos para as novas energias de origem solar e eólica, depois de já tê-lo ultrapassado, quando não eliminado, de setores tradicionais, como o têxtil e o eletroeletrônico.

A moeda que conta na disputa sobre a ascensão relativa da China e a decadência dos EUA não é o dólar nem nenhuma outra, mas algo que não circula pelos mercados financeiros, embora esteja a determinar o seu curso futuro, e é o que estimula a civilização desde sempre: o progresso resultante do conhecimento. É ai que se trava a grande batalha. Menos dos EUA contra a China. Mas dos EUA consigo mesmo.

Se bem-sucedidos, voltarão a fazer do domínio tecnológico o seu instrumento de poder. Ou de dominação, segundo os críticos. Mas, se vencidos pela China, o país mais bem posicionado no cenário global, estarão como a Europa: rica, culta, influente - e insegura quanto à continuidade de seu invejável regime de bem-estar social.

A disputa pelo poder é travada pelas idéias revolucionárias para aplicação prática. Para os EUA, trata-se de se reerguer do pântano de dívidas em que estão atolados. Para a China, a questão é de sobrevivência. Mantido o crescimento das duas últimas décadas, da ordem de 9% ao ano, dificilmente haverá oferta abundante e a custo acessível para alimentar sua população e movimentar a indústria.

Como está o Brasil em meio a esse choque de poderes? Mal, absorto com investimentos da velha onda, como o petróleo, e encantado com empresas supostamente detentores de tecnologia avançada - caso da chinesa de Taiwan Foxconn, que promete investir US$ 12 bilhões em troca de subsídios maciços.

O que ela faz? Monta na China gadgets de terceiros, como iPhone e iPad da Apple. Não cria, junta peças seguindo manuais. Seu mérito é pagar salário vil e cobrar pouco.

Mudança de paradigma

É preciso parar para avaliar o que está acontecendo. O veterano estrategista de Wall Street, Jeremy Grantham, admirado pela sua sabedoria, já que se safou de todos os grandes tropeços dos EUA, recomenda ação. Num ensaio recente intitulado “Tempo de Acordar”, ele afirma que os preços de todas as commodities importantes, à exceção do petróleo, declinaram nos 100 anos até 2002 à taxa média de 70%. De 2002 até agora, toda a perda foi recuperada e superada.

Para Grantham, as commodities estão tão longe de sua tendência histórica que é muito provável que o paradigma tenha mudado - “o mais importante evento econômico desde a Revolução Industrial”.

Realistas. E sem visão

Cientistas e visionários não têm a visibilidade dos políticos nem dos economistas pop-stars do mercado financeiro. Descobre-se o que estão fazendo quando a novidade já está madura.

Um bom exemplo é o da internet: surgiu como uma rede militar até tornar-se aberta - e acessível a qualquer um graças a jovens alunos da Universidade de Chicago, criadores do Mosaic - software raiz da navegação da web.

Algo assim pode estar se passando com as tecnologias competitivas ao petróleo e ao carvão, principais insumos energéticos da China e EUA. Os ditos realistas caçoam. Apostam na longa vida do petróleo.

China e EUA parecem lhes dar razão. Estatais chinesas investem no pré-sal e o presidente Barack Obama disse em sua visita ao Brasil que os EUA querem ter relações estratégicas na área de energia.

Energia solar a US$1/W

É só isso? Não. O petróleo cada vez mais é tratado como insumo de transição, crítico até que surjam opções viáveis. Até quando? Está acontecendo: o plano quinquenal da China prevê a geração de 235 GW de energia limpa até 2015 - 70 GW dos quais de parques eólicos, 14 vezes acima da energia garantida da mal-amada usina de Belo Monte.

E os EUA? Já geram energia solar a US$ 1/watt, custo dos painéis fotovoltaicos à base de telúrio de cádmio, tecnologia adotada pela GE. O mundo está mudando. E nós discutindo estádios para a Copa.

Exemplos inspiradores

As Olimpíadas de 2008 foram para a China o momento de exibição ao mundo de seu majestoso desenvolvimento em apenas três décadas. As de 2004, em Atenas, semearam a ruína econômica da Grécia.

Estão ai exemplos inspiradores. O pré-sal não fará diferença, se o país só tiver 17 patentes por 100 mil habitantes, contra 1.285 da Coréia do Sul, 615 nos EUA, 104 das Rússia. Ou formar 32 mil engenheiros/ano, contra a demanda de 60 mil. O pré-sal, no melhor cenário, pagará a conta das festas. Mas não transformará o país.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Brasil cai 6 posições em ranking de competitividade
O país ficou no 44º lugar no World Competitiveness Yearbook
Queda reflete o aumento no custo de vida das famílias e a piora na eficiência da economia brasileira
São Paulo - Depois de registrar melhoras consecutivas desde 2007, o Brasil ficou menos competitivo no ano passado. O País caiu seis posições no Índice de Competitividade Mundial 2011 (World Competitiveness Yearbook), ficando no 44.º lugar. A queda reflete o aumento no custo de vida das famílias e a piora na eficiência da economia brasileira.
"É um alerta", disse o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, responsável pelo capítulo brasileiro do estudo. "O relatório não é conclusivo, mas permite identificarmos movimentos." O estudo é coordenado pelo International Institute for Management Development (IMD).
Arruda chamou atenção para quatro pontos: o aumento do crédito, que estaria levando a um endividamento excessivo dos consumidores; a alta da inflação, que já começou a ser sentida pelas famílias no ano passado; a valorização do câmbio, que tira competitividade do País lá fora; e a perda da eficiência na produção, que pode ser um sinal de desindustrialização do Brasil.
O País cresceu em empregos no ano passado, mas isso, paradoxalmente, acabou tendo impacto negativo na produtividade e na eficiência, fazendo com que o País caísse do 28.º lugar para o 52.º. "Foram criados empregos em atividades de baixo valor agregado", explicou Arruda. Apesar da crise, os Estados Unidos, que haviam ficado em terceiro lugar no ranking anterior, subiram para o primeiro, empatados com Hong Kong. Em seguida, aparecem Cingapura (que liderou a lista no ano anterior) e Suécia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Telefonia celular: acesso cresceu, mas qualidade piorou
Aumentou o acesso à telefonia celular - no começo dos anos 90, por exemplo, eram 800 mil celulares, hoje, mais de 200 milhões, mas nos últimos tempos, a qualidade do serviço está ficando muito pior. Todo mundo que usa celular vai concordar comigo.
E faço um desabafo: não estou aguentando mais. Ontem, estava no BNDES, para fazer uma entrevista com o ministro Mantega, e não conseguia falar. O modem da Vivo não funcionava. Fiz um comentário no twitter sobre isso e a quantidade de retweets foi grande. Cada um começou a contar o seu caso. A conclusão é que está havendo perda da qualidade geral de todas as operadoras.
Estamos na era da comunicação. As operadoras precisam ser apertadas pela Anatel para melhorarem a qualidade, investirem em infraestrutura. Outro dia, fui da Gávea ao Centro e a ligação caiu três vezes. Depois, voltou a funcionar, e a operadora me ligou em seguida para oferecer um novo pacote. Mas eu só queria que o serviço funcionasse.
Elas gastam muito em telemarketing para oferecer serviços e não para melhorar a cobertura. É da idade da pedra ter pontos cegos pela cidade.
A privatização foi um sucesso porque aumentou o acesso, fazendo com que o serviço fosse para mais gente, mas a qualidade está caindo.
Na semana passada, perguntei no blog se os internautas tinham problemas com as empresas de telefonia. Muita gente respondeu. Um leitor de Brasília, por exemplo, reclamou várias vezes com a operadora a respeito do sinal de cobertura e chegou a entrar em contato oito vezes com a Anatel.
Esse é o comentário da colunista de economia de O GLOBO sobre a qualidade dos serviços das operadoras de telefonia no Brasil (ao menos no Rio de Janeiro) atualmente. Como militante na área da qualidade, peço licença pra acrescentar o seguinte:
- a qualidade dos bens produzidos no Brasil, modo geral, vem melhorando desde 1990, mas em ritmo menor desde 2003, e sempre menos que melhora no exterior;
- a qualidade dos serviços – em geral – melhorou notavelmente desde 1990 – e principalmente após o advento do Código de Defesa do Consumidor – até fins de 1998
- a partir de 1999 a qualidade dos serviços (em geral, não só na telefonia celular) vem piorando, principalmente a partir de 2003.
A respeito dos sistemáticos descumprimentos de prazos (principalmente de grandes obras) frequentemente noticiados, podem-se acrescentar os seguintes comentários: são em geral maus sinais quanto à qualidade e aos custos respectivos. Qualidade de processos produtivos em geral é simplicidade mais objetividade, o que geralmente não se coaduna com longos prazos.