terça-feira, 29 de novembro de 2011

Para o BES, queda no peso de educação no IPCA foi maior que o previsto
Por Francine De Lorenzo | Valor
SÃO PAULO – A queda na participação do grupo educação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) veio além do projetado pelo BES Investimento. A mudança foi divulgada segunda-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir da incorporação das informações da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008-2009.

O grupo, que respondia por 6,55% do IPCA, teve sua contribuição reduzida a 4,22%. “Isso mostra que as famílias não estão contratando mais serviços de educação, embora a inflação do setor nos últimos anos venha subindo acima da média”, avalia Flávio Serrano, economista do BES Investimento. Em 2010, os preços dos cursos regulares (que incluem creche, educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e pós-gradução) aumentaram 6,6%, enquanto o IPCA avançou 5,91%. Neste ano, a expectativa do BES Investimento é de alta de 6,5% no IPCA, com os cursos regulares subindo 8,1%.

A perda de peso da educação, de acordo com Serrano, pode ser entendida a partir de duas hipóteses: troca de escolas, em busca de preços menores, e aumento de participação dos Estados mais pobres no índice. “Provavelmente tivemos uma combinação desses dois fatores”, afirma.

O economista do BES ressalta que já há uma defasagem no hábito de consumo das famílias em relação à POF 2008-2009. Por isso, a cada divulgação do IPCA em 2012 pequenos ajustes deverão ser feitos. “A partir do próximo ano deveremos ter mudança de padrão do IPCA no começo do ano.”

Segundo o economista, tradicionalmente a variação captada pelo indicador nos meses de janeiro e fevereiro é próxima, devido à sazonalidade. Enquanto em janeiro os alimentos se destacam como maior pressão sobre o índice, em fevereiro é a vez de a educação ocupar esse posto. “Agora a pressão sazonal de educação será menos intensa, o que deverá fazer com que o resultado de fevereiro seja mais baixo que o de janeiro.”

Com a nova estrutura do IPCA, que entrará em vigor a partir do próximo ano, o BES Investimento revisou sua projeção para o IPCA de 2012 de 5,7% para 5,4%.

(Francine De Lorenzo | Valor)
É o brasileiro conseguindo valorizar menos a educação.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O PROBLEMA É EXCLUSIVO DA EUROPA
Índice de atividade dos EUA sobe em outubro ajudado por indústria
Por Marcílio Souza | Valor
SÃO PAULO – O Índice Nacional de Atividade dos EUA, divulgado pelo Federal Reserve Bank de Chicago, subiu de -0,20 em setembro para -0,13 em outubro. O número encerra dois meses de quedas sequenciais e aumenta a evidência de que a desaceleração nos EUA pode estar perdendo força.

O número negativo aponta para um crescimento abaixo da tendência, ainda que 52 dos 85 indicadores que compõem o índice tenham melhorado entre setembro e outubro. A maior contribuição veio de dados relacionados à produção industrial.

A média móvel trimestral, considerada mais representativa porque suaviza oscilações mensais, recuou de -0,16 para -0,27, prejudicada pela queda dramática registrada pelo índice em agosto.

(Marcílio Souza | Valor)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

JUROS EM QUEDA ELEVAM DÓLAR E REELEVAM EXPORTAÇÕES AGRÍCOLAS
16/11/2011 às 11h16
Embarques agropecuários somaram US$ 8,58 bi em outubro, diz Ministério
Por Bettina Barros | Valor
SÃO PAULO — O aumento das exportações brasileiras do complexo soja, café, açúcar e álcool, fibras, produtos têxteis, cereais e farinhas tiveram desempenho significativo em outubro na balança comercial do agronegócio, divulgada pelo Ministério da Agricultura. Os cinco setores foram responsáveis por 81,5% do incremento.

No total, os embarques agropecuários somaram US$ 8,58 bilhões, apontando crescimento de 22,6% na comparação com o mesmo mês de 2010, que totalizou US$ 7 bilhões.

O setor que mais cresceu foi o sucroalcooleiro, com US$ 1,68 bilhão, crescimento de 15,3% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. O açúcar foi o principal item exportado desse setor em outubro: foram embarcados o equivalente a US$ 1,48 bilhão, ou 9,7% acima do registrado no período anterior. Já o álcool teve uma alta de 84,5% quando comparado a outubro de 2010, atingindo US$ 201 milhões.

(Bettina Barros | Valor)

Número de conexões móveis atingirá 6 bi até final do ano
16/11/2011

O número de conexões móveis globais que será registrado ao final de novembro de 2011 deve atingir seis bilhões. Somente a região Ásia-Pacífico será responsável por metade desse montante, aponta o relatório Observatório Móvel Ásia-Pacífico 2011 da GSMA, entidade que representa os interesses das operadoras de comunicações móveis em todo o mundo. O levantamento foi realizado com o auxílio da consultoria A.T. Kearney.

Até 2015, aponta o levantamento, espera-se que a região chegue a 4,1 bilhões de conexões, crescendo a uma taxa que é o dobro da Europa e América do Norte e será responsável por 40% do tráfego de dados móveis em todo o mundo. "A Ásia Pacífico é um dos mercados em maior crescimento do mundo com uma combinação impressionante de investimento e inovação”, explica Tom Phillips, chefe de governo e diretor de Assuntos Regulamentares da GSMA.

De acordo com ele, a China sozinha atualmente tem um total de 940 milhões de conexões móveis, excedendo o número total de conexões da Europa e dos EUA, juntas.

O estudo aponta ainda que o crescimento expressivo na região acontece porque as operadoras móveis nos principais mercados por lá estão investindo em infraestrutura de banda larga móvel, serviços pré-pago com custo/benefício atrativo e modelos de negócios inovadores. Sobre os desafios, o Observatório constatou que a maioria dos países da Ásia-Pacífico sente falta de um espectro, o que impede que uma gama completa de serviços de voz e dados seja disponibilizada aos consumidores em toda a região.

IBM lança série de soluções de análise preventiva
16/11/2011

A IBM anunciou um novo portfólio de software que utiliza processos analíticos para oferecer maior visibilidade e integração entre aplicativos que operam em uma infraestrutura de TI e os processos-chave de negócios. Aplicando conhecimento de processos analíticos ao CPD (Centro de Processamento de Dados), os novos softwares permitirão aos clientes tomarem decisões de negócio mais inteligentes e automáticas, além de ajudá-los a adotar a computação em nuvem.

As soluções permitem o aprimoramento da gestão de decisões de negócio, de serviços preditivos e a integração das informações. Com a novidade, é possível processar um alto volume de operações em microssegundos, melhorando, por exemplo, processos-chave para o negócio da companhia.

O The Technology CEO Council, organização de defesa de políticas públicas em TI formada por CEOs americanos, destacou que empresas da lista Fortune 500 desperdiçam US$ 480 bilhões a cada ano em processos ineficientes de negócio. A mudança para processos analíticos de TI tem transformado o contexto da tomada de decisão nas organizações. Usando análise preditiva, elas podem responder com mais rapidez e precisão às necessidades dos clientes, antecipar e prever indisponibilidades, além de oferecer métricas baseadas em fatos para promover melhores resultados de negócio. Processos analíticos também podem aprimorar o ciclo de vida de desenvolvimento e implantação de software, reduzindo ainda mais os custos, riscos e tempo de chegada ao mercado.

De acordo com o gerente de Websphere da IBM Brasil, Paulo Souza, este lançamento adiciona inteligência à TI e aos processos de negócio, ao criar um planejamento que mostra a conexão mais rápida entre uma empresa e sua infraestrutura de TI. "As soluções preditivas evitam possíveis riscos e garantem melhor resultado, o que é crítico à medida que o mercado avança para adotar computação em nuvem”.

Desigualdade de renda permanece no Brasil, aponta IBGE
16/11/2011

O Censo Demográfico de 2010 mostra que permanece distribuição desigual da renda no Brasil segundo dados do IBGE divulgados nesta quarta - feira (16). Em 2010, o rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade foi R$ 1.202. Na área rural, representou 46,1% (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294).

O rendimento médio mensal das mulheres (R$ 983) representou 70,6% dos homens (R$ 1.392), sendo que esse percentual variou de 70,3% na região Sul (R$ 1.045 para as mulheres e R$ 1.486 para os homens) a 75,5% na região Norte (R$ 809 das mulheres contra R$ 1.072 dos homens).

Em termos regionais, Centro-Oeste (R$ 1.422) e Sudeste (R$ 1.396) tiveram os rendimentos mais elevados, vindo em seguida o Sul (R$ 1.282). A região Nordeste teve o menor rendimento (R$ 806), 56,7% do verificado no Centro-Oeste, enquanto o segundo mais baixo foi o da Norte (R$ 957,00), que representou 67,3% do valor do Centro-Oeste.

A parcela dos 10% com os maiores rendimentos ganhavam 44,5% do total e a dos 10% com os mais baixos, 1,1%. Já o contingente formado pelos 50% com os menores rendimentos concentrava 17,7% do total.

O Índice de Gini, que mede o grau de concentração dos rendimentos, ficou em 0,526. Ele varia de zero, a igualdade perfeita, a um, o grau máximo de desigualdade. Nas regiões, o mais baixo foi o da Sul (0,481) e o mais alto, da Centro-Oeste (0,544). O Índice de Gini da área urbana (0,521) foi mais elevado que o da rural (0,453).

Média de moradores por domicílio diminui conforme a renda aumenta

O rendimento nominal médio mensal dos domicílios particulares permanentes com rendimento foi de R$ 2.222, alcançando R$ 2.407, na área urbana, e R$ 1.051 na rural. Entre as regiões, os mais altos foram os do Centro-Oeste (R$ 2.616) e Sudeste (R$ 2.592), seguidos da Sul (R$ 2.441). Em patamares mais baixos ficaram as regiões Nordeste (R$ 1.452) e Norte (R$ 1.765).

Entre as unidades da federação, o rendimento médio mensal dos domicílios com rendimento do Distrito Federal foi destacadamente o mais elevado (R$ 4.635), seguido pelo de São Paulo (R$ 2.853). No outro extremo, ficaram Maranhão (R$ 1.274) e Piauí (R$ 1.354).

O número médio de moradores em domicílios particulares permanentes ficou em 3,3. Nos domicílios com rendimento, esta média mostrou declínio com o aumento do rendimento domiciliar per capita. Na classe de até 1/8 do salário mínimo, o número médio de moradores foi de 4,9 e na de mais de 10 salários mínimos atingiu 2,1. Este comportamento foi observado em todas as regiões, tanto nas áreas urbanas como nas rurais.

BNDES e Eike Batista serão sócios da Foxconn no Brasil
16/11/2011

Para montar sua operação brasileira de produtos da Apple, a Foxconn terá como sócios o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o empresário Eike Batista. Os dois já assinaram um acordo de confidencialidade com a empresa taiwanesa.

Segundo a Folha de São Paulo, a primeira etapa do investimento da Foxconn seria de US$ 4 bilhões, uma pequena parte dos US$ 12 bilhões que deverão ser destinados à instalação de uma fábrica de telas para televisores. Eike Batista se comprometeu a entrar com US$ 500 milhões na sociedade. Já o BNDES pode bancar até 30% do negócio (cerca de US$ 1,2 bilhão) para iniciar a fabricação das telas e, possivelmente, outros dispositivos da Apple.

O presidente-executivo da companhia taiwanesa quer entrar somente com sua tecnologia na sociedade. No entanto, o governo contratou uma consultoria para avaliar o valor dos recursos que vão ser utilizados e ainda espera convencer o empresário a entrar também com o dinheiro. Tanto o BNDES quanto Eike e Terry Gou, CEO da Foxconn, estão em busca de mais sócios para construírem dois setores: um para erguer a fábrica, que provavelmente vai se instalar no interior de São Paulo, e outro para absorver a tecnologia.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ciclo de Palestra Gratuita - EQT - Uma parceria entre o Clube de Engenharia DAT/DEI e UBQ-RJ

Prezados Senhores,

No próximo dia 06 de Dezembro, a UBQ-RJ em parceria com o Clube de Engenharia - DAT/DEI realizará mais um Encontro Técnico da Qualidade, ref. ao ciclo de palestras gratuitas-2011.

Divulgue! Participe!


Título/Tema: "GESTÃO COMERCIAL: Gerando Receitas para seu NegóciO"


Tópicos:


1.
Introdução;
2.
Conjuntura;
3.
Básico de Gestão;
4.
Marketing e Comercialização;
5.
Produto / Serviço;
6.
Pesquisa: Dimensionando o Mercado;
7.
Estratégias de Vendas;
8.
Como diferenciar-se da Concorrência;
9.
A Busca de “novas” oportunidades;
10.
Estruturando a sua oferta;
11.
A busca de parcerias;
12.
Debate.

Palestrante - Prof. Luiz Freitas - Eng. Operacional Elétrico (UVA),Tecnólogo em Gestão Comercial - Varejo / Serviços (FATEC – Faculdade de Tecnologia Internacional) – Pós Graduado em Engenharia de Produção (Facinter), Pós-Graduando em Neurociência Pedagógica (UCAM/AVM), Curso de Extensão Universitária em NEUROMARKETING – Educação Continuada em Neurociências e Neurologia - Centro de Extensão da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Conferencista – Professor – Autor/Escritor – Consultor Organizacional em Gestão Comercial e Varejo.

Data: 06/12/2011 (terça-feira)
Horário: 18:00 às 20:00h.
Local: Auditório do Clube de Engenharia, Av. Rio Branco, 124 - 20º andar, Centro, Rio de Janeiro - RJ.

Inscrições Gratuitas - UBQ-RJ - Clique Aqui

Telefone: (21) 2516-5446 e (21) 2518-7034 E-mail: ubqrj@ubq-rj.com.br

Acesse! - Agenda dos próximos eventos da UBQ-RJ

Cursos

01 e 02.12.2011 - Formação de Auditores Internos da Qualidade - AIQ (16 horas-aula)

08.12.2011 - Capacitação de RD para o Sistema de Gestão - RD (08 horas-aula)

Sócios Patrocinadores da UBQ-RJ: FURNAS - GERDAU - PETROBRAS - QUALITYMARK Editora

Site: www.ubq-rj.com.br

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Nova ferramenta do Sebrae-SP avalia nível de inovação nas MPEs
10/11/2011

O Sebrae- SP lançou nova página na internet em que o empreendedor pode avaliar o nível de inovação adotado na sua empresa e ter dicas de como aprimorar a gestão do negócio.

A partir do diagnóstico online, uma trilha de conhecimento é sugerida, com soluções, cursos, ferramentas, palestras e demais materiais desenvolvidos pelo Sebrae-SP especialmente para micro e pequenas empresas que buscam inovar.

De acordo com pesquisa realizada pelo Sebrae-SP, 54% das micro e pequenas empresas brasileiras não investem em inovação. O estudo também aponta que apenas 4% das MPEs investem, todos os anos, em soluções inovadoras para produto, processo e mercado. Os 43% dos restantes dos entrevistados investe em inovação, mas esporadicamente.

Dos empresários que participaram da pesquisa, 86% dos considerados muito inovadores (com inovação em produtos, mercado e processo nos 12 meses anteriores à pesquisa) e 64% dos considerados inovadores (com inovação em ao menos um dos itens – produto, mercado ou processo – nos 12 meses anteriores à pesquisa) registraram aumento de faturamento no período.


Links relacionados:
inova.sebraesp.com.br/index_800.html

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ANTONIO MACHADO


Comércio e indústria crescem no mundo em agosto e já estão acima dos níveis pré-recessão de 2008/09


Produção global já é 6,4% superior ao recorde anterior e comércio supera 3,2% a marca do último pico, registrado em abril de 2008
22/10/2011 - 23:59 - Antonio Machado


Virou lugar comum falar sobre a crise econômica na Europa e EUA, que a recessão nas duas maiores economias do mundo é certa, prever o “pouso forçado” da China, estouro da inflação no Brasil. É como se vivêssemos à véspera do apocalipse - por sinal, prevista por um pastor dos EUA para ontem. Raro é encontrar quem diga o que se tem feito no mundo enquanto as tragédias não chegam.

É pedir muito, por exemplo, sabermos que as exportações no mundo, em dólares, cresceram 0,5% em agosto sobre o mês anterior, vindo de quedas de 0,8% em julho e 0,2% em junho? Em base trimestral, os movimentos são de alta desde o último trimestre de 2010, quando as exportações globais cresceram 4,8%, abriram 2011 crescendo 4,9%, e repetiram esse mesmo percentual no período de abril a junho.

O acompanhamento é do CPB Netherland Bureau for Economic Policy Analysis, um centro de estudos financiado pelo governo da Holanda. O CPB consolida os dados sobre comércio e produção industrial no mundo a partir de várias fontes, entre as quais o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Banco Mundial (World Bank). Tais dados não divergem dos cenários de desaceleração econômica que estão na raiz do pessimismo global. Simplesmente, indicam que andar mais devagar não significa parar.

O economista Mark Perry, professor da Universidade de Michigan, construiu um índice baseado nos dados do CPB. O comércio mundial em volume, segundo ele, cresceu 1,4% em agosto sobre julho e 5,9% em relação a igual mês de 2010, elevando o índice ao seu recorde histórico - 166,5 pontos. O comércio global está agora 3,2% acima do último pico, registrado em abril de 2008, a 161,3 pontos, e 28% acima do nível mais baixo, em março de 2009, a 103,2 pontos.

Em termos anuais, o crescimento das exportações foi especialmente forte nas economias emergentes (9%) e nos EUA (6,6%), enquanto os países asiáticos lideraram as importações, ao ritmo de 10%.

O desempenho da produção industrial foi ainda mais expressivo, ao se considerarem os impasses na Zona do Euro, o travamento político do presidente Barack Obama nos EUA e o Japão se recuperando de um terremoto, tsunami e acidente nuclear. A indústria cresceu 0,3% em agosto no mundo, vindo de aumentos de 0,4% em julho, 0,6% em junho e 1% em maio. Em bases anuais, cresceu 5,5%, com a Ásia (+11,1%) e os países emergentes (+8,21%) puxando a expansão até agosto.

Nos índices de Perry, a produção industrial está agora 6,4% acima de seus níveis pré-recessão e 21% além do piso, em março de 2009.

Ponto e contraponto

“O comércio e a indústria se recuperaram totalmente da contração econômica global entre 2008 e 2009 e estão agora bem acima de seus picos registrados no início da recessão”, diz Mark Perry.

De fato, os problemas não acabaram, já que EUA, os países da Zona do Euro e Japão continuam a carregar dívidas e a acumular déficits que o mercado reluta financiar. A banca na Europa está entupida de papéis de Tesouros sem caixa, como Grécia, ou ilíquidos (Irlanda e Portugal), e dos de duas economias estagnadas: Espanha e Itália.

Foco só em nota ruim

A lista de problemas é enorme. Nos EUA, a retomada mais vigorosa é presa pelo endividamento do consumidor, sobretudo com hipotecas. Na China, inflação alta, excesso de investimento com baixo retorno e o crédito público esgarçado forçaram o governo a pisar no freio, razão da distensão do preço das commodities, o nosso grande ativo.

Só que de problemas não faltam especialistas. De soluções, ou, se nem tanto, de informações menos medonhas, é que o mundo anda muito escasso. Vejamos os EUA. Esta semana, Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, disse que a economia continua fraca. Mas também disse que há relatórios falando de melhoras localizadas. E o que a imprensa e os analistas destacaram? O lado ruim da narrativa.

PIB dispara nos EUA

Objetivamente, os últimos dados sobre a produção e a demanda nos EUA espantaram os pessimistas. As vendas no varejo cresceram 1,1% em setembro, sendo o sétimo mês seguido em alta, e o investimento industrial, embora ainda baixo, subiu.

Tais dados fizeram o Banco Morgan Stanley elevar para 3,3% sua projeção de crescimento do PIB no 3º trimestre, o segundo melhor número nos últimos cinco anos, e prever expansão de 2,2%, com viés de alta, neste 4º trimestre.

Um pouco mais de densidade nas análises sobre a economia global pode surpreender muita gente. A rigor, nem na Europa a recessão é certa, como disse Jean-Claude Trichet falando pela ultima vez como czar do Banco Central Europeu. Ao menos, ela ainda não aconteceu.

A quem a crise ajuda

Três observações talvez estejam a turvar a visão dos analistas. A primeira é que hoje a crise é essencialmente das finanças públicas – não do setor privado. Na Europa, confunde-se com uma governança capenga, além da má-vontade não explícita de alguns países sobre a união monetária. A segunda: os políticos na Europa sob pressão dos eleitores querem passar parte do ônus do ajuste para a banca. É um processo menos provável quanto maior a crise. Em última instância, é a banca, neste caso, que precisaria ser outra vez resgatada.

Nos EUA há um embate assemelhado. O governo e o Congresso querem limitar o vôo dos bancos. A crise também os favorece. Eles têm US$ 2,2 trilhões em caixa e não emprestam. E as empresas, outro tanto.

ANTONIO MACHADO


Tanto quanto a crise externa, inépcia da gestão pública é o grande desafio, e Dilma está ciente


De atentados à honestidade nenhum governo é imune. Mas, exceto em casos de cleptocracia disseminada, a corrupção eventual não aliena o futuro de nenhum país
27/10/2011 - 03:34 - Antonio Machado


Se a substituição do ministro do Esporte, Orlando Silva, pode ser a oportunidade de o PC do B tentar refazer a imagem abalada pelas denúncias de se locupletar com repasses de dinheiros públicos para organizações não governamentais (ONGs) que orbitam o partido, para o governo Dilma Rousseff o desafio é muitas vezes maior.

A suspeita de corrupção não é ameaça direta ao governo, ainda que renda artigos críticos na imprensa e manifestações desaforadas da oposição. O problema para a presidente é constatar as deficiências de seu ministério. Se ele mal consegue gerir sem polêmicas o arroz com feijão do gasto corrente de suas atividades, o que esperar dos programas com alguma complexidade, como, no caso do Ministério do Esporte, o leque de obras para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Até hoje os flagrantes de perversões já atingem cinco ministérios e outros tantos órgãos públicos e empresas estatais, expressando a falta de compromisso de seus dirigentes, muitos deles nomeados por interesse de partidos e grupos aliados por tais circunstâncias ao governo. À falta de projeto aglutinador da coalizão no poder, tais indicados se julgam devedores apenas de quem os indicou, o tal do QI, prestando-se prioritariamente a arrumar meios de atendê-los.

Isso já tipifica uma transgressão, embora considerada normal pela maioria dos caciques políticos, e se agrava quando os ocupantes de cargos com acesso a verbas fiscais as usam em proveito próprio – o que tem se tornado corriqueiro e é difícil de reprimir, já que um ambiente degradado tende a corromper a ordem e bagunçar a gestão.

Diante dessas exigências da administração do fluxo cotidiano das funções do governo, do planejamento dos investimentos de interesse nacional e dos problemas sempre difíceis da política econômica, os exemplos de malversação do dinheiro público, por maiores que sejam os valores desviados e a habitualidade, são o menor dos problemas.

De atentados à honestidade nenhum governo é imune. Nem as sólidas democracias escandinavas. São raros, mas não incomuns. Mas, exceto em situações de cleptocracia disseminada, a corrupção eventual não aliena o futuro de nenhum país. Já os equívocos rotineiros, ainda que pequenos, e a administração inepta estão para a economia como os hábitos não saudáveis praticados ao longo da vida: o organismo se enfraquece aos poucos e os custos são cada vez maiores.

Estruturas redundantes

No atacado, constatam-se custos, por exemplo, quando são criadas estruturas redundantes, como a Empresa de Pesquisa Energética, um órgão de estudos que em outros tempos eram feitos pelo Ministério das Minas e Energia ou mesmo pela estatal Eletrobras.

O ministério é minguado e negociado com algum partido, ficando a nova estrutura resguardada de influências políticas. Convenhamos, é disfuncional.

Mais ainda a rede de agências regulatórias criadas no governo FHC para gerir os interesses públicos dos setores privatizados e que, numa piscada, proliferaram como capim. O governo Lula entendia, no início, que elas esvaziavam os ministérios.

O que fez? Devolveu às pastas o poder político, mas as manteve, incluindo-as no bolo das composições com os partidos. Resultado: onde antes havia uma pasta cuidando de tudo, hoje há ela, a agência e mais a estatal da área.

Emaranhado de absurdos

Não é a toa que projetos não andam e, quando saem do papel, não é suficientemente clara a responsabilidade de ninguém, em resumo, do governo, pois há várias cabeças subordinadas a muitos interesses. Nem com superpoderes se controla esse emaranhado.

As coisas levam a absurdos, como a construção de hidrelétrica sem reservatório, o caso das usinas do Rio Madeira e de Belo Monte, de ineficiência energética flagrante, atendendo leis ambientais que o governo propôs e aplica - e ainda assim tais projetos elaborados a mando do governo suscitam contestações.

É conforme o ditado: todo mundo grita e ninguém tem razão. Só que, no caso, não falta pão.

Qualificados pelo dedo

A presidente tem ciência dessas inépcias ou não teria formado uma comissão para propor ações para modernizar o governo. O difícil é esperar grandes avanços com ministros sem outra qualificação que o dedo indicador de alguém da base de apoio ao governo no Congresso.

Não só. Desde o fim do período autoritário, os governos perdem os quadros mais preparados e há muitos anos deixaram de prepará-los, inclusive com formação em universidades de ponta no exterior. Tais práticas fazem diferença, e quem sempre a fez, como Banco Central, Petrobras e BNDES na atual gestão, não por acaso são os centros de excelência do setor público. Dilma sabe. Mas precisa também fazer.

A inépcia é contagiosa

A melhoria da gestão pública se faz urgente, até para diminuir a carga dos poucos que entregam o que a presidente lhes pede, além dela mesma, e os riscos do voluntarismo - sequela de ambientes sob tensão. A inépcia pode ser contagiosa.

ANS cria o Qualiss, instrumento para avaliar o desempenho dos serviços de saúde suplementar


Monitoramento da qualidade de atendimento terá foco inicial nos hospitais, mas objetivo é estendê-lo a todos os prestadores de serviços do setor
3/11/2011 - 13:59 - Redação


A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está lançando um instrumento para avaliar o desempenho dos prestadores de serviços de saúde suplementar. Resolução normativa dispondo sobre a implantação do mecanismo, denominado Programa de Monitoramento da Qualidade dos Prestadores de Serviços na Saúde Suplementar (Qualiss), foi publicada hoje no Diário Oficial da União.

A nova norma vai permitir a avaliação de qualidade dos serviços, segundo os padrões internacionais. Inicialmente, a medida estará focada nos hospitais, mas o objetivo é estendê-la a outros prestadores de serviços no setor.

De acordo com a ANS, tais indicadores de qualidade vão proporcionar aos estabelecimentos de saúde parâmetros claros de gestão, além de fornecer ao poder público e aos consumidores em geral elementos de apoio à tomada de decisão, com foco na qualidade do atendimento.

Segundo Bruno Sobral, diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, o consumidor poderá escolher melhor o seu plano de saúde, já que poderá avaliar a qualidade da rede associada a cada plano disponível no mercado, mudando o foco do preço para a qualidade do serviço prestado. Para ele, as informações disponíveis sobre a qualidade dos hospitais ainda são muito escassas, e a nova resolução promoverá concorrência positiva.

Essa resolução ficou em consulta pública durante 30 dias e recebeu cerca de 145 contribuições da sociedade.

Com Agência Brasil

ANTONIO MACHADO


Nível da produção já está 3% menor que em setembro de 2008, vindo em queda contínua há 19 meses


Três anos depois do colapso de Wall Street, a indústria brasileira nem sequer voltou ao ponto em que se encontrava. Pior: regrediu
3/11/2011 - 02:00 - Antonio Machado


A forte retração da produção industrial em setembro, de 2% sobre agosto e de 1,6% contra igual mês de 2010, conforme o mapa mensal do IBGE, não é um dado do momento, mas parte de um longo processo de declínio da indústria, cujas causas não se restringem ao aperto monetário promovido pelo Banco Central contra a inflação.

O definhamento da produção nacional é um fato real e preocupante, já que não se conhece exemplo de país populoso e com pobreza ainda relevante que tenha se desenvolvido sem indústria diversificada.

É ela que puxa o conjunto da economia, mesmo nos EUA, apesar de diminuir a participação do emprego industrial no conjunto da mão-de-obra empregada, além de ter perdido competitividade e fábricas para países com custo baixo e regras sociais e ambientais frouxas.

Mergulhadas em crise, no entanto, é a ela que as elites políticas e o capital dos EUA recorrem, já estando em curso um renascimento industrial, acompanhado da volta de fábricas levadas para a Ásia. O estudo “Made in America Again”, do Boston Consulting Group, é um bom ponto de partida para entender o que está acontecendo.

Na Ásia, até pela expansão econômica das últimas décadas, começou uma tendência de valorização salarial, enquanto nos EUA a renda do emprego desabou, sendo compensada pelo endividamento das famílias – a causa estrutural da crise que abate a sociedade americana.

Esta síntese se faz necessária para que se entenda a consequência do que se observa no Brasil. A desaceleração da indústria não é um evento recente. A redução do ritmo de crescimento da produção está em processo há 19 meses, período durante o qual o BC cortou a taxa de juros básica para 8,75%, a menor na história recente, e soltou o crédito ao consumo. O gasto público cresceu, houve desoneração de tributos para carros, caminhões, eletrodomésticos, materiais de construção, entre 2009 e 2010, e o BNDES pisou firme no acelerador do financiamento de longo prazo – o insumo para investimentos.

Pelo que se constata, o alivio do ônus tributário incidente sobre a indústria deveria ter sido permanente, não anticíclico, contra a recessão em 2009, e transferido do consumo para a produção uma vez superada a onda recessiva que chegara como tsunami, não marolinha.

Três anos de leniência

Se o câmbio segue valorizado, passado o soluço das quatro últimas semanas, e essa é a tendência, só com grande alívio permanente e geral, não tópico, a indústria poderá enfrentar a concorrência das importações - ainda mais pela enorme capacidade ociosa criada pela crise nos EUA, Europa, Japão e China, que concentram mais de 80% da produção de manufaturados no mundo. Aqui, imperou a leniência.

Em base trimestral, a produção industrial abriu o ano crescendo 1,3% em relação ao 4º trimestre de 2010, já desacelerando sobre o ritmo anterior, e desde então só tem feito cair: recuou 0,6% no 2º trimestre e 0,8% no 3º. Pelo indicador antecedente da consultoria LCA, para outubro a melhor aposta é estabilidade, o que sinaliza uma retração interanual de 1,5% à véspera do Natal. Um espanto!

Regressão a céu aberto

Esse desempenho, como destaca o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), caracteriza a evolução de todos os grandes setores industriais. Ninguém está bem – afora a indústria dos complexos do agronegócio e da mineração, que empregam pouco.

Tais resultados deverão implicar a queda do crescimento do setor industrial, este ano, para menos que 1,5% - “desempenho sofrível”, segundo o Iedi, frente ao avanço de 10,5% em 2010, que já não fora nada excepcional por se comparar ao fraco ano de 2009. Nas contas do Bradesco, a produção industrial deverá encerrar o ano com alta de pífio 1,3% sobre 2010. A projeção da LCA é menor: cerca de 1%.

Uma política madrasta

O definhamento da indústria está dado, não é um resultado sujeito a comprovação. O nível da produção em setembro já é 3% menor que o anotado em setembro de 2008, segundo o Iedi. Exatamente três anos depois do colapso de Wall Street, a indústria nem sequer voltou ao ponto em se encontrava. Pior: regrediu. O risco são as reações.

Técnicos do governo já cogitam medidas para incentivar consumo, o que, com a demanda ainda forte, deverá implicar mais importações e dificultar a convergência da inflação à meta, já que boa parte das pressões de preços está em serviços.

De imediato, só o câmbio pode surtir algum efeito, mas à custa de inflação até da indústria. Ela hoje opera, em média, com 25% de insumos e componentes importados.

Fato é que a política econômica, para a indústria, é madrasta. E pouco pode fazer, sem baixar impostos e juros. O país ficou caro.

Como doença invisível

Ou a indústria e o trabalhador pegam na unha a agenda da expansão industrial ou a tendência continuará de lenta decadência, como uma doença invisível, que se só se percebe em estágio avançado.

Olha-se para o setor industrial e parece tudo bem: novas fábricas são anunciadas e o emprego industrial está firme. Graças às commodities, a balança comercial é superavitária e as exportações batem recordes.

Só que bens primários explicam 60% das exportações, o déficit/ano da indústria ronda os US$ 50 bilhões, e há forte desnacionalização de processos e cadeias produtivas, para baixar custo, e automação, que desemprega. Não é bem fabrica, mas maquiladora, sem potencial para exportar. Essa é a desindustrialização que diminui o país.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O OLHAR PRA TRÁS
As pessoas, no Brasil, gostam muito de olhar pra trás e dizer: "veja o quanto já se progrediu". E realmente já se progrediu bastante, é fato. Por exemplo, por décadas - desde o início da década de 70, após o "choque" do petróleo - nos acostumamos (será?) às terapias de choque. Racionamentos, empréstimos compulsórios, maxidesvalorizações, pacotes, pacotões e pacotaços de toda ordem. Em curto espaço de tempo chegamos a ter várias diferentes moedas - nem me lembro quantas - da noite pro dia, umas com outras sem "tablitas".
De tal modo que, quando se mudou de moeda sem "choques", achamo-nos quase no paraíso. E os choques não voltaram, ao contrário, talvez só em 2003, quando a taxa de juros foi jogada de 15% a.a. pra 26% de modo repentino - comparativamente, um "choquinho".
O fim das terapias de choque - pacotes - deve evidentemente ser comemorado.
Mas não é por isso que se deixou de se exagerar na dose em muitas coisas, ao contrário do que muitas pessoas pensam ou querem que se pense.
Então, como os juros passaram a variar de modo gradativo em vez de drástico e repentino, muitas pessoas acham que está tudo bem, é assim mesmo, não há o que reclamar; quando o excesso de juros por tempo excessivo faz muito mais mal que bem.
Ninguém inveja nossa taxa de juros, ninguém inveja nossa carga tributária, poucas nações invejam o nível da corrupção no Brasil, pra citar apenas alguns exemplos. Então, em vez de se olhar para o passado visando mostrar o quanto se fêz, e talvez justificar a complacência em relação a níveis atuais inadequados, seria interessante olhar pro presente, e pro futuro, e verificar o quanto foi deixado por fazer. É, antes seja lá do que fôr, necessário reconhecer que continuamos carregando boa parte daqueles exageros dos tempos de "choques" nas mentes, pois só isso explica o quanto se tolera tais juros excessivos, impostos excessivos, etc. E é necessário reconhecer que já houve tempo mais que suficiente pra se resolver tais questões. No caso dos juros, por exemplo, o nível excessivo dos mesmos, aplicados por período de tempo excessivo, está ajudando a matar o paciente produção, pois corresponde a um aperto excessivo na intensidade e igualmente excessivo na duração.
O que a maioria das pessoas não consegue perceber é que a civilização da economia, do mesmo modo que a civilização em muitas outras esferas, está em pleno andamento, sempre estará, e que temos caminho longo por diante. Não importa quantos passos já tenhamos dado na caminhada, há que se caminhar longa distancia só pra se chegar a lugar aceitável, em vez do ideal. É necessário mudar essa mentalidade acomodada segundo a qual, por se ter dado alguns passos, "já está bom, já podemos parar". É justamente nessas horas e justamente com esses argumentos que os que são contra a mudança contam, pra levar às pessoas à acomodação e a pararem com a mudança.
Ou seja, é necessário civilizar esses juros, civilizar os impostos, civilizar a economia, que realmente deve se voltar mais pra empregos (economicamente sustentáveis, leia-se empregos na iniciativa privada) que pra PIB e/ou inflação, mas sem descurar desses. Não podemos aceitar tais excessos, não podemos nos deixar enganar pelos argumentos auto-interessados dos que não querem a continuidade das mudanças.
Olhar pra trás não é bom, é melhor olhar pra como estão os mais adiantados, aprender com tais nações, é melhor olhar pra como e onde estamos, e pra onde já deveríamos estar.

BC: DUAS MISSÕES
O que se verifica já há muito tempo, é que a missão dupla é plenamente justificada, e que o modo como vem o regime de metas sendo aplicado exige tal mudança. É necessário evitar que o remédio, aplicado de modo excessivo, tanto no tempo e quanto na intensidade, mate o paciente.
Há já quase duas décadas, ou seja, tempo excessivo, sob pretexto de controlar a inflação, aplicam-se juros excessivos, mundialmente recordistas, sob o tal regime de metas. Ora, juros, como Friedman já provou, não combatem adequadamente a inflação (lembremo-nos que Friedman ganhou um Prêmio Nobel justamente por suas conclusões sobre a inflação).
Inflação, sabe-se desde então, é fenômeno exclusivamente monetário e surge quando o governo emite moeda e/ou expande aceleradamente o crédito – o que acaba tendo o mesmo efeito de emissão. Trata-se da simples aplicação da Lei da Oferta e da Procura (Smith) à quantidade de moeda em uma economia, a grosso modo. Desse modo, é evidente que juros não sanarão a inflação, a não ser com efeitos colaterais prejudiciais, sendo um dos piores a repressão do crescimento.
Se juros controlassem inflação, os EUA, com juros entre zero e 0,25% a. a. há já nada menos que 3 anos estariam com inflação maior que a nossa, e subindo, quando, mesmo com os esforços inflacionistas do FED (“quantitative easings”), a inflação yankee não chega a 3% a.a.
Também a Zona do Euro estaria com inflação absurda pois também há 3 anos mantém seus juros na faixa de 1,5% a.a. e também desfruta de inflação inferior a 3%.
Igualmente o Japão, que mantém zerada sua taxa referencial de juros há mais de uma década, teria inflação alta, o que definitivamente não é o caso.
Então, não são os juros que reprimem a inflação. Se corretamente entendida como aumento generalizado e contínuo de preços (ou seja, toda inflação é aumento de preços mas nem todo aumento de preços é inflação) em uma economia, entende-se facilmente que pra sanar a inflação basta que o governo controle seus gastos, suas expansões monetárias e creditícias, a grosso modo. Como, aliás, o nosso vem fazendo. Após adequado período de tempo – no caso brasileiro, o tempo aproximado de uma gestação – constata-se a inflação iniciando seu regresso ao controle, exatamente o caso atual.
Juros são mundialmente empregados, em curtos períodos, pra controlar a inflação, e de modo muito cuidadoso, e apenas enquanto os remédios corretos já comentados não mostram seus efeitos.
Porém, sob o pretexto do regime de metas, tem-se praticado, há já quase duas décadas, ou seja, por tempo excessivo, reitero, juros excessivos, asfixiando a produção. O pior efeito de tal exagerado desequilíbrio é a progressiva perda de mercados, externo e interno, pela produção brasileira. Certo é que não são só os juros a asfixiar nossa produção, há muitas outras causas, mas o excessivo nível dos juros é sem dúvida uma das causas mais graves.
Ora, é inconcebível e intolerável que se aceite perder a economia, a produção, que é o paciente dessa história, pra controlar a inflação. O crescimento também é importante, e, como disse certo Presidente francês: “Governar é gerar empregos”. Então, não se pode aceitar que a dose excessiva, por tempo excessivo aplicada, das elevadas taxas , acabe por matar o paciente em vez de curá-lo.
Desse modo, é perfeitamente cabível explicitar que o BC deve ter missão dupla, como em muitas outras nações acontece. E a argumentação do Senador fluminense justifica plenamente tal desiderato. E realmente, é o que o BC na prática vem fazendo, como corretamente deseja nossa Presidenta. Não há nada errado aí, pelo contrário, pode-se mesmo perguntar por que isso não foi feito antes.
Além disso, no caso em lide, obter-se-á o benefício adicional de se deixar o equilíbrio – que há muitas décadas não se observa – entre crescimento e inflação em mãos que já se comprovaram adequadas, empregando então adequadamente o princípio básico de administração da unicidade de comando à abordagem quanto ao crescimento.
Pra finalizar, devo explicitar que não deblatero contra o regime de metas, apenas contra o modo desequilibrado e excessivo como os juros vêm sendo utilizados, o que, diga-se “en passant”, é outra das unanimidades nacionais.