segunda-feira, 31 de outubro de 2011

CARROS QUE TE ENSINAM A ECONOMIZAR

Por JOSEPH B. WHITE
Lembra-se de quando seus pais brigavam com você por pisar fundo e desperdiçar gasolina? Agora seu carro também pode chamar sua atenção.

Tecnologias criadas para ajudar o motorista a dirigir de maneira mais eficiente, economizando combustível, estão aparecendo em muitos carros novos. As opções vão desde simples indicadores de consumo de gasolina até videogames interativos e um acelerador que empurra seu pé para trás quando você pisa com muita força no pedal.

As montadoras veem esses recursos como iscas para os compradores mais jovens com orçamento reduzido e que gostam de tecnologia. As novas funções também podem ajudar os fabricantes a cumprir normas de eficiência energética que estão sendo adotadas por vários países. Pesquisas indicam que esses alertas eletrônicos podem fazer uma diferença significativa no consumo de combustível, se o motorista realmente seguir os conselhos do sistema.

As montadoras estão pisando com cuidado nesse novo terreno. Elas querem envolver os clientes no esforço para economizar gasolina, mas não querem irritá-los e também não querem comprometer a segurança ao permitir que medidores que incentivam a economia distraiam o motorista. A maioria dessas tecnologias pode ser ignorada ou desligada se o usuário quiser.

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CloseMorgan J Segal Photography

Hyundai Veloster
Em um extremo dos recursos de treinamento do motorista está o Infiniti da Nissan Motor Corp. e seu "Eco Pedal". Esse acelerador, colocado no modo "Eco", empurra delicadamente seu pé para trás quando os computadores do carro decidem que você está pisando fundo demais. A Nissan começou a oferecê-lo como parte de um "pacote tecnológico" opcional, que inclui outros sistemas avançados de segurança.

Já o novo cupê esportivo de três portas Veloster 2012, da Hyundai Motor Co., oferece um videogame de economia de combustível programado na tela, que também exibe a localização do carro e os recursos de entretenimento e telecomunicações a bordo. O programa "Blue Max" mede a economia de combustível do carro a cada 10 minutos e dá uma pontuação. O motorista pode comunicar sua pontuação para outros proprietários de Velosters usando o Blue Link, a tecnologia de comunicação sem fio do veículo.

A economia de combustível é importante para o público-alvo do Veloster, que é a faixa jovem, diz Brandon Ramirez, gerente de planejamento de produtos da Hyundai Motor America. "A Geração Y gosta de videogames", diz ele, e por isso a escolha desse formato. Embora o carro acabe de ser lançado, os novos donos de Veloster já estão comparando resultados em um fórum on-line.

Não seria a primeira vez que os motoristas transformam a economia de combustível em um jogo. Alguns proprietários de carros híbridos e outros competem contra si mesmos e uns contra os outros fazendo "hiperquilometragem", ou seja, usando várias técnicas para reduzir o consumo de gasolina.

A Ford Motor Co. usa imagens de uma planta que vai crescendo à medida que o motorista dirige seu Fusion Hybrid com mais eficiência. E os híbridos Prius e Camry da Toyota têm mostradores que exibem com detalhes, em tempo real, a economia de combustível.

Um incentivo para as montadoras provarem esses recursos são as normas que o governo americano adotará em breve de eficiência energética, que darão créditos valiosos para aquelas que os instalarem nos carros. E os pesquisadores concluíram que sistemas que chamam a atenção do motorista com delicadeza dão bons resultados.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riverside estão experimentando há cerca de cinco anos com maneiras de dar aos motoristas um retorno instantâneo sobre a eficiência energética de sua maneira de dirigir. Os pesquisadores dessa universidade equiparam os carros de cerca de 20 pessoas com dispositivos que transmitiam aos motoristas informações sobre quilometragem por litro em tempo real. Receber essas informações resultou em uma economia de 5% a 15%, dizem os pesquisadores.

Agora os pesquisadores estão embarcando em um estudo maior, de três anos, financiado com US$ 1,2 milhão do Departamento de Energia dos Estados Unidos. A meta é descobrir quanto o motorista pode economizar se receber informações detalhadas sobre a rota que proporciona mais economia de combistível, com base nas condições do trânsito e das estradas, juntamente com uma tecnologia de treinamento que dá ao motorista feedback instantâneo sobre seu desempenho.

A economia "pode chegar a 30% em cenários ideais", diz Kanok Boriboonsomsin, um dos pesquisadores do projeto. É um objetivo válido, porque reduzir o consumo de um carro em 30% por meio de alterações de equipamento — como materiais mais leves, novas transmissões ou motores menores — pode sair muito caro.

Mesmo assim, a palavra "ideal" é importante: as condições ideais para dirigir com economia de combustível não são fáceis de encontrar nem de manter.

Num teste de um dos veículos de teste da UC Riverside — um Nissan Altima todo modificado, cheio de computadores e antenas, a aceleração para sair do estacionamento fez o consumo em tempo real cair bem abaixo da meta mostrada na tela, de cerca de 8,5 quilômetros por litro para dirigir na cidade. O desepenho melhorou numa descida, mas ao se acelerar na rampa de acesso para entrar no trânsito da estrada, o consumo de combustível em tempo real caiu para quatro quilômetros por litro.

Michael Todd, pesquisador da UC Riverside que acompanhou o teste, diz que acelerar demais para entrar numa rodovia pode sobrecarregar o sistema de filtragem da exaustão. Assim, o carro não só estará queimando muito combustível, como também poluindo o ar a um índice superior à média.

A mensagem dos dados da UC Riverside é que mudanças relativamente pequenas no comportamento do motorista podem gerar reduções substanciais no consumo de combustível. O problema central, diz Todd, é que "as pessoas em geral não são ensinadas a economizar combustível" quando aprendem a dirigir.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

VALOR ECONOMICO
Apenas cinco commodities garantem 47% das vendas externas do país
Por Sergio Lamucci | De São Paulo

Quase metade das exportações brasileiras se concentra hoje em apenas cinco commodities. De janeiro a agosto deste ano, as vendas de minério de ferro, petróleo em bruto, complexo soja, açúcar (bruto e refinado) e complexo carnes responderam por 46,8% do total destinado ao exterior. O percentual cresce ininterruptamente desde 2006, quando a fatia dos cinco produtos ficou em 28,2% nos oito primeiros meses daquele ano. Em 2010 inteiro, a parcela das cinco commodities atingiu 43,4%.

E, pra piorar, estão em queda.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

CONJUNTURA

25/10/2011 - 22:10
Metade dos jovens não trabalha
Jovens procuram a oportunidade do primeiro emprego nos postos do Sine

Dos brasileiros que têm entre 18 e 20 anos de idade, 50% estão desempregados

Ano passado, o desemprego entre os jovens de 18 a 20 anos chegou a 50% dessa faixa etária. Entre as mulheres é de 11,1% (contra 6,2% entre os homens). E entre os negros, 10% (contra 7,3% da população branca e 9,1% da parda).

Os dados constam do Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda 2010/2011, lançado pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O levantamento é dividido em seis tópicos: mercado de trabalho, intermediação de mão-de-obra, seguro-desemprego, qualificação profissional, economia solidária e juventude. As informações são da Agência Brasil.

O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, destacou o desemprego acima da média entre mulheres, negros e jovens. "Há ainda um caminho muito longo para que mulheres, negros e jovens tenham uma participação mais igualitária do ponto de vista da ocupação e das condições de trabalho, para que todas as pessoas possam ter um sistema de proteção social adequado", admitiu.

Ele ressalvou, porém, que, no geral, os dados mostram forte geração de empregos com carteira assinada, reduzindo o desemprego e a informalidade.

Ganz Lúcio destacou ainda o crescimento do setor das cooperativas, que já somam cerca de 25 mil no país, impulsionando a oferta de vagas.

Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o anuário é uma "fotografia numérica" do emprego em cada região. "Serve às políticas de emprego e qualificação do ministério, mas também para uma empresa que quer se instalar em determinada região saber se tem trabalhador qualificado para o tipo de serviço, se a faixa de salário do consumidor vai fazer com que valha a pena ele se instalar nessa região", explicou.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

24/10/2011 - 20:10
Menos juros, mais cadernos e livros!


A mudança de orientação do Comitê de Política Monetária do Banco Central, baixando pela segunda vez consecutiva a Selic, evidencia que o órgão está fazendo a leitura correta da conjuntura econômica brasileira e internacional. Não podemos ignorar a gravidade da crise fiscal na Europa e Estados Unidos e suas consequências para a economia brasileira, apesar de seu atual dinamismo e bom desempenho.

É preciso considerar que, embora tenhamos saído da crise de 2008 e 2009 mais rapidamente do que a maioria das nações e bastante fortalecidos em termos de ampliação do mercado interno e criação de empregos, o sinal de alerta está novamente aceso, com a redução das estimativas de expansão de nosso PIB este ano.

No âmbito desse cenário, parece insensata qualquer manifestação de defesa à manutenção da política de juros altos, sob alegação de que eles são necessários para conter o recrudescimento inflacionário.

Tal argumento é absolutamente infundado. Todos sabem que a alta da inflação, que continua sob controle, não decorre da relação oferta/demanda, hoje atendida a contento pela nossa indústria de transformação. O problema está atrelado ao aumento dos preços das commodities, dos alimentos e da energia, um fenômeno mundial, não sujeito às manobras estratégicas da política econômica e monetária do País.

Por todas essas razões, tem sido desconfortável observar a defesa dos juros altos por parte do sistema financeiro. Fica a sensação de que o setor está defendendo, em causa própria, uma tese econômica conflitante com as posições dos setores produtivos, incluindo empresários e trabalhadores.

Mesmo com a decisão do Copom em agosto e outubro, os juros básicos brasileiros continuam muito elevados. Considerados os spreads bancários, seguem como os mais altos do mundo, rivalizando-se com as taxas praticadas na Turquia.

Assim, não estão ameaçados os lucros obtidos pelo sistema financeiro com os juros e a "ciranda" relativa aos papéis da dívida pública. Ademais, os bons resultados dos bancos, sempre importantes para o país, como se verificou em 2008 e 2009, não devem estar atrelados apenas aos juros altos.

Acreditamos que, a exemplo do que ocorre em todos os ramos, a concessão em maior escala de créditos para financiamentos em produção possa, igualmente, propiciar-lhes lucros adequados e, com certeza, beneficiar o país e a sociedade de modo mais amplo. Quanto mais produção, menos inflação, mais empregos e geração de renda.

No caso do setor gráfico brasileiro, parque industrial constituído por 20 mil empresas e mantenedor de 200 mil empregos, a queda dos juros é fator de extrema importância. Constituída, em sua grande maioria, por pequenas e microempresas, a atividade ganha musculatura para investir quando passa a pagar menos pelo dinheiro.

Investir mais significa ampliar o aporte tecnológico, melhorar a qualidade e a produtividade, adotar métodos produtivos ecologicamente corretos, criar mais empregos, gerar e distribuir mais renda e ganhar competitividade, já abalada também por fatores como o câmbio apreciado, impostos exagerados e anacrônicos encargos sociais, agora agravados pelo aviso prévio de até 90 dias.

Resultado: no primeiro semestre deste ano, a indústria gráfica teve déficit de US$ 103,6 milhões em sua balança comercial, o que representa um aumento de 234% em relação a igual período de 2010. Assim, é chegada a hora de substituir juros por mais cadernos e livros, embalagens mais baratas para os remédios e produtos da cesta básica, emprego e renda. A Nação agradeceria muito!



Fabio Arruda Mortara

Presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP).

GOVERNO INSISTIRÁ NA QUEDA DOS JUROS
É importante, até por questão de clareza e parceria, deixar claro ao mercado que o governo Dilma realmente pretende reduzir a Selic a níveis civilizados. Talvez fôsse importante definir meta pra Selic ao fim de 2012, por que o mercado prevê aquela taxa em 10,5% ao fim do ano que vem, e pode depois alegar "ter sido pego de surpresa", como fêz após 30/08. De qualquer forma, é digna de todos os louvores a dedicação de Dilma a tal causa, que pode vir a revolucionar a economia pátria, causando mais benefícios à população, via estímulo às exportações, redução de importações, aumento extraordinário da
taxa de investimentos e melhoria enorme no mercado de trabalho, etc.
O cenário, pra mim claro, mas em fase de clarificação pro mercado, é: o governo (Fazenda, Planejamento etc) controla os gastos públicos; o BC controla a moeda (meios de pagamento= moeda, crédito etc); a inflação, com colaboração de certa deflação externa, cai suavemente; o COMPOM reduz controlada e dosadamente a Selic; tal fato desenrola-se por todo o governo Dilma, se necessário; a ciranda financeira é gradativamente desmantelada; os R$ 1.800.000.000.000,00 (hum trilhão e oitocentos bilhões de reais) de endividamento público caem, por que emprestar ao governo torna-se cada vez menos compensador; parte do montante busca outros países, "enxugando" o mercado de moeda estrangeira; o dólar sobe (mas a inflação não, devido ao controle dos gastos públicos e da moeda), rumo ao patamar correto, o que incentivará as exportações e desincentivará as importações, estimulando e protegendo a atividade econômica interna, particularmente a indústria; outra parte, talvez mais substancial, abandona a especulação e volta-se, corretamente, pra produção; a taxa de investimentos sobe grandemente, muitas novas empresas
surgem em função disso, outras são expandidas, o mercado de capitais cresce grandemente, o imobiliário também (a Caderneta de Poupança está no caminho, mas será adequadamente manobrada); o mercado de trabalho inverte a mão: de abundancia a falta de mão de obra em comparação com a quantidade de empregos
ofertada, os cerca de 6.000.000 de desempregados são em sua maioria empregados; a disputa por mão de obra eleva os salários; o consumo também é estimulado pela queda dos juros, pelo aumento do nível de emprego
e pela elevação dos salários; a economia entra em círculo virtuoso; pode-se até visualizar, continuando o governo a controlar gastos e moeda, um ponto em que, não tendo mais como reduzir os juros, o governo superavitário consiga começar a reduzir impostos (coisa pra no mínimo alguns anos, claro).
É ou não é melhor que o Plano Real e o Bolsa Família juntos? E é exatamente o que o atual governo está tentando fazer. Tem o brilhantismo da simplicidade e a genialidade do que é bem concebido. É simples por que é o bê-a-bá de economia, é seguro (desde que bem praticado) por que apoiado na melhor teoria e no que sucede e sucedeu em n países que seguiram tal caminho. Leva o juro pra nível civilizado, civiliza também o câmbio, civiliza a taxa
de emprego, e eleva a de investimentos. Simples assim. Sem forçações, sem artificialismos, de modo civilizado.
E nem estou falando da melhoria da gestão das estatais que o governo também está por introduzir, obrigando-as a uma gestão de qualidade equivalente à da gestão de boas empresas privadas. Sério, esse governo promete, no ótimo sentido.

sábado, 22 de outubro de 2011

ACERTOS

Nos dias 4 e 5 deste mês postei artigos sobre a crescente perda de mercados de commodities pelo Brasil, fato jamais antes constatado. No dia 13 deste mês chegou às bancas edição da EXAME (a melhor revista brasileira sobre negócios) com vários artigos sobre a perda de competitividade brasileira, em particular sobre a perda desta competitividade nas culturas de soja, açúcar, carne e celulose. Todos sabemos as causas do problema, mas nem por isso deixarei de repetir: burocracia - corrupção – infra-estrutura - educação - taxa de juros - taxa de câmbio - taxa de investimentos - taxa de poupança - taxa de desemprego (¨6% não tem nada de pleno emprego, por que corresponde a mais de 6.000.000 de desempregados) - carga de impostos - gestão pública - reforma tributária - reforma trabalhista - reforma política - estratégia superada - posicionamento geopolítico superado. Uma possível solução e que o governo atual parece estar seguindo: controlando os gastos públicos (evitar inflação), reduzir a taxa de juros, de forma ordenada e capitaneada, é claro, pelo BC. Tal providência tende a colocar em seus devidos lugares a taxa de juros, de câmbio, de emprego, e de investimentos, de uma só vez. E pode vir a trazer melhores resultados pra economia e pra pessoas que o Plano Real e o Bolsa Família juntos. Mas é necessário em simultâneo adotar outras iniciativas, visando solucionar ou ao menos reduzir as más conseqüências dessas causas. Agora há a notícia de que, em 19 deste será criada uma empresa governamental destinada a estimular a inovação pátria. O posicionamento geopolítico atual também parece melhor que o da gestão (?) anterior. Do mesmo modo, ministros e assessores acusados de corrupção também estão respondendo devidamente, ao contrário do que antes ocorria. A melhora da gestão pública também vem sendo buscada, tendo sido pra tanto criado o Conselho de Competitividade. Então, tudo indica que a atual gestão se preocupa com a competitividade e busca melhorá-la, o que pode evitar que o Brasil amanhã ou depois não tenha o que distribuir ao mais necessitados, por ter ficado com sua produção prejudicada. Porém tais providências também serão utilizadas para continuar adiando as reformas, tão necessárias.

Como salvar a indústria brasileira?
Por Naercio Menezes Filho

"A produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo" Paul Krugman

Os responsáveis pela política econômica do país têm declarado repetidas vezes que é necessário proteger a indústria brasileira da concorrência predatória de outros países, de forma a preservar o nosso mercado para a indústria brasileira. Com esse objetivo, várias medidas de isenção fiscal tem sido implementadas nos últimos meses. Mas, será que os programas de ajuda à indústria fazem sentido do ponto de vista da sociedade como um todo? Como os produtos estrangeiros conseguem chegar tão baratos ao mercado brasileiro? Enfim, conseguiremos salvar nossa indústria?

Em primeiro lugar, é preciso ficar claro que o objetivo da política econômica não deve ser o de preservar o mercado interno brasileiro para as empresas nacionais, mas sim o de aumentar o bem-estar da população brasileira no longo prazo. A população brasileira é composta de empresários e trabalhadores da indústria, mas também de empresários e trabalhadores de outros setores e, principalmente, de milhões de consumidores. Devemos nos preocupar com todos eles.

Principal caminho para proteger a indústria da concorrência de importados é aumentar a sua produtividade

Mas, a queda na participação da indústria no mercado interno merece uma análise mais detalhada. Afinal, como podem os carros coreanos, por exemplo, chegar ao nosso mercado com qualidade tão superior aos produzidos aqui na mesma faixa de preço? Na verdade, a "invasão" de produtos industriais importados no nosso mercado doméstico reflete, em grande medida, o diferencial de produtividade entre o Brasil e os seus principais parceiros comerciais, que é acentuada no caso da indústria.

Segundo a Conference Board (www.conference-board.org), a produtividade média do trabalhador brasileiro equivale a apenas 20% da produtividade do trabalhador americano. Isso significa que o trabalhador brasileiro demora cinco dias para produzir o mesmo que o trabalhador americano faz em um dia. Já o trabalhador coreano tem uma produtividade média três vezes maior que o brasileiro, ou seja, enquanto o brasileiro produz um automóvel, o coreano já produziu três. Isso explica, em parte, porque os carros coreanos são muito superiores aos produzidos aqui.

Além disso, a situação está piorando ao longo do tempo. Enquanto a produtividade do trabalho nos principais países emergentes (Brics, México, Indonésia e Turquia) aumentou 6,1% por ano entre 2005 e 2010, no Brasil, ela aumentou apenas 2,1%. Na China a produtividade aumentou 9,8% e na Coreia 3,9%. Ou seja, além de termos uma produtividade bem menor do que nossos concorrentes diretos, estamos ficando cada vez mais para trás.

No caso específico da indústria, a situação é ainda pior. Um estudo recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento mostrou que a produtividade do trabalho na indústria brasileira está regredindo em termos relativos. Ela equivalia a 30% da americana em 1973 e declinou para apenas 20% em 2004. Em contrapartida, a produtividade na agricultura aumentou de 10% para mais de 50% da americana no mesmo período. Ou seja, enquanto a produtividade agrícola está convergindo para o padrão dos países desenvolvidos, a produtividade industrial está ficando cada vez mais para trás.

O que fazer? Temos duas alternativas. A primeira é proteger diretamente a indústria brasileira, aumentando as tarifas de importação ou diminuindo os impostos. A segunda é criar condições para que a indústria aumente sua produtividade, revertendo o padrão dos últimos anos. A segunda opção é claramente superior à primeira. Vejamos por quê.

Aumentos de tarifas simplesmente aumentam o preço dos bens produzidos no Brasil em comparação com outros países. Sabe-se, por exemplo, que os automóveis produzidos no Brasil (com nossos trabalhadores, nossa infraestrutura, nosso judiciário e nossa taxa de juros) são bem mais caros no nosso próprio país do que em países vizinhos, como Chile e México. A diferença é que esses países têm acordos de livro comércio com a Coreia ou EUA, o que aumenta a concorrência e diminuí o preço do carro nos seus mercados.

Além de aumentar os preços dos produtos, isenções de impostos e tarifas fazem com que a indústria seja mais generosa com seus trabalhadores. Com efeito, os trabalhadores da indústria têm recebido aumentos de salários muito acima do crescimento da produtividade nos últimos três anos, o que diminui ainda mais a competitividade. Assim, políticas diretas de isenção de impostos significam transferências de renda do consumidor para as empresas e trabalhadores industriais, sem crescimento da produtividade e competitividade.

Em suma, para proteger a indústria da concorrência de importados, o principal caminho é aumentar a sua produtividade. Dessa forma, políticas como a criação de um instituto de pesquisa para a indústria, a concessão de bolsas de estudo no exterior para alunos da área de exatas, aumento da qualidade da educação básica e programas nacionais de ensino técnico são corretas. Entretanto, só terão efeito no médio prazo. Até lá nossos empresários terão que inovar se quiserem sobreviver.

Naercio Menezes Filho é professor titular - Cátedra IFB e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e professor associado da FEA-USP, escreve mensalmente às sextas-feiras (email: naercioamf@insper.edu.br)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Corte nos juros demanda baixa dos gastos públicos, diz CNDL

Qua, 19 de Outubro de 2011 20:04



A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) informou em nota ter aprovado a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de cortar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, mas reforça que "o ajuste na Selic tem que vir em sintonia com uma política fiscal mais austera, que possa conduzir o País a um crescimento saudável e duradouro no médio e longo prazo".

Para o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, a redução dos juros, em um momento em que a inflação oficial acumula alta de 7,31% em 12 meses, tem de ser combinada com um ajuste no gasto público, a fim de diminuir a pressão especulativa com o capital externo e o descompasso entre oferta e demanda.

“Temos visto que economias mais desenvolvidas, que por anos tiveram excesso de liquidez, não fizeram o dever de casa e hoje sofrem com déficits altíssimos, o que hoje é o grande problema do repique da crise”, disse. Pellizzaro Junior recordou que nos últimos 12 meses, o governo federal conseguiu guardar 3,8% das suas riquezas (superávit primário) para pagar os juros da dívida pública. Ao mesmo tempo, reservou outros 5,8% do PIB (Produto Interno Bruto) ao pagamento efetivo dos juros, o que gerou um déficit público de 2% do PIB.

“Com a redução dos juros, teremos uma diminuição nesse tipo de despesa, porque hoje boa parte da nossa dívida pública ainda está indexada à taxa Selic. Com uma fatia menor indo para o pagamento dos juros, sobra mais dinheiro para investir no que é realmente necessário, como saúde, educação e infraestrutura”, explicou.
(Redação - Agência IN)

Relatório do Banco Mundial aponta melhorias que facilitam negócios em 183 países
19/10/2011

Um novo relatório do IFC e do Banco Mundial, publicado hoje (19) conclui que 17 das 32 economias da América Latina e do Caribe implementaram reformas regulatórias para facilitar a prática de se fazer negócios para os empresários locais no ano passado. Chile, Peru, Colômbia e México permanecem na liderança regional das melhorias regulamentares e utilizam as novas tecnologias na melhora da transparência e no acesso à informação em toda a região.

O levantamento Doing Business 2012: Fazendo negócios num mundo mais transparente analisa regulamentos que afetam as empresas nacionais em 183 economias e as classifica em 10 áreas, tais
como a resolução de insolvência e comércio entre fronteiras. Este ano, o ranking de facilidade para se fazer negócios foi expandido para incluir o indicador ‘Obtenção de eletricidade’.

Países na Liderança

O Chile é o líder regional na facilidade de se fazer negócios, ocupa a 39º posição no ranking global. O país facilitou a abertura de empresas concedendo, de forma imediata, licença provisória para funcionamento de novas empresas e agilizou o comércio exterior através da implementação de sistema eletrônico para intercâmbio on-line de dados das operações aduaneiras. O Peru, que ocupa a posição 41º, fortaleceu a proteção ao investidor e aboliu a exigência de capital mínimo para as pequenas empresas.

A Colômbia está entre as 12 economias do mundo que mais fortaleceu a facilidade de fazer negócios em 2010 e 2011. Ela ocupa a posição 42º e tornou mais fácil abrir um negócio, pagar impostos, e lidar com o processo de insolvência.

Nos últimos seis anos, Colômbia, México e Peru estiveram entre as 40 economias mundiais que mais implementaram reformas para melhorar o ambiente regulatório para os seus empreendedores. Este ano, o México permaneceu se esforçando para melhorar o ambiente regulatório para as empresas, aliviando os encargos administrativos relacionados ao pagamento de impostos, melhorando o acesso ao crédito, e facilitando o processo de obtenção de licenças de construção, reformas. Tais reformas o permitiram galgar a posição 53º no ranking mundial.

“Governos na América Latina e no Caribe continuam a adotar novas tecnologias para facilitar a vida de empresas locais", declarou Augusto Lopez Claros, Diretor, Indicadores Globais e Análise, Banco Mundial. "Eles facilitaram o processo de pagamento de impostos, obtenção de crédito, operações de comércio exterior, e registro de propriedades."

O Brasil melhorou o sistema de informação de crédito, permitindo que agências de crédito privadas possam coletar e compartilhar informações positivas. O país ocupa a 126ª posição no ranking, pior do que a que ocupava no ano passado, quando estav em 120º lugar.

Cinco das sete economias regionais que facilitaram o pagamento de impostos o fizeram através da melhoria dos sistemas de submissão eletrônica. Paraguai e Uruguai melhoraram seus sistemas de informação de crédito através da introdução de plataformas on-line permitindo o acesso aos relatórios de crédito por instituições financeiras. Melhoras na tecnologia levaram a reformas na área de comércio exterior no Chile e Honduras.

"A atividade econômica é suportada por regras que aumentam a eficiência e transparência e sejam acessíveis a todos", declarou Sylvia Solf, principal autora do relatório. Novos dados mostram que os governos ao redor do mundo estão fazendo uso de novas tecnologias para facilitar o acesso as informações pertinentes e aumentar a transparência na regulamentação de negócios.

Na América Latina, 25 economias apresentam as exigências de documentação para o comércio exterior disponíveis on-line ou através de avisos ou editais públicos. Transparência e eficiência muitas vezes caminham lado a lado. Mundialmente, os processos comerciais são, em média, duas vezes mais rápidos nas economias nas quais as exigências de documentação são facilmente acessíveis.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Situação da fome no mundo é alarmante, diz FAO

Ter, 18 de Outubro de 2011 11:58



Representantes da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM) advertiram hoje (18) a comunidade internacional sobre a situação da fome no mundo, considerada por eles alarmante e dramática. Para os especialistas, a situação se agrava com o crescimento da população mundial e a elevação constante dos preços dos alimentos. A região que mais sofre no mundo é a conhecida como Chifre da África onde está a Somália.

“Uma em cada sete pessoas no mundo vai para a cama com fome, na maioria mulheres e crianças”, disse a diretora da representação do PAM em Genebra (Suíça), Lauren Landis, no seminário intitulado Lutar Juntos Contra a Fome. “A fome mata anualmente mais pessoas do que o vírus que transmite a Aids, a malária e a tuberculose”, acrescentou.

No período de 2005 a 2008, os preços dos alimentos atingiram o nível mais elevado dos últimos 30 anos. Os alimentos mais afetados são o milho e o arroz. “A situação assumiu proporções dramáticas a partir de 2008, quando os preços alcançaram um pico histórico e quase duplicaram num período de três a quatro anos”, disse o diretor da FAO em Genebra, Abdessalam Ould Ahmed.

Ahmed acrescentou ainda que a situação atual é “mais dramática” porque o aumento dos preços dos alimentos ocorre no mesmo momento do agravamento da crise econômica internacional.

Para ele, a elevação dos preços é uma consequência, entre outros fatores, do aumento substancial da população mundial. “Cada ano existem no mundo mais 80 milhões de bocas para alimentar”, disse Ahmed. As informações são da Agência Brasil.
(Redação - Agência IN)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Brasil é o 5º país em desempenho do setor de TI na AL
16/08/2011

Um estudo que avalia o desempenho do setor de TI em toda a América Latina, aponta que o Brasil ocupa, no segundo trimestre de 2011, a 5ª posição entre os países da região, com 4,36 pontos – crescimento de 2,5% em comparação com igual período do ano anterior. O levantamento é realizado pela Everis, consultoria de negócios, tecnologia e outsourcing, em parceria com o IESE Business School.

Apesar do crescimento no Brasil, o país ficou abaixo da média da região, que totalizou 4,43 pontos. De acordo com o estudo, que analisa os mercados na Argentina, no Brasil, no Chile, na Colômbia, no México e no Peru, isso aconteceu por causa da influência negativa dos aspectos econômicos, social, institucional e de infraestrutura do País, que obtiveram, no trimestre avaliado, expansão de 0,7%, a menor do último ano e meio.

No entanto, o Brasil foi o único da região que aumentou a pontuação das nove variáveis que compõem o indicador do estudo. São elas: usuários de internet, usuários de banda larga, telefones móveis por habitantes, computadores, servidores seguros, importação de bens, vendas de varejo on-line, domínios de internet e usuários de redes sociais.

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No item assinante do serviço de banda larga fixa, na América Latina a Argentina foi a que apresentou maior crescimento: 123 assinantes para cada mil habitantes. Já o Brasil registrou 68 assinantes para cada mil habitantes (incremento interanual de 17,7%).

Nas vendas de varejo on-line, na região, o Brasil ocupa a segunda posição com 70 dólares anuais per capita, aumento de 39,4%. Em primeiro está o Chile com 142 dólares anuais per capita. Em todo o mundo, a União Europeia tem destaque nesse quesito, com 528 dólares anuais por pessoa.

Em telefonia móvel, o Brasil, com 1.051, supera a França em número de terminais, atualmente com 979. No quesito redes sociais, o País nãoo está bem. O número de usuários de redes sociais, medido pela quantidade de usuários ativos no Facebook, registrou na América Latina 137 usuários para cada mil habitantes, mais que o dobro de um ano atrás. O Brasil ocupa a última posição com 44 usuários para cada mil habitantes. No topo está o Chile (427 usuários para cada mil habitantes).

Seis vacinas que os adultos precisam tomar
Essas doenças continuam perigosas mesmo na idade adulta
Por Fernando Menezes
Nesta segunda-feira, dia 17, é comemorado o Dia Nacional da Vacinação para lembrar que não são apenas as crianças que devem estar com a carterinha em dia. Em todas as fases de nossa vida, estamos suscetíveis a infecções por vírus e bactérias que, se não tratadas, podem causar muitos problemas. "Faz parte da cultura dos brasileiros achar que vacinação é assunto de criança. Mesmo que esse quadro esteja mudando, os adultos ainda não tratam as vacinas com seriedade", diz o infectologista Paulo Olzon, da Unifesp.
As doenças crônicas que se manifestam mais na vida adulta são fortes indicadores de que o individuo precisa se vacinar. "As pessoas que estão em grupos de risco, como as pessoas com mais de 60 anos ou aquelas que têm doenças crônicas, devem sempre estar informadas sobre a vacinação", explica o especialista.
Vacina dupla tipo adulto - para difteria e tétano
A difteria é causada por uma bactéria, que é contraída pelo contato com secreções de pessoas infectadas. Ela afeta o sistema respiratório, causa febres e dores de cabeça, em casos graves, pode evoluir para uma inflamação no coração.
A toxina da bactéria causadora do tétano compromete os músculos e leva a espasmos involuntários. A musculatura respiratória é uma das mais comprometidas pelo tétano. Se a doença não for tratada precocemente, pode haver uma parada respiratória devido ao comprometimento do diafragma, músculo responsável por boa parte da respiração, levando a morte. Ferir o pé com prego enferrujado que está no chão é uma das formas mais conhecidas do contágio do tétano.
A primeira parte da vacinação contra difteria e tétano é feita em três doses, com intervalo de dois meses. Geralmente, essas três doses são tomadas na infância. Então confira a sua carteira de vacinação para certificar-se se a vacinação está em ordem. Depois delas, o reforço deve ser feito a cada dez anos para que a imunização continue eficaz. É nesse momento que os adultos cometem um erro, deixando a vacina de lado.
Vacina Tríplice-viral para sarampo, caxumba e rubéola
Causado por um vírus, o sarampo é caracterizado por manchas vermelhas no corpo. A transmissão ocorre por via respiratória. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a mortalidade entre crianças saudáveis é mínima, ficando abaixo de 0,2% dos casos. Nos adultos, essa doença é pouco observada, mas como a forma de contágio é simples, os adultos devem ser imunizados para proteger as crianças com quem convivem.
Conhecida por deixar o pescoço inchado, a caxumba também tem transmissão por via respiratória. Mesmo que seja mais comum em crianças, a caxumba apresenta casos mais graves em adultos, podendo causar meningite, encefalite, surdez, inflamação nos testículos ou dos ovários, e mais raramente no pâncreas.
Já a rubéola é caracterizada pelo aumento dos gânglios do pescoço e por manchas avermelhadas na pele, é mais perigosa para gestantes. O vírus pode levar à síndrome da rubéola congênita, que prejudica a formação do bebê nos três primeiros meses de gravidez. A síndrome causa surdez, má-formação cardíaca, catarata e atraso no desenvolvimento.
O adulto deve tomar a tríplice-viral se ainda não tiver recebido as duas doses recomendadas para a imunização completa quando era criança e se tiver nascido depois de 1960. O Ministério da Saúde considera que as pessoas que nasceram antes dessa data já tiveram essas doenças e estão imunizados, ou já foram vacinados anteriormente.
Mesmo que todos com essas características devam ser vacinados, as mulheres que pretendem ter filhos, que não foram imunizadas ou nunca tiveram rubéola devem tomar a vacina um mês antes de engravidar, já que a rubéola é bastante perigosa quando acomete gestantes, podendo causar deformidade no feto.
Vacina contra a hepatite B
A Hepatite B é transmitida pelo sangue, e em geral não apresenta sintomas. Alguns pacientes se curam naturalmente sem mesmo perceber que tem a doença. Em outros, a doença pode se tornar crônica, levando a lesões do fígado que podem evoluir para a cirrose. "A imunização contra essa doença é importante, pois ela pode causar problemas sérios, como câncer no fígado", diz Paulo Olzon.
De acordo com o especialista, há algumas décadas, o tipo B da hepatite era o mais encontrado, já que ela pode ser transmitida através da relação sexual e as pessoas não tomavam cuidado com a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Depois de uma campanha de vacinação e imunização, e da classificação da hepatite C pelos médicos, ela não pode ser vista como epidemia, mas ainda é preciso tomar cuidado com essa doença.
Até os 19 anos, todas as pessoas podem tomar a vacina contra hepatite B, gratuitamente, em qualquer posto de saúde. A aplicação da vacina também continua de graça, quando o adulto faz parte de um grupo de risco. "Pessoas que tenham contato com sangue, como profissionais de saúde, podólogos, manicures, tatuadores e bombeiros, ou que tenham relacionamentos íntimos com portador da doença são as mais expostas a essa doença", diz o especialista. Fora isso, qualquer adulto pode encontrar a vacina em clínicas particulares.
Pneumo 23 - Pneumonia
O pneumococo, bactéria que pode causar a pneumonia, entre outras doenças, pode atacar pessoas de todas as idades, principalmente indivíduos com mais de 60 anos. "Pessoas com essa idade não podem deixar de tomar a vacina pneumo 23", diz Paulo Olzon.
A pneumonia é o nome dado a inflamação nos pulmões causada por agentes infecciosos (bactérias, vírus, fungos e reações alérgicas). Entre os principais sintomas dessa inflamação dos pulmões, estão febre alta, suor intenso, calafrios, falta de ar, dor no peito e tosse com catarro. Adultos com doenças crônicas em órgãos como pulmão e coração -alvos mais fáceis para o pneumococo, devem tomar essa vacina sempre que há uma campanha de vacinação.
Mesmo que ela seja uma das vacinas mais importantes para ser tomadas é a única vacina do calendário que não é oferecida em postos de saúde. É preciso ir a um Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais, em locais como o Hospital das Clínicas e a Unifesp.
Vacina contra a febre amarela
A febre amarela é transmitida pelo mesmo mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. A doença tem como principais sintomas febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (pele e olhos amarelados) e hemorragias. "Se a febre amarela não for tratada, pode levar a morte", explica o especialista.
Por ser uma doença grave, e com alto índice de mortalidade, todas as pessoas que moram em locais de risco devem tomar a vacina a cada dez anos, durante toda a vida. Quem for para uma dessas regiões precisa ser vacinado pelo menos dez dias antes da viagem. No Brasil, as áreas de risco são: zonas rurais no Norte e no Centro-Oeste do país e alguns municípios dos Estados do Maranhão, do Piauí, da Bahia, de Minas Gerais, de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Mesmo que os efeitos colaterais mais sérios sejam muito raros, a vacina contra febre amarela deve ficar restrita aqueles indivíduos que moram ou irão viajar para algum lugar de risco. "Nesse sentido, a preocupação dos médicos está relacionada ao risco de reação alérgica grave ou anafilática, que pode levar a morte os pacientes propensos", explica o infectologista Paulo Olzon.
Vacina contra o influenza (gripe)
A vacina contra gripe deve estar na rotina de quem está com mais de 60 anos. "Muitas pessoas deixam de tomá-la com medo da reação que ela pode causar. Mas isso é um mito, já que a suposta reação do corpo não tem nada a ver com a vacina, e sim com a própria gripe. Isso porque, o vírus da gripe fica semanas em nosso corpo sem se manifestar e a proteção da vacina não é imediata como as pessoas imaginam", diz o especialista.
A gripe é transmitida por via respiratória, leva a dores musculares e a febres altas. Seu ciclo costuma ser de uma semana. Pessoas com mais de 60 anos podem tomar a vacina nos postos de saúde, enquanto os mais jovens podem ser vacinados em clínicas particulares.
"Os idosos que não querem esperar até a campanha anual de vacinação contra a gripe podem tomar a vacina em clínicas particulares em todas as épocas do ano", diz Paulo Olzon.

BRASILEIROS CRIAM “KIT GELADEIRA” PRA ECONOMIA DE ENERGIA
São Paulo - A geladeira é um dos eletrodomésticos que mais gastam energia. Para amenizar tal impacto negativo, dois brasileiros Mirko Chávez Gutiérrez e Vivaldo Silveira Júnior criaram um “Kit geladeira”, capaz de economizar até 15% na conta de energia. A intenção dos inventores é que o produto tenha baixo custo.
A dupla, que é formada por dois pesquisadores da Unicamp, desenvolveu um kit composto de um reservatório, uma pequena bomba hidráulica e um tubo de PVC, para a circulação e a distribuição de água que se condensa no exterior do refrigerador.
O reservatório deve reter a água que cai da geladeira para que possa ser bombeada novamente. Ele pode ser adaptado a qualquer refrigerador, mesmo aos modelos mais antigos.
O protótipo foi testado em diferentes condições de temperatura e em todas as regiões do Brasil. Com isso os inventores perceberam que o equipamento é eficiente tanto nos locais em que o clima é frio, como no Sul, até onde as temperaturas são altas, como no Nordeste.
De acordo com os pesquisadores, para que a implantação do kit seja de baixo custo e tenha eficiência suficiente é preciso antes que as empresas montadoras demonstrem interesse. Desta forma, o dispositivo poderá ser produzido em escala comercial.
“Não queríamos que o custo fosse elevado. O investimento inicial no kit é de apenas R$ 40,00 aproximadamente, por equipamento. Considerando que é uma tecnologia inovadora e de fácil aplicação, nota-se que ela tem tudo para impactar positivamente a comunidade em geral com o apelo de conseguir uma melhora do desempenho energético e de gerar uma poupança em famílias de qualquer parte do Brasil”, explicam eles.
Outra vantagem é que o equipamento faz com que a temperatura interna da geladeira oscile com menos frequência, devido a isso os alimentos são conservados por mais tempo.
Para chegar aos 15% de economia foi levando em conta o custo de uma tarifa residencial de R$ 0,331/kWh, que representa uma economia mensal de R$ 23,44, de acordo com testes comparativos que foram desenvolvidos em um refrigerador com e sem o dispositivo.
Os pesquisadores da Unicamp afirmam que no Brasil as iniciativas para a economia energética destes equipamentos ainda são mínimas. Até existe uma busca por encontrar estratégias de eficiência, porém as medidas baseiam-se quase que exclusivamente às trocas de refrigeradores, ou seja, acontece apenas uma substituição.
“Se alcançarmos a massificação do dispositivo estudado, será uma estratégia mais agressiva do que apenas substituir um equipamento por outro”, afirma Silveira Junior. Até porque esta troca pode representar outro problema ambiental, uma vez que cresce o número de geladeiras descartadas. Com informações do Voluntários Online.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Exportações do agronegócio ultrapassam US$ 90 bi

Qui, 13 de Outubro de 2011 00:58



As exportações do agronegócio brasileiro atingiram a cifra recorde de US$ 90,3 bilhões nos últimos 12 meses (outubro/2010 a setembro/2011). O valor representa uma expansão de 24,8% em relação aos US$ 72,3 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. As importações cresceram 33,6% e alcançaram o montante de US$ 16,6 bilhões no intervalo. A diferença resultou num superávit da balança comercial do setor de US$ 73,6 bilhões.

Dentre os principais setores exportadores, destacam-se o complexo soja – com vendas totais de US$ 22,2 bilhões e um incremento de 35,6% –; o complexo sucroalcooleiro, com exportações de US$ 15,9 bilhões e uma variação positiva de 25,1%; e as carnes, com valor comercializado de US$ 15 bilhões e elevação de 12,1%. Complementam as cinco primeiras posições os produtos florestais (US$ 9,6 bilhões) e o café (US$ 8,1 bilhões). As variações foram obtidas por meio de comparações com os números do ano anterior.

Os destinos mais representativos das exportações brasileiras seguem sendo a Ásia – que absorveu 30,8% de todas as vendas do agronegócio brasileiro no último ano – e a União Europeia, responsável pela compra de 26,2% dos produtos comercializados pelo Brasil. Na análise por países, a China permanece como grande destaque e em contínuo crescimento. Sozinho, o país adquiriu 16% (US$ 14,4 bilhões) de todos os produtos agrícolas brasileiros exportados nos últimos 12 meses. Dentre os crescimentos das exportações mais expressivos, destacam-se Argélia (76,4%), Japão (54,3%) e Espanha (49,3%).

(Redação - Agência IN)

Déficit na balança de produtos químicos sobe 31% até setembro

Qui, 13 de Outubro de 2011 15:42



O Brasil importou US$ 4 bilhões em produtos químicos em setembro deste ano. O valor representa queda de 9,8% em relação a agosto deste ano, mas aumento de 22,9% na comparação com setembro de 2010, segundo informações divulgadas hoje pela Associação Brasileira da Indústria Quimica (Abiquim).

Somente em intermediários para fertilizantes, foram importados mais de US$ 978 milhões em setembro, 102,7% mais do que no mesmo mês do ano passado. De janeiro a setembro, as compras externas de produtos químicos somam US$ 31,2 bilhões, aumento de 28,6% frente ao mesmo período de 2010. As exportações, de US$ 1,5 bilhão em setembro, declinaram 2,7% na comparação com agosto, embora tenham crescido 26% em relação ao mesmo mês de 2010. No acumulado do ano, as vendas externas alcançaram US$ 12 bilhões, valor 24,7% superior ao registrado em igual período do ano passado.

O déficit na balança comercial de produtos químicos, até setembro, chegou a US$ 19,3 bilhões, 31,2% mais do que o registrado em igual período de 2010. Nos últimos 12 meses (outubro de 2010 a setembro deste ano), o déficit é de US$ 25,2 bilhões. O valor, recorde histórico, é 8,6% maior do que o déficit de US$ 23,2 bilhões registrado em 2008. De janeiro a setembro deste ano, as importações de intermediários para fertilizantes somaram US$ 6,3 bilhões, praticamente o dobro do valor registrado no mesmo período de 2010, mantendo esse grupo de produtos como o mais importado pelo País.

As resinas termoplásticas foram os produtos químicos mais exportados, com vendas de mais de US$ 1,9 bilhão de janeiro a setembro. Para a diretora de Comércio Exterior da Abiquim, Denise Naranjo, observa-se um aumento significativo do déficit, especialmente em grupos de produtos com produção nacional. “Apesar do aumento nas exportações, o déficit de produtos químicos tem crescido significativamente nos últimos meses, deixando interessantes oportunidades de investimentos passarem despercebidas”.
(Redação - Agência IN)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

EMPREGOS COMEÇAM A VOLTAR DA CHINA PARA OS EUA
Por JOHN BUSSEY
Alguns anos atrás, eu conheci em Hong Kong um fabricante de móveis da Carolina do Sul que havia terceirizado sua produção para a China e acabou sendo esmagado por seus parceiros chineses que começaram a vender diretamente para o mercado dos Estados Unidos.

Sem dúvidas, ele ficaria intrigado de ver que a maré, hoje, está mudando novamente.

No "grande jogo" do salário global e da arbitragem de custos, partes de algumas indústrias relativamente surpreendentes estão voltando para o território americano, e o ritmo desse retorno pode aumentar. A produção de móveis – trabalho normalmente árduo e desenvolvido por trabalhadores com baixa qualificação – é apenas um exemplo. Na semana passsada, a Ford afirmou que produzirá, nos Estados Unido, partes de seus automóveis que tradicionalmente eram feitas na China. E tem mais.

Os vigias do câmbio no Congresso dios EUA estão promovendo uma lei que penaliza a China por manipular o yuan – a moeda chinesa. É melhor que eles atentem para a seguinte tendência: os empregos que eles querem trazer para casa já estão voltando aos poucos para os EUA –ênfase em "aos poucos".

Bruce Cochrane é emblemático dessa nascente mudança. Ele está abrindo uma moveleira em Lincolnton, na Carolina do Norte, um fato raro para uma região e uma indústria fortemente apoiadas na terceirização. Na última década, o emprego em fábricas de móveis americanas caiu em 60%. Cochrane diz que, antigamente, móveis feitos na China e vendidos nos EUA tinham uma vantagem de até 50% nos preços. Hoje, esse índice já caiu para 10% a 15%, em parte porque os salários na China estão em alta —15% ou mais ao ano em algumas localidades.

Custos com transporte, diz ele, dobraram nos últimos anos.

"Lá por 2006, eu vi um ponto de virada, principalmente em custos de trabalho", afirma Cochrane, que já morou na China.

Já faz alguns anos que certos empregos têm voltado para os EUA, mas agora o que deve ganhar foco são os setores com mais probabilidade de repatriar suas produções.

Hal Sirkin, da consultoria Boston Consulting Group, identificou as sete categorias da indústria mais suscetíveis a realocar suas produções direcionadas ao mercado americano (aquelas focadas no mercado chinês permaneceriam, em grande parte, na China). São elas: móveis, transporte de cargas, computadores e eletrônicos, equipamentos e aparelhos elétricos, plásticos e produtos de borracha, maquinaria e produtos metálicos.

Sirkin afirma que, hoje, os produtos dessas categorias podem até ser mais baratos de fabricar na China, mas com os custos de trabalho, materiais e transporte subindo, a vantagem apontará para os EUA em cerca de quatro anos.

Em um estudo, Sirkin calcula que a produção que retornos para os EUA poderiam gerar até 800 mil novos empregos no setor manufatureiro e até três milhões se somados os empregos criados no setor de serviços. No passado, prognósticos otimistas nesse sentido acabaram não se concretizando. Hoje, porém, algumas forças presentes no mundo do trabalho sugerem que desta vez pode ser diferente.

Entre essas forças: os custos crescendo permanentemente na China; mais flexibilidade por parte de alguns sindicatos americanos, resultando em menos regras de trabalho e custos trabalhistas mais baixos; mais subsídios dos governos estaduais; produtividade muito mais elevada nos EUA; e pressão dos varejistas para reduzir o tempo de operação e cortar inventários, fazendo com que um maior número de fabricantes abandone cadeias de fornecimento muito longas.

E há o câmbio.

Desde 2005, Pequim permitiu que sua moeda subisse 30% em relação ao dólar. Já que um yuan mais forte torna as exportações chinesas mais caras em mercados estrangeiros, isso é ruim para os empresas americanas que fabricam na China para atender a consumidores nos EUA – e para consumidores americanos viciados em produtos chineses baratos.

Mas para quem torce pela repatriação da produção americana, é uma bênção. "Nós estamos no processo de trazer tudo de volta da China", diz David Gil, diretor de Marketing da Sleek Audio, que fabrica fones de ouvido ajustáveis de alta tecnologia. Além dos crescentes custos na China, o processo de controle de qualidade também se mostrou uma dor de cabeça.

A empresa vende o fone de ouvido SA Six por US$ 250, preço que não mudará quando a produção se firmar em Palmetto, na Flórida, apesar de que seus custos subirão cerca de 20%. Segundo Mark Krywko, presidente da companhia, um melhor controle de qualidade e menos perda de inventário compensarão o aumento dos custos. "Os lucros vão subir", garante.

Já Cochrane está adquirindo serras, roteadores e outros equipamentos de última geração para suas instalações, exemplificando por que a produtividade é robusta nos EUA.

O outro lado da moeda é o emprego. Assim que a mais nova fábrica de móveis da Carolina do Norte estiver funcionando, Cochrane espera realizar com 135 funcionários o que, no passado, realizava com 250.

PORTUGUESE OCTOBER 10, 2011, 10:09 A.M. ET EUA tentam atrair investimento estrangeiro direto

Buscando maneiras de dar impulso à criação de empregos nos Estados Unidos, o governo Barack Obama está tentando concentrar as engrenagens de Washington em atrair investimentos estrangeiros para o país.

A Casa Branca está considerando um plano que visa atrair pelo menos US$ 1 trilhão em novos investimentos do exterior nos próximos cinco anos, segundo pessoas a par do assunto. Mas essa meta pode ser difícil de alcançar, dado que a lenta economia americana pode ter menos potencial de retorno para os investidores globais, dizem especialistas.

Agravando o problema, existem algumas normas no país que os estrangeiros consideram injustas, desde regras antitruste até os programas "Compre Produtos Americanos" do governo federal.

O governo está tentando mudar essa mentalidade com um novo esforço para incentivar os investidores estrangeiros a reconsiderar o mercado americano.

A iniciativa de investimento de US$ 1 trilhão é uma das várias recomendações que serão feitas formalmente na terça-feira pelo Conselho Presidencial para Empregos e Competitividade, um conselho de consultores externos liderado pelo diretor-presidente da General Electric Co., Jeff Immelt. A meta de US $ 1 trilhão em cinco anos representaria um aumento de 15% sobre a média de US$ 174 bilhões da última década, mas ainda estaria abaixo do pico atingido antes da crise financeira.

Os novos investimentos estrangeiros diretos nos EUA despencaram para US$ 135 bilhões em 2009 a partir de US$ 328 bilhões em 2008, quando a crise financeira eclodiu, segundo dados do Departamento do Comércio.

"Esta ainda é a maior economia mundial. Ainda é um lugar atraente para fazer negócios", disse Immelt em um fórum recente do Departamento de Estado destinado a ouvir as opiniões de executivos de empresas sediadas fora dos EUA. "Não há nenhuma razão pela qual não devemos ser muito mais agressivos, muito mais competitivos, muito mais acolhedores, e com muito mais fome [de investimentos], sinceramente, enquanto país".

A iniciativa de atrair mais investimentos estrangeiros vem aumentando há meses. O Departamento de Estado está orientando sua equipe econômica nas embaixadas do mundo todo, que sempre se focaram em ajudar as firmas americanas a conquistar negócios para exportação, em ajudar a encontrar empresas interessadas em investir nos EUA. Entre outras coisas, está tentando acelerar os pedidos de visto da China e do Brasil para atrair mais visitantes, sejam empresários ou turistas.

Em junho o presidente Obama lançou o SelectUSA, programa do Departamento de Comércio para atrair empresas estrangeiras interessadas em investir nos EUA. Parte do programa consiste em ajudar as firmas estrangeiras a identificar incentivos fiscais existentes nos EUA que poderiam ajudá-las.

Não se espera a introdução de novos incentivos fiscais para atrair investimentos estrangeiros.

O programa de US$ 1 trilhão para investimentos seria baseado na Iniciativa Nacional de Exportação do governo federal, que pretende dobrar as exportações dos EUA nos próximos cinco anos, até 2014. Essa meta ambiciosa visa a concentrar a máquina administrativa do governo em ajudar firmas americanas a conquistar negócios no exterior.

ORIGENS DA CRISE NA INDÚSTRIA por Julio Sergio 6/10/2011

Que a indústria brasileira não atravessa um bom momento, a esta altura não resta dúvida. Basta dizer que o setor de transformação não sai do lugar desde setembro de 2008, quando do agravamento da crise mundial. São três anos de produção virtualmente estagnada (-0,6%) e de queda do emprego (-1,9%) e do volume de exportações (-9,8%). O índice da produção referente a agosto dá conta de variação de -0,2% com relação a julho e aumento acumulado no ano de 1,5%.

Para uma corrente de economistas essa situação industrial não tem correspondência com a economia brasileira como um todo, mas decorre de uma crise estrutural. Nessa interpretação, a crise aparece, em primeiro lugar, somente do lado da oferta e não da demanda, que continua vigorosa, e, em segundo lugar, é exclusiva do setor industrial. Ainda que se admita a existência de um grave problema de competitividade de nosso parque industrial - não por fatores estruturais e imutáveis, como se quer fazer crer, e sim como decorrência da má aplicação das políticas de câmbio, juros, tributos e infraestrutura -, há um grande engano nessa interpretação, já que são ignoradas as relações entre oferta e demanda e entre a indústria e os demais segmentos da economia.

A economia brasileira está desacelerando devido à política fiscal, ao aumento de juros e ao controle do crédito e nada há de estranho que a indústria absorva os primeiros impactos do menor crescimento da demanda de investimento e de consumo. Isso ocorre porque em média os bens industriais têm maior valor unitário, são mais duráveis e suas vendas são mais dependentes do crédito relativamente aos serviços. Quanto aos bens da agricultura e pecuária, estes são, a princípio, mais preservados devido à sua essencialidade. Por isso, os inícios de processos de desaceleração de uma economia são exclusividade da indústria, mas isto é só uma parte do processo como um todo.

Tendo começado a desaceleração, impactando adversamente em primeira mão a produção do setor manufatureiro, seguem-se ondas sucessivas de transmissão desse impacto sobre a demanda por bens intermediários e finais, o que acaba arrastando os setores não atingidos e dos ramos industriais até então não afetados. Todo setor tem características que lhe são próprias. A indústria se notabiliza pelas suas fortes relações com ela própria e com os demais setores através das suas compras de bens intermediários necessários à produção, por meio do emprego por ela gerado e da repercussão do seu investimento na demanda dos demais setores. Um retraimento industrial reduz a demanda de bens e serviços usados para produzir bens industriais, mas também contrai o emprego e o investimento do setor industrial, o que reduz o consumo intermediário e final dos bens do próprio setor industrial, além dos setores primário e de serviços, os quais, por seu turno, podem também reduzir suas compras de outros setores, seu emprego e investimento. Por isso, não há como seccionar um setor - notadamente a indústria - como origem e fonte de uma retração que não se alastrará para o restante da economia. Em países de estrutura econômica mais complexa, como é o caso do Brasil, o retraimento industrial será, cedo ou tarde, um retraimento da economia como um todo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O problema é bem maior do que se pensa: falta competitividade ao Brasil, que é mau aluno por se negar sistematicamente a fazer seus deveres de casa. Enquanto isso, os demais alunos fazem seus deveres, e o Brasil vai sendo ultrapassado. O país tem más notas, maus desempenhos, em nada menos que: - burocracia - corrupção - infraestrutura - educação - taxa de juros - taxa de câmbio - taxa de investimentos - taxa de poupança - taxa de desemprego (¨6% não tem nada de pleno emprego, por que corresponde a mais de 6.000.000 de desempregados) - carga de impostos - gestão pública - reforma tributária - reforma trabalhista - reforma política - estratégia superada - posicionamento geopolítico superado. Até mesmo mercados que dominávamos, como o de açúcar, o de papel e celulose, o de sapatos, o de álcool, etc, já estamos perdendo, pra China, Índia, Vietnam, Indonésia (que cresce 15% a.a.), Coréia, Estados Unidos, Chile, Argentina, Uruguai etc, enfim, pro mundo todo. Enquanto se olha pra Europa em crise, não se percebe nossa falta absoluta de competitividade. Não é mais apenas na indústria que o Brasil está perdendo mercado. Carne de boi, açúcar, papel e celulose, álcool, milho, são, apenas alguns, mercados de comodities que o Brasil está perdendo. Nessa batida, logo estaremos pendurados no minério de ferro, no petróleo (talvez) e na soja, apenas. Empresas estrangeiras estão abandonando a exploração do pré-sal, automobilísticas desistem de implantar novas fábricas. O recente imposto sobre importação de automóveis é apenas a mais evidente confissão da falta de competitividade que assola o país. Um país próximo, o Chile, grandemente dependente de apenas uma comoditie, cresce o dobro do Brasil, e tem inflação metade da nossa, além de projetar o mesmo pra 2012. O Ministério do Planejamento reconhece que as obras necessárias à Copa não estarão totalmente prontas. Essas são apenas algumas das notícias ruins sobre nossa economia real. Burocracia kafkiana, corrupção endêmica, infraestrutura caótica, e a falta eterna das reformas essenciais (administrativa, política, tributária, trabalhista etc), maior taxa de juros do planeta, uma das maiores cargas de impostos - com pequeníssimo retorno -, estratégia e mentalidades anacronicas, todas causas originadas unicamente no ambiente interno, estão e continuarão cobrando alto preço. Não é mais o caso de trancar a porta, que já está arrombada, agora só dá pra colocar a tranca de ferro, enquanto ainda não necessitamos importá-lo.Essa é a herança que nos foi deixada, e da qual parece difícil sair. Não adianta tentar colocar a culpa no ambiente externo (que, no momento, pode ser a salvação). Enquanto o mau aluno se negar a fazer seus deveres de casa, continuará a ser ultrapassado. Não adianta o boi sangrando no meio do rio tentar guerrear contra o cardume de piranhas que o ataca impiedosamente: em pouco tempo só restará a carcaça, no fundo do rio. As piranhas estão na delas, não invadiram o habitat de ninguém, e estão apenas fazendo o que a natureza as ensina e obriga a fazer. O boi é que se meteu no lugar errado, em situação ruim; ele é que tem que se corrigir. No momento, o ambiente externo já começa a exportar deflação pro Brasil, é hora de aproveitar e reduzir os juros, pra permitir que a economia (não é só a indústria, repito, é a economia inteira) respire. Isso vai colocar a taxa de câmbio mais próxima do nível em que deveria estar, aumentando exportaçoes, reduzindo importações (isso não aumentará a inflação, se adequadamente dosado, por que o mundo deve reduzir os preços de todos os produtos que exporta, tentando sair do sufoco). Mas se não aproveitarmos o tempo que a deflação externa nos concederá pra fazermos todos os deveres de casa, será pouco útil, por que os demais alunos, aplicados, logo nos passarão de novo. É necessário mudar o posicionamento geopolítico, o modo superado de ver o mundo, de lidar com o mundo e, desse modo, abandonar a estratégia superada atualmente obedecida. Ou seja, mudar a cultura. Mas não é possível mudar primeiro a cultura pra depois fazer os deveres de casa, o boi já sangra, já está no meio do rio, as piranhas já o atacam. Então, o Brasil necessita mudar tudo, e ao mesmo tempo, e agora! Se já não fôr tarde.

domingo, 2 de outubro de 2011

Jeitinho brasileiro com status de política pública

30/09/11 07:45 | Joaquim Castanheira - Diretor de redação do Brasil Econômico

O governo jogou a toalha. Pelas recentes declarações de autoridades de primeiro escalão, a Copa do Mundo de 2014 ocorrerá sem que as principais obras de infraestrutura estejam concluídas.

Primeiro, foi a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Na semana passada, ela lançou a ideia de que fossem decretados feriados municipais nos dias de jogos de maior audiência - não para que os torcedores pudessem se dedicar às comemorações, mas, sim, para evitar o colapso no trânsito das cidades que sediarão a disputa.

Para justificar, a ministra completou: empreendimentos voltados para o transporte público não são necessários para "a operacionalização do evento". Agora, foi a vez da Infraero. Na quarta-feira, 28 de setembro, a autarquia enviou uma singela proposta para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Por que não aumentar de 34 para 50 o limite de pousos e decolagens a cada hora no Aeroporto de Congonhas durante a Copa do Mundo? Seria a medida possível para desafogar o terminal aeroportuário de maior movimento do país, já que a ampliação dos dois outros grandes aeroportos (Cumbica e Viracopos) não estaria concluída no prazo. É bom lembrar: 1.

Essa mudança interfere diretamente na segurança dos voos. 2. A redução para 34 pousos e decolagens em Congonhas ocorreu em 2007, imediatamente depois da queda do voo 3054, da TAM, quando morreram 199 pessoas.

Enfim, a declaração de duas das mais importantes autoridades do governo sinaliza que houve uma institucionalização do provisório.

O jeitinho brasileiro adquiriu o status de política pública. Mais: por que é bom um país sediar um evento dessas proporções? A resposta clássica é: porque é oportunidade única de se provocar uma revolução urbana, dotando as cidades de uma infraestrutura da qual os moradores continuariam a usufruir nas décadas seguintes. Grandes eventos como Copa do Mundo e Olimpíada deixam um legado de bem-estar inegável, quando bem aproveitados.

O exemplo citado e repetido é o de Barcelona, a cidade espanhola que não só estancou um processo de decadência urbana, como lançou as bases de modernidade que a transformaram em um dos pontos mais atraentes para turismo em todo o mundo. Para os países que não aproveitaram essa chance, restam apenas endividamento e elefantes brancos de cimento e concreto.

Pois o Brasil parece condenado ao pior dos mundos: ficar sem a herança positiva e arcar com o inferno do desperdício de dinheiro público. Não é à toa que frequentemente se lembra do caso dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, quando o orçamento previsto inicialmente estourou em 800%. Pergunte a qualquer um qual foi o legado daquela grande festa.

Invariavelmente, a resposta será uma só: o estádio do Engenhão, hoje sob administração do Botafogo. Será que em 2014 e 2016, minutos depois da entrega da última medalha e do derradeiro pódio, só restará em nossa memória nomes de estádios modernos e inúteis?

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Joaquim Castanheira é diretor de redação do Brasil Econômico