segunda-feira, 26 de setembro de 2011

THE WALL STREET JOURNAL AMERICAS, 26/09/2011

DESACELERAÇÃO MUNDIAL MUITO FORTE E DURADOURA

Por TOM LAURICELLA

Países europeus, flertando com a recessão, não têm conseguido chegar a um acordo sobre como se desvencilhar de uma pilha de dívidas. Os Estados Unidos rumam para outra batalha orçamentária que ameaça paralisar o governo pela segunda vez em três meses. O gigante que é a economia chinesa começa a desacelerar.
E, nos mercados financeiros, uma mudança vasta está transformando o sentimento dos investidores. Eles estão abandonando o tradicional otimismo "nas bolsas para o longo prazo" que vinha predominando desde o fim dos anos 80. Em vez disso há uma crença cada vez maior de que a confusão criada pela bolha imobiliária nos EUA e pela crise financeira será um obstáculo que vai perdurar pelos próximos anos.
Num recuo histórico, investidores do mundo inteiro sacaram no trimestre encerrado em agosto cerca de US$ 92 bilhões de fundos de ações nos países ricos, segundo a EPFR Global — um êxodo que mais do que inverteu o total aplicado nesses fundos desde que as bolsas atingiram a menor cotação dos últimos anos, em 2009. Os saques foram maiores do que em qualquer trimestre desde o auge da crise financeira.
Esse recuo não deu sinais de trégua em setembro. A Média Industrial Dow Jones sofreu semana passada o pior declínio numa semana desde outubro de 2008. Ela está em queda de 16% em relação ao pico do fim de abril. Os investidores também estão exibindo menos otimismo em relação aos países emergentes.
Para Jason Trennert, fundador da firma de pesquisa econômica Strategas Research Partners, o momento de jogar a toalha chegou em 2 de agosto, diz ele. Enquanto continuava a batalha de meses sobre o teto de endividamento dos EUA, Trennert, de 43 anos, ficou convencido de que o processo para determinar a política orçamentária em Washington emperrara num momento crucial para a economia.
Naquela tarde, Trennert, cuja firma é uma das mais respeitadas de acordo com pesquisas de opinião com fundos mútuos e de hedge, disse aos clientes que ele ficara pessimista com as bolsas pela primeira vez em dois anos. A equipe de Trennert aumentou a probabilidade de uma recessão até 2013 para 60% e sugeriu aos investidores deveriam estar pensando em vender ações em vez de comprar.
É um novo cenário, em que o retorno das ações deve continuar abaixo da média de longo prazo de 9% e 10%, e os preços ficarão em valores abaixo da média. Estratégias conservadoras voltadas a receber dividendos, há décadas fora de moda, voltaram a ficar em voga.
Os juros devem continuar muito baixos por mais tempo que muitos consideravam possível há apenas alguns meses. No mercado de títulos de dívida, investidores estão emprestando para os EUA a juro abaixo de 2% para pagamento daqui a dez anos, o menor juro desde os anos 40. As expectativas de crescimento econômico fraco estão reduzindo a cotação dos papéis, o que sugere que a inflação ficará a um nível bem menor que a média de longo prazo até 2021. Ao mesmo tempo, os mercados financeiros devem continuar propícios ao tipo de oscilação selvagem vista nas últimas seis semanas. A Média Industrial Dow Jones subiu ou desceu 1% em 24 dos últimos 38 pregões.
O cenário sombrio de crescimento anêmico espelha o descrito na literatura acadêmica nos últimos anos pelos economistas Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff. Há tempos que gerentes de fundo de hedge acreditam nessa previsão pessimista, mas a ideia de que a crise vai continuar repercutindo durante anos conquistou agora pequenos e grandes investidores.
Para as pessoas que contam com os investimentos para sustentá-las na aposentadoria, isso significa reduzir as expectativas. "Não vejo nada mudando nos próximos dois ou três anos", disse John Deal, um investidor de 50 anos em Walnut Creek, na Califórnia. Deal passou a cogitar investimentos em ações só em horizontes de tempo muito longos – 20 anos – e reduziu as previsões para esperar retorno abaixo da média, de 8% por ano, durante esse período. Seu planejamento financeiro leva em conta um rendimento de apenas 3% com títulos de dívida.
Muitos investidores começaram o ano crentes de que a recuperação começava a ganhar força. A Média Industrial Dow Jones chegou a 12.810,53 pontos, 96% mais alta que a cotação de 9 de março de 2009, a menor em 12 anos. Como a Dow naquela época estava em alta de mais de 10% no ano apesar do terremoto devastador no Japão e da alta do petróleo, muito investidores consideraram isso um sinal de que a economia atingira a "velocidade de escape" do declínio causado pela crise financeira.
A maré começou a virar em maio com a desaceleração dos dados econômicos, especialmente industriais, no mundo inteiro. Os investidores também começaram a pensar no fim da segunda rodada de "afrouxamento quantitativo" do Federal Reserve, o banco central americano — uma política de comprar dívida do Tesouro americano, ou Treasurys, para baixar os juros. Essa política injetou US$ 600 bilhões nos mercados financeiros, mas deveria ser encerrada até o fim de junho. Ainda assim, as expectativas de retomada no segundo semestre continuaram altas, mesmo sem a ajuda do Fed.
Para muitos investidores, o primeiro grande sinal de que as coisas não estavam voltando ao normal veio da Europa. O rendimento dos títulos de dívida italianos e espanhóis subiu fortemente no início de julho e aumentou os temores de um contágio que poderia ameaçar os bancos da Europa inteira.
Em Londres, James Bristow, co-gerente do fundo BlackRock International, de US$ 130 milhões, interpretou a alta do rendimento dos títulos como reflexo de uma resposta inadequada tanto do Banco Central Europeu quanto dos governos do continente. No fim de junho e de julho seu grupo liquidou algumas aplicações em ações de bancos europeus.
Mas não foi só a crise de dívida europeia que amedrontou Bristow. Ele ficou assustado com a velocidade em que economia mundial parecia estar decaindo. Ele disse no fim de agosto que espera agora "um ambiente de baixo crescimento mundial" durante vários anos, com "uma quantidade enorme de incerteza".
No fim do primeiro semestre, Charles Bean, presidente da firma de consultoria financeira Heritage Financial Services, também estava ficando cada vez mais preocupado com a Europa. E, mais perto de casa, ele também se preocupava com a tensão em Washington sobre o déficit do governo.
Quando Bean e o resto da comissão de investimentos da firma — que tem 17 funcionários e US$ 650 milhões em aplicações — se reuniram na terceira semana de julho, discutiram a possibilidade de a redução do déficit aumentar o risco de recessão.
A Heritage diminuiu suas expectativas de crescimento econômico e lucro corporativo para vários anos. A Heritage então enviou aos clientes em 21 de julho uma nota expressando as preocupações da firma, com um link para pesquisas de Reinhart e Rogoff sobre a possibilidade de moratória de governos num cenário pós-crise financeira.
Eles reduziram a aplicação em ações e compraram ouro para a maioria das carteiras dos clientes.
Em 29 de julho, uma sexta-feira, as coisas passaram de ruins para terríveis aos olhos de alguns investidores. O governo dos EUA divulgou naquele dia revisões para baixo de suas estimativas anteriores de crescimento econômico. Conclusão: a recessão foi mais profunda e a recuperação, mais fraca.
Ainda mais cedo este ano a economia já estava em "velocidade de perda", segundo o jargão econômico. Em outras palavras, num momento em que muitos achavam que a economia estava crescendo lentamente, na verdade ela estava vulnerável a um retorno à recessão.
Aí em 1o de agosto, uma segunda-feira, o Instituto para Gestão da Oferta informou que seu índice de atividade industrial desmoronou para 50,9 em julho, indicando que a indústria quase não estava crescendo. (Qualquer número abaixo de 50 indica contração do setor industrial.) Isso representou um declínio dramático em relação a fevereiro, quando índice atingiu seu pico pós-crise de 61,4.
No dia seguinte a cáustica batalha política sobre o limite de endividamento já tinha sido resolvida; os EUA não iriam mais entrar em moratória de suas dívidas. Mas para James Swanson, diretor de investimento da MFS Investments e gerente do fundo Diversified Income da firma, de US$ 569 milhões, o leite já tinha sido derramado.
No fim de julho ele diminuiu a aplicação em ações pela primeira vez desde 2009. Ele ficou chocado com o jogo político arriscado de Washington, disputado até o limite, o que cimentou suas expectativas reduzidas para a economia.
Os estrategistas de macroeconomia e pesquisa de mercado mundial da Goldman Sachs Group Inc. já pesavam em maio se a economia dos EUA ficaria enfraquecida depois da crise financeira por um período ainda maior. Isso significaria que os ciclos de expansão e recessão seriam mais curtos que antes da crise e causariam mais volatilidade no mercado. Como a economia está "num estado muito frágil, se você é atingido por um novo problema sua resistência a ele parece menor", disse Wilson. "E é esse o mundo em que estamos vivendo agora".

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

SMART ELÉTRICO JÁ ESTÁ NA TERCEIRA GERAÇÃO

São Paulo – Mais potente e com autonomia estendida, o pequeno urbano Smart Fortwo Electric Drive chega a sua terceira geração no salão alemão de Frankfurt.

A nova versão vem equipada com um motor elétrico de 74 cavalos (33 a mais que na geração anterior) e um conjunto de baterias de íons de lítio de maior capacidade. Com uma única carga, o carro é capaz de percorrer até 140 km.

Enquanto a segunda geração alcançava velocidade máxima de 100km/h, a terceira chega a 120km/h. A Smart pretende produzir dez mil unidades da nova geração do modelo, que será comercializado a partir de 2012 em mais de 30 mercados.

Além do carro, a marca também lança no salão uma bicicleta elétrica, que poder ser afixada na traseira do Smart Fortwo. Só no modo elétrico, a “Smart pedalec power assist”, como foi chamada a bike, pode fazer até 100km com uma única carga e atingir velocidade de 25km/h.

sábado, 17 de setembro de 2011

INVASÃO CHINESA FECHA INDÚSTRIAS
Posted on setembro 17, 2011
Importados | 17/09/2011 13:03
Invasão de produtos chineses fecha indústrias no Brasil, aponta levantamento
No segmento de escovas, por exemplo, de 40 empresas que atuavam no mercado, apenas duas mantêm as atividades
Luciene Cruz, da
Produtos que chegam da China ameaçam o crescimento de empresas brasileiras
Brasília – Produtores nacionais estão preocupados com a desindustrialização provocada pela invasão dos produtos chineses nos últimos anos. Levantamento da Comissão de Defesa da Indústria Brasileira (Cdib) aponta que, na última década, várias indústrias fecharam as portas após o avanço das importações chinesas.
No segmento de escovas, por exemplo, das 40 empresas que há dez anos estavam no mercado, apenas duas mantêm as atividades industriais. Para o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Vassouras, Escovas, Pincéis e Similares (ABVEP) e membro fundador da Cdib, Manolo Canosa, a desativação do parque industrial significa a “morte” do setor com perdas irreparáveis, incluindo de empregos.
“Quando se desativa uma indústria, independentemente do setor, perde-se toda a mão de obra técnica porque o setor morreu. Daqui a pouco não vai existir indústria para gerar empregos. A cada produto comprado da China, se exclui um emprego aqui [no Brasil] e se cria um na China”, lamenta.
Das três empresas brasileiras produtoras de ímã de ferrite (material utilizado na fabricação de alto-falante), apenas uma continua com as atividades industriais. Segundo o diretor da companhia Roberto Barth, a valorização do real diante da desvalorização do yuan (moeda chinesa) torna a concorrência impraticável e desleal. “As nossas indústrias não têm como concorrer com essa invasão predatória chinesa. A defasagem cambial inviabiliza qualquer tipo de concorrência”, comenta.

Há 22 horas 0
Lula considera irresponsável ideia de destinar 10% do PIB em educação
Por Luciano Máximo | Valor
SANTO ANDRÉ - Homenageado nas comemorações de cinco anos da fundação da Universidade Federal do ABC (UFABC), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou há pouco que as reivindicações para que o Brasil gaste 10% do Produto Interno Bruto (PIB) com educação não são responsáveis.

No fim do ano passado, o governo federal enviou ao Congresso Nacional o projeto de lei do Plano Nacional de Educação (PNE), fixando a elevação do investimento público no ensino dos atuais 5% do PIB para 7% até 2020.

“Vocês têm o direito de pedir 10% do PIB e também recursos do pré-sal para a educação. Talvez, eu tivesse atendido a isso que está nessa faixa durante meu governo, mas 7% do PIB é o que nos comprometemos e o que a presidente Dilma assumiu como promessa de campanha”, discursou Lula, contrariando vaias de estudantes ligados ao PSTU e ao Psol.

O ex-presidente não lembrou, porém, que a demanda de gastos de 10% do PIB na educação é uma exigência de movimentos educacionais de mais de dez anos. Dividindo o palco com o ministro da Educação, Fernando Haddad, e várias lideranças petistas do ABC, Lula defendeu o ministro, que fora vaiado anteriormente durante o seu discurso.

"Eu duvido que existiu no Brasil um ministro da Educação que tenha trabalhado 10% do que esse moço aqui trabalha", afirmou o ex-presidente em alusão ao seu escolhido para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012.

Em meio ao assedio do público presente, na sede da UFABC, em Santo André, Lula também elogiou a decisão de ontem do governo federal de aumentar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros com mais de 65% de componentes importados. “Foi uma decisão muito boa”, resumiu.

Em seu discurso, o ministro Fernando Haddad defendeu o atual processo de expansão das universidades federais e anunciou, diante de mais de mil estudantes universitários, o aumento de recursos federais para o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES).

“Vocês podem aplaudir os militantes do PSTU e do Psol que cobram mais dinheiro para a assistência estudantil. Em 2012, vamos elevar para R$ 800 milhões o orçamento do PNAES”.

(Luciano Máximo | Valor)

/2011 3
Como salvar a indústria brasileira?
Por Naercio Menezes Filho

"A produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo" Paul Krugman

Os responsáveis pela política econômica do país têm declarado repetidas vezes que é necessário proteger a indústria brasileira da concorrência predatória de outros países, de forma a preservar o nosso mercado para a indústria brasileira. Com esse objetivo, várias medidas de isenção fiscal tem sido implementadas nos últimos meses. Mas, será que os programas de ajuda à indústria fazem sentido do ponto de vista da sociedade como um todo? Como os produtos estrangeiros conseguem chegar tão baratos ao mercado brasileiro? Enfim, conseguiremos salvar nossa indústria?

Em primeiro lugar, é preciso ficar claro que o objetivo da política econômica não deve ser o de preservar o mercado interno brasileiro para as empresas nacionais, mas sim o de aumentar o bem-estar da população brasileira no longo prazo. A população brasileira é composta de empresários e trabalhadores da indústria, mas também de empresários e trabalhadores de outros setores e, principalmente, de milhões de consumidores. Devemos nos preocupar com todos eles.

Principal caminho para proteger a indústria da concorrência de importados é aumentar a sua produtividade
Mas, a queda na participação da indústria no mercado interno merece uma análise mais detalhada. Afinal, como podem os carros coreanos, por exemplo, chegar ao nosso mercado com qualidade tão superior aos produzidos aqui na mesma faixa de preço? Na verdade, a "invasão" de produtos industriais importados no nosso mercado doméstico reflete, em grande medida, o diferencial de produtividade entre o Brasil e os seus principais parceiros comerciais, que é acentuada no caso da indústria.

Segundo a Conference Board (www.conference-board.org), a produtividade média do trabalhador brasileiro equivale a apenas 20% da produtividade do trabalhador americano. Isso significa que o trabalhador brasileiro demora cinco dias para produzir o mesmo que o trabalhador americano faz em um dia. Já o trabalhador coreano tem uma produtividade média três vezes maior que o brasileiro, ou seja, enquanto o brasileiro produz um automóvel, o coreano já produziu três. Isso explica, em parte, porque os carros coreanos são muito superiores aos produzidos aqui.

Além disso, a situação está piorando ao longo do tempo. Enquanto a produtividade do trabalho nos principais países emergentes (Brics, México, Indonésia e Turquia) aumentou 6,1% por ano entre 2005 e 2010, no Brasil, ela aumentou apenas 2,1%. Na China a produtividade aumentou 9,8% e na Coreia 3,9%. Ou seja, além de termos uma produtividade bem menor do que nossos concorrentes diretos, estamos ficando cada vez mais para trás.

No caso específico da indústria, a situação é ainda pior. Um estudo recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento mostrou que a produtividade do trabalho na indústria brasileira está regredindo em termos relativos. Ela equivalia a 30% da americana em 1973 e declinou para apenas 20% em 2004. Em contrapartida, a produtividade na agricultura aumentou de 10% para mais de 50% da americana no mesmo período. Ou seja, enquanto a produtividade agrícola está convergindo para o padrão dos países desenvolvidos, a produtividade industrial está ficando cada vez mais para trás.

O que fazer? Temos duas alternativas. A primeira é proteger diretamente a indústria brasileira, aumentando as tarifas de importação ou diminuindo os impostos. A segunda é criar condições para que a indústria aumente sua produtividade, revertendo o padrão dos últimos anos. A segunda opção é claramente superior à primeira. Vejamos por quê.

Aumentos de tarifas simplesmente aumentam o preço dos bens produzidos no Brasil em comparação com outros países. Sabe-se, por exemplo, que os automóveis produzidos no Brasil (com nossos trabalhadores, nossa infraestrutura, nosso judiciário e nossa taxa de juros) são bem mais caros no nosso próprio país do que em países vizinhos, como Chile e México. A diferença é que esses países têm acordos de livro comércio com a Coreia ou EUA, o que aumenta a concorrência e diminuí o preço do carro nos seus mercados.

Além de aumentar os preços dos produtos, isenções de impostos e tarifas fazem com que a indústria seja mais generosa com seus trabalhadores. Com efeito, os trabalhadores da indústria têm recebido aumentos de salários muito acima do crescimento da produtividade nos últimos três anos, o que diminui ainda mais a competitividade. Assim, políticas diretas de isenção de impostos significam transferências de renda do consumidor para as empresas e trabalhadores industriais, sem crescimento da produtividade e competitividade.

Em suma, para proteger a indústria da concorrência de importados, o principal caminho é aumentar a sua produtividade. Dessa forma, políticas como a criação de um instituto de pesquisa para a indústria, a concessão de bolsas de estudo no exterior para alunos da área de exatas, aumento da qualidade da educação básica e programas nacionais de ensino técnico são corretas. Entretanto, só terão efeito no médio prazo. Até lá nossos empresários terão que inovar se quiserem sobreviver.

Naercio Menezes Filho é professor titular - Cátedra IFB e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e professor associado da FEA-USP, escreve mensalmente às sextas-feiras (email: naercioamf@insper.edu.br)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ATENÇÃO À DATA DO ARTIGO

Inversão de cenário
17/08/11 07:23 | Rogério Mori - Professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/Eesp)



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As recentes turbulências dos mercados financeiros ao redor do mundo têm refletido em, em grande medida, uma clara mudança de cenário econômico nas últimas semanas relativamente ao que se esperava até então.

Sob essa perspectiva, as apostas em geral apontavam para um quadro de recuperação global, onde apenas algumas regiões exigiam alguma atenção maior, como o caso de alguns países na Europa.

A lógica subjacente a esse quadro indicava que a recuperação global prosseguiria em curso e que o desemprego seguiria em queda.

A economia americana daria seguimento ao seu crescimento moderado, com o desemprego decaindo de forma lenta. Ainda nesse cenário, as economias emergentes seguiriam crescendo acima da média do mundo, com destaque para a China e a economia europeia, ainda que não representasse um vetor de estímulo ao crescimento global, não representaria um fator de risco considerável em 2011.

O que se viu nas últimas semanas, de fato, foi uma clara inversão desse cenário. Conforme ressaltei no artigo de 3 de agosto, a economia americana segue patinando e o quadro fiscal em nada auxilia na reversão desse quadro.

Ao contrário disso, a imposição da diminuição gradativa dos gastos por parte do congresso dos EUA no contexto da aprovação da ampliação do teto do endividamento público apenas reforça um cenário de baixo crescimento no médio prazo.

Com isso, o fantasma de uma nova recessão volta a rondar a economia americana. Caso isso ocorra, o desemprego voltará a subir nos EUA e os impactos sobre a economia global definitivamente não serão positivos.

O rebaixamento da dívida americana promovido pela S&P em nada contribui para melhorar esse quadro. Em face disso, restam poucos instrumentos para estímulo à demanda agregada por parte do governo americano e novos movimentos de expansão monetária, com aumento da emissão de dólares, podem ser esperados, pois tendem a depreciar a moeda dos EUA e estimular as exportações daquele país.

Do lado europeu, a situação do euro parece ganhar contornos cada vez mais dramáticos. A problemática do endividamento, que se limitou inicialmente a Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha (PIIGS) tem se estendido a outras economias.

O sistema financeiro começa a sofrer cada vez mais o contágio de países com dificuldades de honrar suas dívidas. Os pacotes de ajuda financeira, capitaneados em grande parte pelo governo alemão, apenas trazem alívio de curto prazo e o problema fundamental permanece.

De fato, diversos governos europeus se deparam com uma equação de difícil solução, pois, ao mesmo tempo que precisam cortar gastos para fazer frente ao problema do déficit público e riscos de calote, têm dificuldades em realizar ajustes em um ambiente de baixo crescimento e desemprego elevado, em um contexto em que os gastos públicos são necessários para manter o crescimento.

Do lado das economias emergentes, a inversão de cenário se fez sentir inicialmente do ponto de vista dos mercados.

As bolsas de valores literalmente derreteram nas últimas semanas com a realocação dos investidores para um portfólio de menor risco. Ao mesmo tempo, o cenário de menor crescimento global tende a afetar o desempenho econômico desses países também.

No Brasil, os impactos foram diretos: o Ibovespa despencou durante alguns dias, em face das tensões do mercado externo.

A inversão de cenário também tem provocado discussões intensas sobre os próximos passos do Banco Central, uma vez que a atividade econômica brasileira parece estar em desaceleração. É muito pouco provável que o aperto monetário prossiga.

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Rogério Mori é professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas

Corrupção, o mal da Saúde
De 2002 a 2011, desvios de dinheiro público no setor somaram R$ 2,3 bilhões

Publicada em 14/09/2011 às 00h10m
Roberto Maltchik (roberto.maltchik@bsb.oglobo.com.br)

BRASÍLIA - Nos últimos nove anos, o governo federal - que tem defendido novas fontes de financiamento para a Saúde - contabilizou um orçamento paralelo de R$ 2,3 bilhões que deveriam curar e prevenir doenças, mas escorreram pelo ralo da corrupção. Esse é o montante de dinheiro desviado da Saúde, segundo constatação de Tomadas de Contas Especiais (TCEs) encaminhadas ao Tribunal de Contas da União (TCU), entre janeiro de 2002 e 30 de junho de 2011. A Saúde responde sozinha por um terço (32,38%) dos recursos federais que se perderam no caminho, considerando 24 ministérios e a Presidência. Ao todo, a União perdeu R$ 6,89 bilhões em desvios.

São números expressivos, mas refletem tão somente as 3.205 fraudes ou outras irregularidades identificadas pelo Ministério da Saúde ou pela Controladoria Geral da União (CGU). Para o Ministério Público Federal (MPF), recuperar esse dinheiro é tarefa difícil. Mais dramática é a persecução criminal de quem embolsa o dinheiro. Na maioria dos casos, são prefeitos, secretários de Saúde ou donos de clínicas e hospitais que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A procuradora Eliana Torelly, da Procuradoria Regional da República da 1ª Região, avalia que é difícil punir porque os processos, tanto administrativos quanto judiciais, demoram a encerrar. Em 2004, o Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) levantou um mar de desvios em Paço do Lumiar (MA), município de cem mil habitantes na Região Metropolitana de São Luís (MA). O processo aponta saques milionários da conta da Saúde, entre 2001 e 2003, que jamais se reverteram em ações à população. Só em 2010, o processo administrativo chegou ao TCU. Em valores corrigidos em 2010, a fraude soma R$ 27.927.295,70.

- A probabilidade de recuperar o dinheiro é muito baixa - diz Eliana.

No Piauí, má aplicação de R$ 258 milhões

Apenas entre janeiro e junho de 2011, a União encaminhou ao TCU o resultado de 193 processos, que totalizam um passivo de R$ 562,3 milhões. A expressiva maioria é de casos antigos. Na lista, há cobranças até de 1991, como uma tomada de contas que aponta o governo do Piauí como responsável pela má aplicação de R$ 258,5 milhões, em valores corrigidos.

Especialista em financiamento da Saúde, o pediatra Gilson Carvalho diz que o dinheiro escorre pela falta de protocolos e rotinas, falta de informatização do controle financeiro, de pessoal e de transporte de pacientes. E lembra que os empresários da Saúde são parte do processo de corrupção:

- Não existe corrupção que não tenha participação do privado.

A presidente da União Nacional dos Auditores do SUS, Solimar da Silva Mendes, diz que a estrutura de controle do dinheiro do SUS é mínima em comparação com o volume de recursos auditado. Ela contabiliza cerca de 500 auditores na ativa, sendo que a metade está em idade de aposentadoria. Calcula que são necessários outros mil servidores:

- Paramos de atender pedidos do MP. Agora, só fazemos levantamentos a pedido da presidente Dilma Rousseff, como levantamento de mamógrafos.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que, desde 2002, o orçamento federal da Saúde soma R$ 491,1 bilhões. "Deste modo, o valor apontado corresponde a 0,045% deste montante. Todas estas medidas administrativas foram solicitadas pelo próprio ministério aos órgãos de controle, tanto interno quanto externo". Ele cita ainda realização de 692 auditorias, economia de R$ 600 milhões na compra de medicamentos e aperto no controle dos repasses a estados e municípios.

Mostrando a demora nas ações de controle do dinheiro aplicado na Saúde, só este ano o TCU decidiu sobre casos envolvendo irregularidades descobertas pela Operação Sanguessuga, iniciada em 2006 pela Polícia Federal. Pelo menos dez decisões do TCU este ano são sobre Tomadas de Contas Especiais que tratam de desvios em convênios com prefeituras de todo o país, como São João do Meriti (RJ), Cromínia (GO), Campinápolis (MT) e Ponta Porã (MS). Entre as irregularidades, superfaturamento na aquisição de ambulâncias, ausência de pesquisa de preços em licitações e erros em notas fiscais. Muitos dos casos envolveram ainda contratos em que "a empresa fornecedora do veículo adquirido consta da lista de firmas participantes do esquema de fraudes em licitações identificado na 'Operação Sanguessuga'". É o caso, por exemplo, de contratos das prefeituras de Sousa (PB) e Alegre (ES) com a empresa Santa Maria, e da prefeitura de Pesqueira (PE) com a Planam.

Para Alcides Miranda, um dos titulares do Conselho Nacional de Saúde e vice-presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, a discussão sobre a necessidade de mais fontes de recursos para o setor precisa passar pela transparência e garantia da aplicação dos recursos, sejam os já existentes ou outros que eventualmente surjam. Além dos desvios de recursos apontados por órgãos de controle como CGU e TCU, Miranda lembra mais uma fonte de desperdício no setor, o Cartão SUS:

- Já foram gastos pelo menos R$ 500 milhões desde o governo Fernando Henrique, e esse projeto de informatização (criando um sistema com o número de identificação dos usuários do SUS) não anda, por motivos como brigas na Justiça de empresas que disputavam licitação.

- A própria estrutura do ministério é deficitária - completa a professora da UFRJ Ligia Bahia, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva. - São vários programas, um para criança, outro para hipertenso, outro para a mulher. Só que uma mulher já foi criança um dia, um hipertenso também pode ser diabético... Não há integração dessa árvore de Natal cheia de programas pendurados.

Volkswagen | 13/09/2011 16:04

Sucessor do Fusca chega ao Brasil em 2014
Compacto Up! é equipado com motor 1.0 turbo

Laís Modelli, da

Up! Volkswagen

Novo modelo deve chegar em terras brasileiras só daqui a dois anos

São Paulo - Depois de aparecer como conceito, a Volkswagen apresenta o visual definitivo do Up!, o novo compacto mundial da marca alemã. O modelo, que pretende ser atrativo para todos os tipos de consumidor, promete inovar o segmento.

Trata-se de um modelo pequeno, medindo 3,54 metros de comprimento por 1,64 metro de largura e 1,48 metro de altura. Mesmo com essas medidas, o compacto é espaçoso por dentro, com entre-eixos de 2,42m e porta-malas de 251 litros.

Quanto à motorização, a Volkswagen estreia novos motores, como o 1.0 turbocharged de 3 cilindros a gasolina, com 60 cv e 75 cv de potência, além de um propulsor movido a gás natural, de 68 cv. A transmissão é manual de cinco velocidades, embora o modelo possa ser equipado com um câmbio automático oferecido como opcional.

O sistema de Stop/Start, que desliga o carro quando ele está parado, equipa o modelo. Uma vantagem desse sistema é a economia de combustível, com consumos de 28 km/l e 29 km/l nas duas versões, com emissões de CO2 abaixo de 100g/km. Uma versão elétrica já é estudada.

Outra inovação do Up! é que ele quer agradar a todos os gostos. Para isso, o comprador pode equipar a parte interna com itens personalizáveis. Os aplicativos usados nos sistemas de informação e entretenimento serão escolhidos de acordo com o perfil do motorista.

O primeiro mercado a receber o compacto será a Europa. Por lá, o modelo substituirá a exportação do Fox brasileiro, que tem dado prejuízo em razão da alta do real. As vendas começam em dezembro.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

PRA NOVAS AMIGAS E AMIGOS

O Ônus da Cultura do Funcionalismo Público
Por Leandro Vieira
Parece realmente tentador: salário vitalício, benefícios garantidos pelo Estado, estabilidade, carga horária conveniente... Quem nunca desejou passar em um concurso público para dar fim às aflições motivadas pelas incertezas do conturbado cenário econômico-social atual (fuga da incerteza)?
De fato, milhões de pessoas em todo o Brasil têm se dedicado à exaustiva maratona preparatória para os diversos concursos oferecidos pelo setor público, em todas as suas esferas. Alguns dedicam anos de estudo, investindo não apenas tempo, mas, também, dinheiro, muito dinheiro. Cursinhos, material didático, inscrições, viagens, estadias... Se tudo for colocado na ponta do lápis, o ROI (retorno sobre o investimento) de algum felizardo deve tardar uma barbaridade.
Tudo bem, cada um sabe onde aperta o sapato e o que é melhor para a sua vida. A grande questão é que o sonho do concurso público tem gerado um prejuízo enorme para o nosso país. A lógica é simples: temos uma boa parcela de nossos talentos buscando vagas em trabalhos que não acrescentam em nada ao avanço da nação. A maior parte dos cargos públicos volta-se à operacionalização e manutenção da máquina estatal e nada mais que isso. Não estou menosprezando a grande importância do serviço público em nosso país, e tampouco me refiro aos professores e pesquisadores das nossas instituições públicas, longe disso. A questão é que apenas manter a máquina não gera crescimento econômico. É algo como uma locomotiva funcionando sem sair do lugar.
Normalmente, as pessoas que almejam um cargo público têm uma certa aversão a riscos (fuga da incerteza). Entretanto, não conseguem enxergar os grandes riscos que estão por trás de suas escolhas. Enquanto se preparam para os concursos, os candidatos deixam de desenvolver as competências e habilidades extremamente necessárias na iniciativa privada. Não acumulam experiência, não fazem contatos, e colocam em seu currículo apenas os cursinhos preparatórios para concursos. Parecem nunca ter o pensamento “e se eu não passar?”.
Um concursado leva, muitas vezes, mais tempo para passar em um concurso do que um acadêmico leva para se fazer doutor. E em que contribuem os anos de estudo do “caçador de concursos” para o avanço da ciência? Em nada. E para a geração de novos negócios? Pior ainda...
Justamente, um dos principais vetores do desenvolvimento econômico e social de um país é a sua capacidade de produzir ciência, tecnologia e inovação. As modernas teorias acerca do crescimento econômico apontam a inovação como o fator mais importante, não apenas no desenvolvimento de novos produtos ou serviços, como também no estímulo ao interesse em investir nos novos empreendimentos criados. Nesse cenário, surge o empreendedor como uma força positiva no crescimento econômico, fazendo a ponte entre a inovação e o mercado. Vou mais além: o empreendedor é a figura principal desse processo. Apenas pesquisa e desenvolvimento e investimentos em capital físico e humano não causam o crescimento. Essas atividades tomam lugar em resposta às oportunidades de crescimento, e tais oportunidades são criadas pelos empreendedores.
Lembrando Schumpeter, os empreendedores são os impulsionadores do desenvolvimento econômico, os responsáveis pelas mudanças econômicas em qualquer sociedade. O seu papel envolve muito mais do que apenas o aumento de produção e da renda per capita. Trata-se de iniciar e constituir mudanças na estrutura de seus negócios e da própria sociedade. Essas mudanças são acompanhadas pelo crescimento e por maior produção, o que possibilita que mais riqueza seja dividida pelos diversos atores sociais.
Entretanto, em nosso país a cultura empreendedora cede lugar, cada vez mais, à cultura do funcionalismo público. Por aqui, empreender é apenas a saída para os menos inteligentes, para os mais necessitados, para aqueles que não têm condições de arrumar um emprego decente ou de passar em um concurso público. Está tudo errado. (ô frasesinha muito boa, principalmente pra gerar polêmica...). A carreira acadêmica não atrai os jovens em virtude dos baixos salários e falta de reconhecimento profissional. O empreendedorismo não os atrai em virtude dos elevados riscos e das enormes dificuldades para se fazer negócios no Brasil. O resultado dessa equação é trágico: empaca-se o avanço da ciência e dos negócios, a oferta de empregos diminui, a economia estagna e mais e mais pessoas passam a almejar um posto nas instituições públicas, alimentando esse círculo vicioso.
É fundamental revertermos essa tendência e trabalharmos no sentido de fomentar a cultura empreendedora em nosso país. Quando coloco os verbos reverter e trabalhar na primeira pessoa do plural, quero puxar a responsabilidade para as nossas mãos, cidadãos comuns. Não podemos esperar que o poder público faça a sua parte, pois o Estado faz justamente o contrário: inibe a atividade empreendedora ao elevar a carga tributária e criar empecilhos burocráticos absurdos, buscando sempre financiar os altos gastos do setor público com mais tributos e endividamento. Já que não podemos vencê-lo, devemos resistir fortemente à tentação de nos juntarmos a ele.
Os concurseiros e o desperdício de talentos
Os gênios americanos criam empresas fantásticas que mudam os rumos da humanidade. Os gênios brasileiros passam em concursos públicos
Por Leandro Vieira
Advertência: esse post é uma resposta aos comentários dos leitores ao post anterior, "O ônus da cultura do funcionalismo público", cuja leitura é recomendada.
Eu sabia que iria gerar polêmica. Eu sabia que iria levar pedrada. Agradeço, de antemão, a todos que comentaram o artigo O Ônus da Cultura do Funcionalismo Público. Meus amigos, apenas gerando debates, seremos capazes de avançar. Aviso que irei me estender um pouco...
A minha preocupação central é justamente com a corrida em todo o Brasil por vagas no setor público cujo trabalho em nada acrescenta ao crescimento econômico do país. Quando falo de crescimento econômico, isso não desmerece a importância do serviço público ou dos funcionários públicos. Todos cumprem o seu papel na operacionalização da máquina estatal, sem a qual não viveríamos. Em nenhum momento digo que o setor público é inútil ou "inerte" (como esbravejou um leitor)...
Em 2007, a revista Veja publicou uma matéria de capa com a seguinte chamada: 5 milhões de brasileiros irão prestar concurso público naquele ano. Número de vagas? 100 mil. A Veja dessa semana aponta o seguinte número de candidatos para 2011: 12 mihões! Mais do que dobramos o número de candidatos em apenas 4 anos (o que comprova que a cultura do funcionalismo público foi imensamente estimulada no período recente citado). É muita gente para pouca vaga, e o estado tem um limite. Não é preciso criar modelos matemáticos para prever o que irá acontecer com essa turma nos próximos 10 ou 20 anos...
Outro dia soltei uma frase no Twitter que gerou uma grande repercussão e que é oportuna reproduzi-la aqui: Os gênios americanos criam empresas fantásticas que mudam os rumos da humanidade. Os gênios brasileiros passam em concursos públicos.
Para gerar crescimento econômico, é preciso investir em ciência e tecnologia, inovação e desenvolvimento de novos negócios. Esse é um postulado econômico puro e simples. Entretanto, grande parte de nossos maiores talentos, pessoas capacitadas, sente-se muito mais atraída pelo eldorado chamado serviço público, devido, principalmente, aos atrativos citados no início do artigo –(...)salário vitalício, benefícios garantidos pelo Estado, estabilidade, carga horária conveniente(...). Essas pessoas, por exemplo, poderiam contribuir para a melhoria das condições do setor privado – que é quem leva o Brasil nas costas -, seja estudando a fundo a problemática das empresas, seja colocando em prática a sua visão de excelência, servindo de exemplo e referência para outras empresas e outros profissionais.
Esse é o ponto central de meu artigo, que desenvolve a seguinte linha de raciocínio:
A instabilidade econômica e escassez de empregos ocasionam o desinteresse por empreender e a buscar empregos na iniciativa privada. Ao mesmo tempo, elevam o interesse de muitos por vagas no setor público, em virtude das "vantagens" citadas anteriormente. Um número incontável de pessoas com preparo e talento passa a se dedicar – e com uma certa obsessão – a passar em algum concurso. Logicamente, o setor público não pode absorver todo esse contingente de pessoas. Logicamente, alguns passam, mas a imensa maioria permanece se preparando continuamente, na espera de algum dia ser aprovado. Enquanto se preparam para os concursos, não desenvolvem habilidades e competências essenciais na iniciativa privada. Os conhecimentos que adquirem nessa jornada são rasos. Sabe mais quem sabe um pouco de tudo para poder fazer a prova, e saber um pouco de tudo é o mesmo que nada: não provoca avanços na ciência, estimula a inovação e/ou fomenta novos negócios. Tais conhecimentos, arrisco-me a dizer, também não são úteis para promover melhorias significativas no próprio setor público. Por quê? Porque o sistema burocrático tem auto-defesas muito fortes.
Se enxergarmos a sociedade através do prisma da burocracia , iremos encontrar um grande sistema de dominação. Um importante pensador da Administração, Fernando Carlos Prestes Motta (já falecido), compartilhava a visão de Claude Lefort de que "a burocracia é um grupo que tende a fazer prevalecer um certo modo de organização, que se desenvolve em condições determinadas, que se amplia devido a um certo estado da economia e da técnica, mas que somente é o que é em sua essência, em virtude de uma atividade social". Para Motta, o fenômeno burocrático caracteriza-se por um conservadorismo expresso especialmente na manutenção e expansão de uma situação de privilégio (também valor brasileiro: os poderosos têm direito a privilégios...).
A essência desse fenômeno é a mesma em qualquer dos sistemas políticos das classificações usualmente feitas. No lugar de representar uma ponte entre os interesses particulares e os coletivos, a burocracia serve a seus próprios interesses – "uma corporação que se defende em oposição às demais corporações". A esse respeito, o seguinte trecho da obra de Motta merece destaque:"Enganam-se os que julgam a competência da burocracia pela satisfação dos interesses da sociedade civil. Nesse sentido, a burocracia é sempre incompetente, já que como círculo fechado vive para si própria".
Mais uma vez – e já me encaminho para o final -, o setor público é indispensável em toda e qualquer sociedade. Uma das características dos países desenvolvidos é justamente o perfeito funcionamento das suas instituições, elemento fundamental para que os atores sociais se desenvolvam e contribuam para o desenvolvimento de seu país (questão central também do pensamento de Douglas C. North, Nobel de Economia). Porém... o estado por si só não se sustenta. É preciso uma economia de mercado dinâmica para sustentar as atividades do estado, de forma que o estado possa desempenhar o seu papel de forma excelente, devolvendo à sociedade em forma de serviços essenciais aquilo que a sociedade lhe proveu na forma de tributos.
Entretanto, falta dinamismo ao setor privado brasileiro. Nosso setor privado realmente não é eficiente, o empreendedorismo brasileiro, no geral (e essa é uma generalização necessária), é muito rudimentar, surgindo muito mais por necessidade do que pela identificação de oportunidades. Não há diálogo entre academia e mercado. E, ao invés de termos pessoas debruçadas sobre os problemas enfrentados por nossas organizações, pesquisando, inovando ou empreendendo, temos um êxodo cada vez maior dos nossos talentos em busca do setor público.
A questão não é se o setor público brasileiro é eficiente ou ineficiente. A questão é que o nosso setor privado precisa de pessoas capacitadas, talentosas e inteligentes, mas grande parte de nosso contingente pessoal com essas características sente-se muito mais atraída por cargos públicos. Do ponto de vista individual, todos aqueles que almejam vagas no setor público estão mais do que certos. Lógico: por que eu deveria me esforçar para atuar em um campo cheio de riscos, sem segurança e sem estabilidade, quando posso trabalhar para o estado, sem me preocupar pelo resto da vida? Porém, o ônus do ponto de vista coletivo é muito alto, pelas razões expostas nesse post e no referido artigo (individualismo - nada esclarecido - x coletivismo - entendendo-se o coletivo como soma de colaborações tanto individuais quanto coletivas).
Bom, escrevi mais do que no próprio artigo, mas sinto-me imensamente honrado em poder debater com pessoas inteligentes como todos vocês. Até a próxima!
Leandro Vieira é Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Certificado em Empreendedorismo pela Harvard Business School. Tem MBA em Marketing, pelo Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM). Administrador de Empresas pela UFPB e bacharel em Direito pelo UNIPÊ. Foi professor da Escola de Administração da UFRGS. Criador e Editor do Portal www.Administradores.com.br.
Assina também a coluna Administre-se para a Revista VOCÊ S/A.
É um dos organizadores do livro Gestão da Mudança: Explorando o Comportamento Organizacional, lançado pela Editora Atlas em 2010.
Membro do Conselho Editorial da Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, editada pela Fundação Getúlio Vargas (Brasil) e pelo INDEG/ISCTE (Portugal), e da Revista Economia Global e Gestão, do ISCTE (Portugal).
Áreas de interesse: Marketing, Empreendedorismo, Estratégia em Organizações, Gestão de Negócios, Comunidades Virtuais, Ensino a Distância, Criatividade, Liderança, Inovação e aplicação de idéias no âmbito da nova economia.
Associações
 Membro da USASBE - United States Association for Small Business and Entrepreneurship;
 Membro da ABECAN - Associação Brasileira de Estudos Canadenses;
 Membro da ANPAD - Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração;
 Membro da ABED - Associação Brasileira de Ensino a Distância.
Eu não teria escrito melhor. Mas editei. Trechos em negrito são meus. Trechos sublinhados são os que considerei seminais. Caso queira conhecer os textos originais, acesse http://ping.fm/H8H5u
JOSÉ CARLOS

The Wall Street Journal
Por JOHN LYONS de São Paulo
O boom brasileiro, em meio a uma mudança tectônica do investimento mundial para os mercados emergentes, está trazendo riscos para a maior economia da América Latina.
Uma abundância de liquidez ao redor do globo nos últimos anos tem gerado fundos para empréstimos bancários mais arriscados e alimentou o potencial de uma bolha imobiliária. A mesma mudança no fluxo internacional de dinheiro que impulsionou a bolsa Bovespa e trouxe financiamentos para portos e estádios da Copa também fez do real uma das moedas mais supervalorizadas do mundo e muitas fábricas locais não são mais competitivas nos mercados mundiais.


Brandon Kruse para the Wall Street Journal

Os brasileiros gastaram US$ 8,5 bilhões em banhos de loja no exterior ano passado — 60% a mais que num ano antes.
A vida cotidiana se tornou tão cara que ir ao cinema, pegar um táxi e até tomar uma Coca-Cola em São Paulo é mais caro que em Nova York. O preço dos apartamentos no Rio de Janeiro dobrou desde 2008 e o aluguel dos escritórios em São Paulo subitamente ficou mais caro que em Manhattan. Em muitos casos os bancos de investimentos precisam pagar aos banqueiros e analistas brasileiros mais do que eles ganhariam pelo mesmo cargo em Nova York.
A preocupação com o real valorizado demais é um dos principais motivos que levaram o Banco Central a cortar a taxa Selic em meio ponto porcentual, para 12%, no mês passado, recuando do curso seguido durante um ano de alta dos juros. A decisão se arrisca a impulsionar a inflação, mas as autoridades do BC dizem que o alto juro do país tem atraído investimento estrangeiro especulativo que supervaloriza o real e prejudica a economia.
O real já caiu 6% em relação ao dólar desde que o Banco Central baixou os juros, mas ainda está cerca de 36% mais alto do que em 1o de janeiro de 2009. Como os Estados Unidos e a Europa estão afundados no pessimismo econômico, os investidores mundiais devem aplicar mais de US$ 1 trilhão este ano em economias emergentes como Brasil, China e Índia — quase cinco vezes mais que há dez anos. O dinheiro está fluindo porque as economias emergentes é que têm impulsionado o crescimento mundial desde 2009.
Alguns executivos brasileiros temem que o custo de operar esteja aumentando tanto que seu país pode não conseguir se tornar a potência industrial que sonha há gerações. "Desde pequena ouço que o Brasil é o país do futuro. Agora o futuro chegou e comecei a temer que será breve", disse Cynthia Benedetto, diretora financeira do carro-chefe da indústria nacional, a Empresa Brasileira de Aeronáutica SA, terceira maior fabricante de jatos do mundo. Exportadora importante, a Embraer afirma que está investindo em equipamento para reduzir custos trabalhistas no Brasil e também abrindo mais fábricas no exterior.
As fábricas brasileiras produziram em junho 1,6% menos que em maio, no primeiro declínio desde a crise financeira mundial de 2008. As fábricas estão perdendo mercado no exterior e perdendo para importados baratos porque a mão-de-obra, as peças e o transporte têm preço de primeiro mundo — embora o Brasil ainda tenha todas as desvantagens de terceiro mundo como estradas ruins, trabalhadores com baixa escolaridade e violência.
O Brasil não é o único mercado em desenvolvimento que tem enfrentado problemas desse tipo. O investimento estrangeiro maior na China contribuiu para uma inflação dos alimentos nas cidades que alguns economistas dizem que pode provocar rebeliões. Na Turquia, o governo tentou uma abordagem parecida com a que o BC brasileiro acabou de adotar — cortar juros para impedir que a entrada de capital valorize demais a moeda. Mas os juros baixos também impulsionaram uma alta considerável no crédito bancário e temores de uma bolha de crédito.
Aprender a administrar a abundância é uma situação inusitada para o Brasil, que sempre lutou para atrair investimento enquanto oscilava entre crises econômicas e desvalorizações da moeda. Mas os esforços para estabilizar a moeda, domar a inflação e diminuir o endividamento a partir dos anos 90 geraram US$ 350 bilhões em reservas internacionais e grau de investimento.
O dinheiro flui facilmente para o Brasil porque seu câmbio é livre e seus mercados de ações, dívida e derivativos são sofisticados, diferentemente da China. E na verdade há muitos investidores que buscam exposição à China investindo no Brasil, porque ele é um dos mais importantes exportadores de matéria-prima para os chineses. O Brasil é o maior exportador mundial de ferro, carne, frango, açúcar e café. E acabou de fazer descobertas petrolíferas importantes na costa que também podem torná-lo um dos principais exportadores de petróleo.

Claro que o capital que invade rapidamente um país também pode abandoná-lo na mesma velocidade. Líderes das economias emergentes temem que uma catástrofe financeira no mundo desenvolvido — como uma moratória de dívida soberana na Europa — pode inverter subitamente o fluxo de investimentos. Isso causaria declínios aterradores no câmbio, nos imóveis e em outros preços que foram às alturas em lugares como o Brasil durante o atual boom.
Mas no momento as economias emergentes enfrentam mesmo é um o excesso de dinheiro. O Fundo Monetário Internacional reuniu em maio autoridades da África do Sul, da Índia, do Chile e de outros países no Rio de Janeiro para discutir soluções para enfrentar a entrada excessiva de capital. Os banqueiros centrais discutiram artigos com títulos como "Administrando a Abundância para Evitar um Colapso na América Latina".
"O fluxo de capital exacerbou significativamente problemas internos como bolhas e inflação que têm o potencial de tirar as economias emergentes do caminho do crescimento e gerar instabilidade social", diz o economista Eswar Prasad, da Universidade Cornell, que já comandou a divisão chinesa do FMI.
Em seus oito meses de gestão, o governo Dilma Rousseff tem, em geral, perdido a batalha para coibir a alta do real. As autoridades do país culpam o juro quase zero dos EUA e da Europa por possibilitar que fundos de hedge tomem empréstimos baratos no mundo desenvolvido para investir no Brasil.
"Temos de nos defender desse oceano imenso, fantástico e extraordinário de liquidez que tem atingindo nossas economias em busca de retornos que não conseguem em suas próprias", disse Rousseff a líderes latino-americanos em Lima, em 28 de julho.
Mas conter um oceano de liquidez não é fácil. Alguns economistas acreditam que o governo de Rousseff pressionou o BC a cortar os juros prematuramente — algo que a presidente nega. O resultado pode ser inflacionário, dizem eles. O BC afirma que o crescimento mundial está diminuindo ao ponto de tornar a inflação menos preocupante.
O Brasil tem anunciado medidas para coibir o fluxo de capital quase mensalmente, como um imposto sobre compras de títulos de renda fixa, ou tentado compensar seu impacto, com um pacote multibilionário de subsídios para indústrias prejudicadas pela alta do real. Mas a moeda continua subindo e as indústrias afirmam que os subsídios não são suficientes.
Um dos motivos por que essas políticas estão fracassando: mesmo depois de baixar os juros para 12%, o Brasil continua tendo uma das maiores taxas de juro real — o juro menos a inflação — do mundo. Isso torna o Brasil um alvo fácil para especuladores que tomam emprestado dinheiro barato onde os juros são quase zero para depositar no Brasil e embolsar a diferença. O Brasil não pode cortar os juros mais rapidamente porque precisa tomar empréstimos para financiar sua previdência crescente e projetos de infraestrutura.
A verdade é que o fluxo internacional de capital se parece muito com o da água: feche uma comporta e ele flui por outra. As autoridades brasileiras suspeitam que quando um país se movimenta para restringir investimentos especulativos, o dinheiro é disfarçado de investimento direto em empresas. A prova é uma alta de 260% no investimento estrangeiro direto, para US$ 38,5 bilhões, só nos primeiros seis meses do ano.
E, na esteira desses fluxos de investimento, um dos debates mais acalorados no Brasil ultimamente é se o preço alto de tudo, de carros a apartamentos, é uma bolha que um dia vai estourar.
"Não vejo bolha. O fluxo de capital é uma consequência natural de todas as boas notícias sobre o Brasil", disse Fabio Barbosa, diretor-presidente da editora Abril SA e membro do conselho da Petróleo Brasileiro SA. "A questão é como podemos continuar competitivos num cenário de moeda forte que, na minha opinião, chegou para ficar."
Outros enxergam exagero nos preços altos. "Chamo de efeito capirinha", disse Bob Fryklund, que dirige a firma de pesquisa de mercado petrolífero IHS-CERA, no Rio de Janeiro.
Munida com uma moeda forte e crédito barato, uma nova classe de brasileiros internacionais está viajando e comprando loucamente em países em que os produtos são mais baratos. Os brasileiros gastaram US$ 8,5 bilhões em banhos de loja no exterior ano passado — 60% a mais que num ano antes. Os shoppings perto de Miami estão contratando vendedores que falam português e abrindo restaurantes brasileiros para atender esse público.
A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores prevê que um quarto dos carros vendidos no Brasil este ano serão importados, 5% a mais que em 2005, já que a moeda forte barateia os importados. Milhares de metalúrgicos furiosos das filiais brasileiras da Volkswagen e outras montadoras fecharam as ruas de São Paulo em julho para protestar contra a alta das importações, que eles temem que eliminará empregos.
O fluxo de investimentos também aqueceu o mercado imobiliário. Uma série de construtoras brasileiras como a Gafisa SA e a Cyrela SA captaram centenas de milhões de dólares com ofertas de ações nos últimos anos, principalmente para investidores americanos. O dinheiro as ajudou a construir casas para a classe média emergente do Brasil — algo positivo.
Mas essas construtoras bastante capitalizadas aumentaram o preço dos terrenos disponíveis nas grandes cidades, o que, por sua vez, valorizou os imóveis, segundo Sergio Freire, diretor-presidente da corretora Brasil Brokers.
O surgimento de bolhas de crédito é outra preocupação. O crédito está aumentando rapidamente nos grandes países emergentes — Brasil, China, Índia e Rússia. O índice de inadimplência tem subido no Brasil.
O colapso da bolha de crédito pessoal de Maura Guarnieri, em São Paulo, é um exemplo disso. Uma trabalhadora com dois filhos, Guarnieri começou a se endividar ano passado depois que o marido teve insuficiência renal e parou de trabalhar. Em alguns meses ela já tinha aberto quatro linhas de crédito a juros de mais de 40% ao ano — muito mais do que podia pagar mensalmente. Ela não conseguiu pagar recentemente alguns dos empréstimos e contribuiu para a alta de 20% na inadimplência do crédito ao consumidor no Brasil até agora no ano.
O capital estrangeiro ajudou Guarnieri a tomar emprestado. Seus três maiores credores — Banco Cruzeiro do Sul SA, Banco Daycoval SA e Banco Panamericano SA — são bancos de médio porte que expandiram a carteira de crédito, em parte, com empréstimos baratos no exterior. Juntos, eles já tomaram US$ 2,2 bilhões em nove emissões separadas de títulos no exterior a juros menores que os disponíveis no mercado brasileiro.
Dois dos bancos, o Daycoval e o Banco Cruzeiro, descontam a prestação do contracheque de Guarnieri porque o crédito era consignado e continuam recebendo.
O real forte é um problema ainda maior para a indústria. Humberto Barbato tem uma empresa que fabrica peças para linhas de alta voltagem. Décadas atrás ele se beneficiou de uma política governamental que ajudava fabricantes a exportar. Agora ele está assistindo ao colapso de seu negócio. A moeda forte está expulsando-o de mercados estrangeiros conquistados a muito custo. E ele também está perdendo mercado no Brasil para importados chineses baratos.

Crise | 12/09/2011 17:02
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Estudo aponta falha em análise de dívidas da Grécia, adverte FMI
Uma previsão melhor do FMI teria permitido chamar a atenção para o que se tornou uma custosa e problemática deterioração econômica do país e da zona do euro
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Louisa Gouliamaki/AFP

Bandeira da Grécia tremula em frente ao Parlamento

Van Rompuy: uma saída da Zona Euro "geraria mais problemas que soluções"

São Paulo - O Fundo Monetário Internacional (FMI) precisa de análises mais realistas sobre a capacidade dos países de pagar suas dívidas, advertiram os técnicos do FMI em um relatório publicado hoje. A questão ganha relevância pelo equívoco do fundo sobre os problemas da dívida grega, segundo o relatório. Uma previsão melhor do FMI teria permitido chamar a atenção para o que se tornou uma custosa e problemática deterioração econômica do país e da zona do euro.
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"É necessário modernizar o sistema para a política fiscal e para as análises de sustentabilidade da dívida pública, especialmente na questão das recentes crises e do aumento das preocupações de sustentabilidade dos negócios em algumas economias avançadas", diz o relatório.

O fundo espera implementar algumas das recomendações de seus técnicos nos próximos meses, incluindo adotar o limite de 60% da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) para começar uma fiscalização mais intensa. O FMI também vai adotar uma avaliação mais baseada no risco durante análise das contas de um país.

Antes da crise econômica mundial de 2008, os gastos governamentais dos países ricos foram inflados pela confiança em um crescimento vigoroso. A crise e a subsequente recessão colocaram os níveis da dívida em foco no momento em que os mercados começaram a questionar a capacidade dos governos de pagar suas imensas dívidas, que só aumentaram quando economias avançadas colocaram em seus encargos programas massivos de estímulo. Como as projeções de crescimento têm sido constantemente revistas para baixo nos meses recentes, combater os níveis elevados de endividamento é cada vez mais urgente, diz o relatório.

O estudo sugere que a Grécia é um exemplo perfeito da equivocada análise do FMI. Atenas está à beira de um default, negociando empréstimos do FMI e da União Europeia para cobrir suas dívidas. No entanto, o FMI previu, em uma análise da economia da Grécia em 2007, que a dívida do país atingiria no máximo 98% do PIB no pior cenário. Em 2010, a dívida chegou a 142% do PIB e alguns economistas disseram que poderia atingir 180%.

"Antes da crise, as análises do fundo nem sempre davam atenção suficiente para a sustentabilidade da dívida pública em países com mercado de acesso, especialmente em economias avançadas", diz o relatório.

Muitas economias avançadas precisam de uma análise mais profunda do FMI se a relação da dívida com o PIB atingir 60%, incluindo os Estados Unidos. Com as despesas superiores às receitas, o FMI projeta que a relação da dívida americana com seu PIB suba de 99 5% este ano para 112% dentro de cinco anos. Os economistas do fundo estimam que o máximo alcance que a dívida pode ser sustentável sem incapacitar a economia é entre 60% e 80% do PIB.

Embora alguns membros do conselho do FMI sejam reticentes, os técnicos do fundo também disseram que a cobertura do equilíbrio fiscal e da dívida pública dos países deveria ser tão ampla quanto possível, levando em conta passivos, como programa de benefícios.

O relatório está alinhado com as recomendações em um novo livro dos economistas do FMI sobre como governos planejam reduzir suas dívidas. No livro "Chipping Away at Public Debt: Sources of Failure and Keys to Success in Fiscal Adjustment", os economistas dizem que a elaboração de planos para dar conta de choques financeiros e econômicos vão melhorar as chances de tirar os balanços governamentais do vermelho. As informações são da Dow Jones.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

BOLETIM TECNOLÓGICO
02/09/2011
Vírus ataca e destrói câncer infantil
Jim Sliwa

Cientistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, estão estudando um vírus da mesma família do vírus da raiva para combater um tipo de câncer encontrado principalmente em crianças e adultos jovens.

Sarcomas de tecidos moles são cânceres que se desenvolvem em tecidos que conectam, dão suporte ou circundam outras estruturas e órgãos do corpo.

Músculos, tendões, tecidos fibrosos, gordura, vasos sanguíneos, nervos e tecidos sinoviais são exemplos de tecidos moles.

Embora relativamente raros em adultos, esses sarcomas representam aproximadamente 15% das neoplasias malignas pediátricas e resultam em morte em aproximadamente um terço dos pacientes até cinco anos depois do diagnóstico.

Vírus oncolítico

O vírus da estomatite vesicular (VSV) é um rabdovírus, que é a mesma família de vírus como o da raiva. Ele causa uma doença semelhante à febre aftosa em bovinos.

Uma pesquisa recente descobriu que o vírus também é oncolítico, o que significa que ele procura e destrói tumores cancerígenos.

Estudos anteriores também já demonstraram que o VSV é promissor no tratamento de tumores cerebrais em camundongos.

Neste estudo, os pesquisadores investigaram o potencial do VSV e de uma versão oncoliticamente melhorada do vírus da estomatite vesicular (VSV-rp30a) para efetivamente alvejar e matar 13 sarcomas diferentes.

Agente oncolítico

As duas linhagens do vírus efetivamente infectaram e mataram 12 dos 13 sarcomas.

A resistência do sarcoma sobrevivente foi finalmente superada com um pré-tratamento com compostos que antagonizam a sinalização interferon.

Adicionalmente, os cientistas analisaram a capacidade do VSV-rp30a para infectar e evitar o crescimento de tumores.

"Uma única injeção intravenosa do VSV-rp30a infectou seletivamente todos os sarcomas subcutâneos humanos testados em camundongos e impediu o crescimento de tumores que cresceriam 11 vezes [se não tratados]," escrevem os pesquisadores.

"No geral, achamos que a eficácia potencial do VSV como um agente oncolítico estende-se a tumores mesodérmicos não-hematológicos e que a resistência invulgarmente forte à oncólise do VSV pode ser superada com atenuadores de interferon," concluem.

Há 48 minutos 0 Postado por: Angela Bittencourt Seção:Crise econômica

Fora do roteiro do BC, risco de calote da Grécia assusta
Os mercados internacionais não apostam 1 centavo na possibilidade de a Grécia sair do pântano financeiro em que se encontra. E as bolsas do mundo todo são, nesta manhã, o melhor termômetro da expectativa crescente de que Atenas entrará em default ameaçando arrastar bancos das economias centrais para o buraco. Enquanto os gregos ampliam protestos contra medidas de austeridade, ações do setor bancário francês e britânico derretem.

A Grécia também está no foco do mercado brasileiro. Por aqui, o dólar já sobe 0,70%. E, no oitavo dia de alta, instala-se no patamar de R$ 1,69. O pesado cenário europeu exige atenção adicional, considerando o fato de o Banco Central (BC) não contar com a moratória grega.

Em entrevista à jornalista Cláudia Safatle, publicada no Valor desta segunda-feira, o presidente do BC, Alexandre Tombini, diz não contar com o calote. Ou seja, o default não estaria contemplado no cenário do BC que prevê impacto equivalente a um quarto da crise 2008/2009 sobre a economia doméstica.

Portanto, em caso de confirmação desse default, não se descarta adoção de novas medidas pelo governo Dilma.

Também na entrevista, Tombini afirma que a política de juros foi ajustada por aqui – referindo-se ao corte da taxa Selic em 0,50 ponto na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) - porque “já vínhamos com uma desaceleração que dava sinais de intensificação no segundo semestre. Aí vem o agravamento da crise”.

“O CDS (preço do seguro da dívida soberana) está indicando 90% de possibilidade de default da Grécia. Não estamos contando com isso. Estamos contando com uma revisão do crescimento, com adiamento da normalização das condições monetárias nos EUA e Europa, agora, se vem um troço desses....”

Mesmo com queda do PIB, falta de talentos permanece
12/09/11 07:39 | Marcelo Mariaca - Presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School
O país vai crescer menos este ano em relação a 2010, conforme admitem as próprias autoridades governamentais. Mas o chamado apagão de talentos vai continuar, pois não temos um estoque de profissionais para atender às demandas do crescimento e não há tempo suficiente para formar mão de obra qualificada.
Ou seja, as empresas vão continuar enfrentando a carência de profissionais especializados.
O caso dos engenheiros é o mais citado, porque a formação desse profissional tem forte impacto na inovação tecnológica.
Segundo estudo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação, relativo a 2009, o Brasil deveria aumentar em 21% a formação de engenheiros para sustentar um crescimento econômico da ordem de 5% ao ano. Já para elevação de 7% do PIB, seria necessário ampliar para 41% o número de formandos nas faculdades de engenharia.
Em outras palavras, por falta de engenheiros, o Brasil não tem condições de sustentar o patamar de crescimento registrado no ano passado, de 7,5%. O mais dramático no estudo da Capes é a comparação do número de engenheiros formados no Brasil, cerca de 40 mil, com outros países emergentes. A Rússia forma 190 mil, a Índia, 220 mil e a China... Bem, a China forma 650 mil.
Mas a escassez de profissionais qualificados não se restringe aos engenheiros.
Nesses dias, a Vale anunciou que vai conceder quase dois salários a empregados que prometerem ficar na empresa por um certo período. Com isso, a maior empresa privada brasileira quer evitar a saída de profissionais para a concorrência.
Recentemente, o presidente da IBM Brasil alertou que o país, para manter um nível de crescimento mais acelerado, precisa investir mais em inovação. Mas a maior parte dos setores, incluindo o de tecnologia da informação, tem dificuldades em aumentar esses investimentos, seja pela falta de recursos e estímulos, seja pela incerteza do nível de retorno, seja pela escassez de profissionais altamente qualificados.
Segundo o Observatório Softex, unidade de estudos e pesquisas da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), poderá haver, dependendo dos vários cenários analisados, um déficit de 80 mil a 200 mil de profissionais de TI já em 2013.
Seria tedioso enumerar aqui levantamentos de vários setores que enfrentam dificuldades para contratar ou reter talentos. Poderíamos ficar apenas com a pesquisa "Carência de Profissionais no Brasil", da Fundação Dom Cabral, feita em março deste ano com 130 empresas brasileiras de grande porte.
O estudo revela que 74% das organizações pesquisadas lidam com a escassez de profissionais capacitados para ocupar vagas de nível tático e estratégico, no alto escalão. O percentual sobe para 92% das empresas que têm dificuldades em recrutar talentos para cargos diversos.
Tudo isso significa que, mesmo com um crescimento do país de 3% a 4%, as empresas estão buscando alternativas para atrair e reter talentos.
Conforme constatou a pesquisa da Fundação Dom Cabral, 69% das empresas consultadas afirmaram que diminuíram as exigências para o recrutamento de candidatos aos níveis mais altos, focando aqueles que demonstram aderência à cultura organizacional e disposição para ser treinados.
Diante da dificuldade de encontrar talentos disponíveis no mercado, outras empresas optam por acelerar o treinamento e o processo de promoção da chamada "prata da casa". A maior parte das organizações já oferece pacotes de remuneração e benefícios mais atraentes e bônus pontuais, como no caso da Vale.
Em resumo, o mercado de recrutamento de talentos deverá continuar aquecido.
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Marcelo Mariaca é presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School

A era da desconfiança
12/09/11 07:47 | Ricardo Galuppo - Publisher do Brasil Econômico
Os ataques de 11 de setembro tiveram um impacto monumental sobre a economia mundial - e colocaram o mundo diante de um risco de recessão jamais descartado desde então. Fazer negócios passou a exigir cautelas antes desnecessárias e tudo ficou mais difícil.
No entanto, acima e além da lembrança de um episódio que, sem dúvida, dividiu a história entre o antes e o depois de seu acontecimento, os 10 anos do 11 de setembro, completados ontem, significam uma oportunidade de reflexão sobre a maneira com que o mundo se comporta diante desse tipo de situação.
O que houve ali, num resumo superficial - mas verdadeiro -, foi o seguinte: uma sociedade organizada, construída com base nos princípios do direito individual, de repente se torna alvo de bandidos que se apoiam nas regras de liberdade do adversário para atacá-lo de forma covarde.
Alguns fanáticos se juntaram em nome de um falso argumento religioso, mataram milhares de inocentes e, a partir de então, desencadearam uma onda de reações que incluiu desde a mobilização militar contra governos simpáticos aos terroristas até a disseminação do ódio e do medo contra todos os que professam a fé islamita.
É claro que não se pode condenar todo um povo pela loucura de meia dúzia de fanáticos. Mas o problema é que a reação aos atentados não conseguiu eliminar o fanatismo. E as motivações que levaram aquele bando a sequestrar aviões e utilizá-los como bombas contra as torres do World Trade Center, em Nova York, e contra o Pentágono, em Washington, são hoje idênticas às de dez anos atrás.
Na medida em que o episódio se distancia na linha do tempo, as discussões em torno do 11 de setembro passaram a desconsiderar os fatos que motivaram toda a transformação verificada desde então.
Hoje em dia, quase ninguém mais fala do risco permanente que pesa sobre o ocidente, mas são frequentes as queixas contra as medidas tomadas para prevenir novos ataques.
Os algozes passam a ser tratados como vítimas e as discussões passam a girar em torno da permanência prolongada das tropas americanas no Afeganistão e no Iraque - e na impossibilidade de derrotar os fanáticos e de impedir novos atentados.
As pessoas passam a se incomodar com as medidas de prevenção tomadas em nome da proteção às sociedades ameaçadas, que incluem revistas rigorosas aos passageiros nos aeroportos dos Estados Unidos, da Espanha, da Inglaterra, de Israel e de outros países.
E que também incluem, é claro, uma atenção maior àqueles que são da mesma etnia e professam a mesma fé dos autores dos atentados. O que fica de toda essa experiência é que os valores que estiveram sob ataque no dia 11 de setembro continuam válidos e, mais do que isso, continuam sendo a meta para uma humanidade que deseja cada vez mais prosperar em liberdade.
Os países desenvolvidos, que oferecem boas condições de vida a seu povo, são democracias construídas sobre os princípios do capitalismo.
A alternativa oferecida por esses assassinos que ameaçam essa ordem é a barbárie num regime de restrição que inclui o apedrejamento de mulheres em praça pública. Está na hora de todos escolhermos o lado em que queremos estar. Eu fico com a democracia.
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Ricardo Galuppo é publisher do Brasil Econômico
E eu fico com a democracia e a civilização.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

No WikiLeaks | 09/09/2011 10:18

Embaixador dos EUA aponta corrupção no governo Lula

A avaliação foi revelada em uma carta enviada há um ano e meio pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, ao procurador-geral americano, Eric Holder

Ricardo Stuckert/Presidência da República

O documento foi revelado nesta semana pelo WikiLeaks. Essa não é a primeira revelação sobre os comentários da diplomacia americana sobre a corrupção no Brasil

Genebra - A diplomacia americana considera que a corrupção durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva era "generalizada e persistente" e atingia todos os Três Poderes. A avaliação foi revelada em uma carta enviada há um ano e meio pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, ao procurador-geral americano, Eric Holder.

Na carta, que servia como uma preparação para a visita de Holder ao Brasil, Shannon fez ainda um raio X da Justiça brasileira, acusando-a de "despreparada" e "disfuncional". O documento foi revelado esta semana pelo WikiLeaks. Essa não é a primeira revelação sobre os comentários da diplomacia americana sobre a corrupção no Brasil. Documentos de 2004 e 2005 revelaram a mesma preocupação e mesmo o risco de os escândalos do mensalão acabarem imobilizando o governo.

Mas o que fica claro é que, mesmo no último ano do governo Lula, a percepção americana não havia mudado sobre a presença da corrupção na administração. E o fenômeno não se limitaria aos Três Poderes. Segundo Shannon, as forças de ordem também seriam prejudicadas por "falta de treinamento, rivalidades burocráticas, corrupção em algumas agências e uma força policial muito pequena para cobrir um país com 200 milhões de habitantes". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Indústria | 06/09/2011 13:52

Firjan lança manifesto de apoio a Dilma contra corrupção
Federação de Indústrias do Rio de Janeiro lançou hoje manifesto de "apoio incondicional às medidas de combate à corrupção levadas a cabo pela presidente"

Luciana Nunes Leal

Renato Araújo/Agência Brasil

Dilma recebe apoio

Empresários também cobram uma atitude mais efetiva dos trabalhadores em favor das medidas contra corrupção

Rio de Janeiro - A Federação de Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) lança, na tarde de hoje, o Manifesto do Empresariado Brasileiro em Favor da Ética na Política, de "apoio incondicional às medidas de combate à corrupção levadas a cabo pela presidente Dilma Rousssef"

No texto, os empresários cobram uma atitude mais efetiva dos trabalhadores em favor das medidas contra corrupção. "A mobilização não deve se restringir ao empresariado. É necessário que toda a sociedade civil se posicione, incluídas as principais entidades representativas dos trabalhadores", diz o manifesto.

No lançamento do documento, serão homenageados os senadores que integram a Frente Suprapartidária de Combate à Corrupção e à Impunidade, como Cristovam Buarque (PDT-DF), Eduardo Suplicy (PT-SP), Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Pedro Simon (PMDB-RS).

Análise: IPCA de agosto sinaliza que inflação fechará o ano em 6,6%


Variação de 0,37% pôs fim ao alívio sazonal observado entre junho e julho
6/9/2011 - 11:41 - Redação


Depec-Bradesco *

O IPCA registrou elevação de 0,37% em agosto, em linha com o esperado por nós (+0,38%) e pelo mercado (+0,36%), conforme divulgado hoje pelo IBGE. Na variação acumulada nos últimos 12 meses, o índice registrou alta de 7,23%, ante 6,87% até julho. O índice acelerou em relação ao mês anterior (+0,16%) e foi influenciado principalmente pela volta ao campo positivo dos grupos de alimentação e bebidas e da volta sazonal dos preços de vestuário.

IPCA varia 0,37% em agosto, e acumulado em 12 meses vai a 7,23%.

Em relação a julho, o item alimentação e bebidas passou de deflação de 0,34% para elevação de 0,72%, resultando na maior contribuição positiva para o resultado total. Na mesma direção, o componente de habitação passou de +0,27% para +0,32%, refletindo maior pressão dos itens de aluguéis e condomínios, assim como o grupo vestuário, que acelerou de +0,10% para +0,67% em agosto, em linha com a sazonalidade.

Por outro lado, o grupo transportes voltou a mostrar arrefecimento, para queda de 0,11%, após elevação de 0,46% em julho, explicada pela queda em passagens aéreas (de +3,2% para -5,95%), mas também por conta de reduções de preços de automóveis novos e usados, além do alívio de preços de combustíveis.

As medidas de núcleos, por sua vez, mantiveram-se em patamares pressionados: o núcleo por expurgo1 subiu de 0,40% em julho para alta de 0,45%, ao passo que o IPCA DP2 passou de 0,38% para 0,39%. Dentre os itens que afetam os núcleos, destaque para os preços de bens duráveis, que aceleraram de queda de 0,10% para leve alta de 0,02%. Já os preços de serviços subiram 0,50% no período, acima do observado no mês anterior (+0,42%), acumulando elevação de 8,92% nos últimos 12 meses.

Diante disso, mantemos nossa avaliação de que, ao longo dos próximos meses, continuaremos a observar índices mais pressionados em relação ao alívio sazonal observado entre junho e julho. Assim, para este e o próximo ano, esperamos que o IPCA atinja 6,6% e 5,6%, respectivamente.

* Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco

Emprego industrial: sinais mais do que negativos


Resultado mais preocupante do IBGE é o recuo do emprego em SP pelo terceiro mês seguido
11/8/2011 - 15:41 - Redação


IEDI *

Os sinais são de agravamento do emprego industrial no Brasil. O último dado do IBGE, divulgado hoje, mostra uma retração de 0,2% do número de ocupados na indústria no mês de junho com relação a maio, com ajuste sazonal. Essa taxa de variação confirma o fraquíssimo desempenho do setor industrial na geração de empregos do País, o qual pode ser observado desde agosto do ano passado.

Emprego na indústria cresceu 1,9% no primeiro semestre; em junho, porém, a taxa caiu 0,2%.

De fato, no período agosto de 2010 a junho de 2011, ou ainda, em onze meses, o emprego na indústria avançou somente 0,3%. O que explica esse comportamento é a desaceleração da produção industrial, resultado da perda de competitividade do bem produzido domesticamente em relação ao produzido no estrangeiro e da própria diminuição do ritmo da economia brasileira.

No entanto, o sinal mais preocupante nos dados do IBGE não está nessa retração de 0,2% dos ocupados na indústria ou mesmo na nítida trajetória descendente da taxa de variação do emprego industrial na série que compara determinado mês com o mesmo mês do ano anterior (2,8%, 2,9%, 2,2%, 1,7%, 1,3% e 0,7%, respectivamente, de janeiro a junho deste ano).

O resultado mais grave é o recuo do emprego em São Paulo: –1,5% em junho frente a junho de 2010. Uma queda do número de ocupados na indústria paulista que também foi registrada em abril (–0,3%) e maio (–0,8%), ou seja, três meses consecutivos de retração a taxas cada vez mais negativas. Dada a elevada participação da indústria de São Paulo no emprego industrial, a tendência que se pode traçar para o mercado de trabalho do setor não é nada favorável.

Além disso, cabe observar que o número de horas pagas na indústria não vem apresentando bons resultados desde março deste ano. Em junho com relação a maio, houve queda de 0,6% – com ajuste sazonal. Isso é um indicativo de que o emprego poderá sofrer novos reveses nos próximos meses.

Parece que o emprego industrial, após ficar estagnado por praticamente onze meses, começa a encolher, seguindo mais de perto o processo de desaceleração da produção industrial que ocorre há mais tempo. A lógica aqui é que a prioridade de manter os postos de trabalho ocupados pode estar cedendo diante das adversidades que a indústria vive no plano da produção.

Um último ponto: esses números de junho estão, vale dizer, “limpos” de qualquer efeito da nova onda de crise internacional. Um agravamento no cenário internacional poderá dificultar ainda mais o quadro já nada salutar da indústria brasileira.

* Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial

Indústria não deve apresentar melhora significativa num quadro que combina estoque alto, demanda moderada e aumento das importações
31/8/2011 - 14:54 - Redação


Depec-Bradesco *

A produção industrial brasileira registrou alta de 0,5% em julho, em relação a junho, quando havia recuado 1,2% (queda revisada para cima, em relação ao -1,6% reportado anteriormente), conforme divulgado hoje pelo IBGE. Essa expansão – superior à nossa expectativa de 0,3% e inferior à mediana das projeções de mercado, de 0,7% – gera um carregamento estatístico de 1,5% para 2011, sinalizando que o resultado anual não deve ser forte.

Na comparação com o mesmo mês de 2010, a produção da indústria passou de crescimento de 0,9% em junho para uma contração de 0,3% em julho, acumulando alta de 1,4% nos sete primeiros meses de 2011, comparativamente ao mesmo período do ano anterior.

Produção industrial cresceu 1,4% nos primeiros sete meses do ano, aponta IBGE.

Considerando a abertura do indicador e as variações ante junho, destaque para a produção de bens de consumo semi e não-duráveis (+3,8%, ante a queda de 3,0% em junho), impulsionada pelo aumento pontual de 16,8% do segmento de edição e impressão (principalmente pela maior produção de livros, explicada por encomendas governamentais), seguida por bens de consumo duráveis, que após retração de 0,5% em junho, registrou alta de 2,9% em julho, favorecida pelo setor de veículos automotores (4,3%), principalmente.

A produção de bens de capital também mostrou alta, de 1,7% (ante o recuo de 0,7% no mês anterior), que se concentrou no item de materiais de transportes, enquanto a categoria de bens intermediários foi a única a apresentar contração, de 0,7%, após queda de 1,6% de junho.

A leitura por ramos de atividade mostrou que, dos 27 segmentos avaliados, 14 apresentaram produção maior em julho, na margem. Ainda vale mencionar as contribuições positivas vindas de alimentos (1,9%), bebidas (4,1%) e refino de petróleo e produção de álcool (1,9%). Na direção contrária, dentre aqueles ramos que mostraram recuo, vale citar a indústria farmacêutica (-9,0%) produtos químicos (-1,8%), têxtil (-4,9%), diversos (-12,9%) e máquinas e equipamentos (-1,3%).

Olhando para frente, a indústria não deve apresentar uma melhora significativa, diante de um quadro que combina aumento de estoques, moderação do consumo doméstico e aumento das importações líquidas. De fato, a Sondagem da Indústria de Transformação, também divulgada hoje pela FGV, mostrou que a confiança empresarial continua diminuindo. O Índice de Confiança Industrial (ICI) de agosto registrou queda de 2,2% na margem. Esta é a 8ª queda consecutiva.

Confiança da indústria cai ao menor patamar desde agosto de 2009.

Esse movimento na confiança industrial sugere que a produção industrial deverá apresentar uma nova queda em agosto: a nossa expectativa preliminar é de variação negativa de 0,6%. Assim, o terceiro trimestre também deverá apresentar uma atividade industrial enfraquecida, em linha com a nossa expectativa de desaceleração da economia brasileira ao longo deste semestre.

* Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

XÔ, URUBUS!

Me lembro que há poucos anos, certo governante decidiu nos livrar do que considerava excesso de intromissões do FMI e do Banco Mundial. Na época, o país devia muitos bilhões de dólares àqueles organismos internacionais. Pois bem, o país pagou de chofre, a ambos os órgãos, e os mandou cantar de galos em outros terreiros. E a economia não se ressentiu em absolutamente nada desses pagamentos, muito pelo contrário, ficamos livres de intromissões que muitas vezes se revelaram erradas.
Por que então não fazemos o mesmo com a banca privada estrangeira, que fica nos sugando muitíisimos bilhões de dólares todo ano, só de juros da dívida?
Eles que vão ganhar sem produzir nada nos países deles...
JOSÉ CARLOS

QUANDO VOCÊ GASTA MAIS DO QUE GANHA
Quando você gasta mais do que você ganha, se vê diante de 3 alternativas: reduzir os gastos, procurar mais trabalho ou outra forma de aumentar licitamente sua receita, ou se endividar. Os governos também têm tais opções quando gastam mais do que ganham, e mais: podem emitir moeda, injetar dinheiro na economia. E dessas opções, normalmente os governos não praticam uma: reduzir os gastos, por que gera perda de votos.
Então os governos, modo geral, normalmente estão sempre se endividando (o que gera alta de juros), aumentando impostos (aumentando suas receitas) ou gerando inflação (lembremos que Milton Friedman ganhou o Prêmio Nobel em Economia justamente por ter provado que quem gera inflação é o governo, e o faz injetando dinheiro na economia).
No caso brasileiro, ao longo de toda a história, os governos costumam ser bem mais gastadores que a média mundial, de modo que o endividamento – leia-se taxa de juros -, a inflação, e a carga de impostos sempre foram comparativamente altas e nos últimos anos isso piorou.
Mas, ora, se a inflação é gerada pela injeção governamental de dinheiro, moeda, crédito, na economia, pra acabar com ela é só parar de praticar tal procedimento, para o que é necessário que o governo cesse o aumento e se possível reduza seus gastos.
Isso foi feito em meados da década dos 90, quando a carga tributária foi elevada de cerca de 26% a.a. pra cerca de 31% a.a. pra que o governo pudesse dar conta de seus gastos, mas a injeção de dinheiro adicional cessou; foi o chamado Plano Real, resumindo de modo bastante grosseiro.
De lá pra cá, muitas mudanças vêm sendo feitas na condução da economia, mas os governos vêm desperdiçando muitas chances de promover vigoroso crescimento da economia, haja vista que a taxa de inflação é relativamente pequena, em relação a sua média histórica.
Reduzindo seus gastos ou ao menos não os aumentando, o governo veria em poucos meses queda significativa da inflação, o que lhe permitiria reduzir a taxa de juros, que é elevada também por necessidade de controlar a inflação. Levando-se a redução da taxa de juros ao ponto de aproximá-la da praticada no mundo desenvolvido, teríamos que o enorme volume de dinheiro aplicado em títulos do governo (ou seja, emprestado ao mesmo a juros exorbitantes) teria que ser aplicado em atividades produtivas, se os investidores quisessem continuar a obter bons rendimentos – sempre falando de modo muito resumido, claro.
Seria o fim da chamada ciranda financeira, que permite a quem tem muito dinheiro ganhar ainda mais dinheiro, com risco virtualmente zero e sem “fazer nada”. Tal numerário (na casa de vários trilhões de reais) seria injetado, em grande parte, em atividades produtivas, gerando riqueza (bens e serviços), crescimento, renda, empregos, enfim, em quantidade astronômica.
Por tabela, os “investidores internacionais”, que introduzem enorme quantidade de dólares no país, necessitariam também aplicar na produção, ou sair do país, em busca de ganhar muito sem fazer nada em outras freguesias. Ao fazer isso, reduzir-se-ia bastante a quantidade de dólares aqui que só faz: supervalorizar o real, impedir crescimento ainda maior de nossas exportações, aumentar incrivelmente as importações e colocar em risco de extinção nossa indústria.
Então, indústria, comércio e agricultura cresceriam espantosamente, a ponto de se necessitar graduar a adoção dessas medidas, pois o crescimento poderia ser tal que desorganizasse a economia.
Resumindo, contenção dos gastos governamentais (Executivo, Legislativo, Judiciário, Federal, Estaduais, Municipais) leva a queda da inflação, que permite redução dos juros, que expulsa especuladores e aloca aplicações maciças de capital à produção, o que gera crescimento muito maiores que o atual do PIB e dos empregos. Ciclo virtuoso. Simples assim de conceber, claro que menos simples de implementar, mas nada impossível, hajam vista a grande maioria de apoio ao governo no Congresso e o grande apoio popular ao governo atual.
Outra possibilidade, que pode e provavelmente deve ser explorada concomitantemente, é o pagamento da dívida externa. Embora se pense que a dívida externa não mais existe - tal suposição decorre de marketing político do governo anterior, mas não procede – ela não só existe, como já é de mais de U$ 250 bilhões e continua crescendo.
E o governo paga U$ 30 bilhões ao ano só de juros da mesma. Mas tem mais de U$ 350 bilhões de reservas, ou seja “poupança” pro caso de algum problema econômico urgente.
Porém e também historicamente, o país sempre teve um montante de reservas bem menor que o atual, comparativamente, sem que isso trouxesse maiores problemas – exceto unicamente no caso da crise do petróleo de 73, mas o petróleo não nos é mais problema.
Então, poder-se-ia simplesmente pagar a dívida com as reservas – afinal as reservas não existem pra nos proteger de problema macroeconômico? - e ainda ficaríamos com mais de U$ 100 bilhões de reservas, que continuariam crescendo, sem necessitar mais pagar juros de dívida – e sem perigo algum: veja que o país entrou naquela que foi classificada como a mais grave crise econômica mundial desde a Grande Depressão, a crise de 2008, com cerca de U$ 200 bilhões de reservas e saiu com mais de U$ 240 bilhões, ou seja, não necessitou mexer em um único centavo das reservas pra se sair muito bem daquela gravíssima crise. E, se mesmo assim ainda necessitar, sempre poderá obter empréstimos novamente.
Tal medida, se realizada ao longo dos muitos meses restantes do mandato presidencial – também não deve nem pode ser realizada de forma abrupta pra não desorganizar a economia, claro – “enxugaria” enormemente a absurda quantidade de dólares no país existente, que deprime a indústria, incentiva as importações desmedidamente etc.
Opções simples de conceber, talvez no momento ainda simples de implementar. E com um potencial de fazer o país crescer sem inflação simplesmente fantástico. O governo parece caminhar na direção de implementar algo semelhante à primeira idéia que citei; como seria bom se pensasse e principalmente agisse na direção também da segunda idéia...
JOSÉ CARLOS

Há 11 horas 0
Serviços sustentam crescimento do PIB
Por Sergio Lamucci | De São Paulo

Amparado pela força do mercado de trabalho, o setor de serviços passou a puxar o crescimento da atividade econômica nos últimos anos. Com peso de mais de 67% no Produto Interno Bruto (PIB), o segmento mostra dinamismo num momento em que a indústria padece com a concorrência dos produtos importados e a dificuldade de exportar. Neste ano, os serviços crescem a um ritmo menor do que em 2010, mas são de longe o setor com melhor desempenho pelo lado da oferta: no primeiro semestre, avançaram 3,7% sobre o mesmo período do ano passado, mais que os 2,6% da indústria e o 1,4% da agropecuária. Os maiores destaques têm sido os segmentos de serviços de informação (como telefonia e informática) e o de intermediação financeira, seguros e previdência complementar.

O desemprego baixíssimo e o rendimento em alta impulsionam a demanda por serviços, que praticamente não sofrem com a competição estrangeira, hoje favorecida pelo câmbio valorizado, como se vê na indústria. "Há uma mudança no perfil da demanda nos últimos anos, com forte aumento do salário real, que sustenta a expansão dos serviços", diz o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.


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O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, vê também uma alteração estrutural que impulsiona os serviços. Há, segundo ele, uma elevação na renda per capita nos grandes centros urbanos, num cenário de desemprego baixo. Isso eleva a demanda por serviços de informação como telefonia e banda larga, assim como a procura por mais crédito e por produtos como planos de previdência complementar, diz Borges. Também ganham alento os chamados outros serviços, que incluem atividades como os serviços prestados às empresas e às famílias, restaurantes, hotéis e clubes. "As pessoas viajam mais e comem mais fora de casa." Essa categoria representa quase 15% do valor adicionado da economia, o segundo item do grupo de serviços com maior peso - o primeiro é administração, saúde e educação públicas, com 16,5%. Comércio vem em terceiro, com quase 12%.

A importância decisiva do setor de serviços para a atividade fica evidente quando se compara a evolução desde o terceiro trimestre de 2008 - momento em que a crise global ainda não havia batido com força sobre o Brasil - e o segundo trimestre deste ano, na série com ajuste sazonal. Nessa comparação, o PIB cresceu 7,8%, puxado pela alta de 9,1% dos serviços. De lá para cá, a indústria geral cresceu 2,6% - com a de transformação em queda de 0,45% - enquanto a agropecuária avançou 0,9%. "Depois da crise, o mercado interno ganhou mais força na economia brasileira", diz Borges.

Ao mesmo tempo em que os serviços tomaram fôlego, a indústria entrou num momento complicado. A demanda externa por produtos manufaturados caiu, com o baixo crescimento nos países desenvolvidos, e as importações passaram a incomodar ainda mais, num quadro de câmbio valorizado e em que o Brasil passou a ser um dos países que mais crescem.

O resultado é que os serviços passaram a ter um peso maior na determinação do PIB, como diz o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira. Durante muito tempo, a produção industrial mostrou uma forte correlação com o PIB, ainda que tenha uma participação bem menos expressiva na economia. Nos últimos trimestres, porém, a atividade tornou-se menos dependente do setor industrial, observa ele. O resultado do segundo trimestre do PIB deixa isso claro - a economia cresceu 0,8% em relação ao primeiro, com uma alta de 0,8% de serviços, um avanço de 0,2% na indústria e um recuo de 0,1% na agropecuária.

O economista Silvio Sales, consultor da Fundação Getulio Vargas (FGV), nota que o setor de serviços também passa por um momento de desaceleração, como toda a economia, resultado do aumento dos juros, das medidas de restrição ao crédito e do maior esforço fiscal. A questão é que a perda de ritmo no segmento é bem mais suave do que na indústria, dada a força do mercado de trabalho. "A expansão dos serviços acima da média deve persistir nos próximos trimestres."

O presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nese, destaca a força do mercado interno, ressaltando a importância do setor na geração de empregos. De janeiro a julho, foram criados 577,6 mil postos de trabalho formais em serviços, o dobro das 288 mil vagas da indústria.

Há 11 horas
Estudo liga demografia à perda de eficiência
Por Assis Moreira

A transformação demográfica no Brasil já está afetando a competitividade internacional da economia e seus efeitos se tornarão mais intensos nos próximos anos, sobretudo no setor industrial. A conclusão é de um estudo do economista Jorge Arbache, assessor da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e professor da Universidade de Brasília (UnB).

O canal de transmissão é a desaceleração da taxa de crescimento da população em idade ativa, que torna a oferta de trabalho mais inelástica. Os salários reais estão ficando mais sensíveis aos movimentos de aumento da demanda por trabalho, elevando os custos de produção.

O estudo mostra que os setores produtores de bens comercializáveis são mais sensíveis à mudança demográfica, as indústrias intensivas em trabalho são particularmente afetadas, e o setor produtor de commodities é indiretamente beneficiado. Ele argumenta que o aumento da produtividade do trabalho é condição fundamental para se mitigar os efeitos da transformação demográfica na competitividade da indústria. Por isso, a produtividade deveria ser um dos objetivos centrais das políticas que visam aumentar a competitividade e proteger empregos.

No caso do Brasil, a taxa de fecundidade passou de 2,8 filhos para 1,9 por mulheres entre 1990 e 2010, bem abaixo da taxa de reposição populacional de 2,1. As projeções apontam que a taxa de fecundidade do Brasil estará entre as menores do mundo antes do fim desta década.

"O Brasil situa-se no incômodo grupo de países com taxa de fecundidade baixa e renda relativamente baixa", escreve Arbache. "Com a tendência de declínio da taxa de fecundidade e o rápido envelhecimento da população, o Brasil passará no futuro próximo pelo seu maior desafio para alcançar a prosperidade econômica e o progresso social, que será encontrar meios de fazer a renda per capita crescer ao mesmo tempo em que aumentarão a razão de dependência e os custos previdenciários."

Ele ilustra a que ponto o custo do trabalho no Brasil é alto para padrões internacionais. Em 2008, o custo da hora trabalhada no Brasil era bem mais alto que na Polônia e Taiwan. E em apenas seis anos aumentou 174% em dólar. Ele é muito maior que na China e como também o hiato aumentou no período, isso ajuda a explicar porque os chineses continuam inundando o Brasil com suas mercadorias.

Mais importante que o gasto com pessoal para explicar a competitividade é a baixa produtividade do trabalho, que tem crescido modestamente em relação aos emergentes. Entre 2000 e 2009, a taxa cresceu 0,4% em média por ano no Brasil, comparado a 5,2% na China e 2,8% na Índia

Arbache nota que a elevação do custo do trabalho deveria estar incentivando a substituição de trabalho por capital. Mas o custo do capital também é elevado em relação a competidores e parceiros comerciais, como a China, criando o que o economista chama de "suposta armadilha de investimento". Essa armadilha, diz ele, tem sido desmontada por mais realocação de recursos para os setores produtores de commodities e semimanufaturados intensivos em recursos naturais, onde as despesas com pessoal são baixas e os preços internacionais mais favoráveis. Assim, os investimentos na manufatura vão depender cada vez mais de ajuda governamental.

Arbache acha que para mitigar os efeitos demográficos e viabilizar emprego e investimento na indústria manufatureira será preciso aumentar fortemente a produtividade mesmo nas micros e pequenas empresas e no setor informal.